segunda-feira, 4 de março de 2013

Provale planeja fábrica de cimento branco


Por Chico Santos | Do Rio
Interrompida desde 2009 pelos fabricantes tradicionais - Votorantim e Camargo Corrêa -, a produção de cimento branco no Brasil está programada para voltar a acontecer a partir de 2015. A iniciativa é da empresa capixaba Provale, tradicional produtora de carbonato de cálcio, que acaba de receber uma injeção de recursos do fundo americano de "private equity" Resource Capital Funds (RCF). O valor da operação e a fatia do capital da Provale, de controle familiar, que passa a pertencer ao fundo americano não foram revelados, mas o presidente da empresa, Emílio Nemer Neto, disse que a associação permitirá investimento de R$ 40 milhões para a construção de duas novas fábricas.
Além da fábrica de cimento branco, que será construída no município-sede da empresa, Cachoeiro do Itapemirim, no sul do Espírito Santo, a Provale planeja construir no Nordeste, em local ainda indefinido, uma unidade de carbonato de cálcio para atender o mercado do setor de plásticos e borrachas. O carbonato de cálcio é um pó branco encontrado, principalmente, em rochas calcárias com dezenas de aplicações, desde a fabricação de cimento, aço e vidro até a composição de cremes dentais (como abrasivo) e remédios para o combate a deficiência de cálcio. Com uma produção de 500 mil toneladas por ano, a Provale, segundo Nemer, é a maior fabricante do produto no Brasil.
Com a construção das duas fábricas, a empresa projeta atingir uma produção de 800 mil toneladas anuais em até cinco anos. Nemer disse que a fábrica de cimento branco está projetada para uma produção anual de até 150 mil toneladas anuais, a mesma capacidade prevista para a unidade de carbonato do Nordeste. Para esta última fábrica, será necessária a aquisição de uma mina na região.
Em 2008, o último ano em que o Brasil fabricou cimento branco, a produção total foi de 86 mil toneladas, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC). De acordo com o presidente da Provale, atualmente a demanda brasileira pelo produto é suprida por importações, especialmente do México e da Turquia. O cimento branco é utilizado principalmente para acabamento na construção civil.
Nemer disse que a demanda doméstica é compatível com a unidade projetada e que os preços também são atraentes. Segundo ele, a decisão de construir a fábrica ainda precisa ser formalizada pelo conselho de administração da empresa, controlada por sua família, mas que em casos de decisões estratégicas precisa de unanimidade, o que inclui o voto do RCF.
Os projetos da companhia incluem ainda uma unidade de fluídos para perfuração de petróleo que será inaugurada até junho, com investimento de R$ 5 milhões. A fábrica fica em Vitória, capital capixaba, e visa a atender, especialmente, as necessidades da Petrobras.
Hoje, a Provale possui três fábricas. Duas estão em Cachoeiro do Itapemirim, sendo uma delas voltada para o atendimento ao setor siderúrgico. A outra fábrica fica em Campos dos Goytacazes, norte do Estado do Rio de Janeiro, produzindo carbonato ultrafino, destinado aos mercados de plásticos e de creme dental. Nemer disse que há um largo espaço no Brasil para a expansão do mercado de cálcio para uso como complemento alimentar, especialmente para a prevenção da osteoporose (enfraquecimento dos ossos).
A associação com o fundo RCF, de acordo com o presidente da Provale, foi intermediada pelo banco Itaú, contratado pela empresa há dois anos e meio para localizar possível investidores no mercado global. Nemer avalia que a parceria com o RCF vai alavancar a expansão da empresa, fundada em 1971, permitindo que ela possa manter a meta de aumentar as vendas a uma média de 25% a 30% ao ano, triplicando em cinco anos o faturamento que foi de R$ 100 milhões no ano passado e está projetado para alcançar R$ 130 milhões este ano.
Segundo dados da Provale, o RCF é especializado em investir no setor de mineração, participando de 112 projetos em 39 países. A associação com o fundo, além de capital imediato, seria uma forma de obter experiência técnica no setor e também na gestão empresarial. Segundo Nemer, o planejamento da Provale para além dos próximos cinco anos prevê a abertura do capital ou até, no limite, a alienação do controle para um parceiro internacional que viabilize a continuidade do processo de expansão.


© 2000 – 2012. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido por broadcast sem autorização do Valor Econômico.

Leia mais em:
http://www.valor.com.br/empresas/3029596/provale-planeja-fabrica-de-cimento-branco#ixzz2MahYrLMi

Nenhum comentário:

Postar um comentário