segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

MENSAGEM DO MAR


O mar ia e voltava na noite de 31 de dezembro de 2012.
Assim também procedia no dia 1 de janeiro de 2013.
As pessoas insistiam em lançar flores e oferendas.
A destinatária era Iemanja.
Mas o mar insistia em devolver,
como que dizendo:
façam as suas oferendas em silencio
e não façam transportador de mercadorias,
posso levar o teu pensamento.
Mas as águas do mar vem e voltam,
como fazem desde sempre.
Nós, os ditos humanos,
não paramos para escutar
e ouvir a mensagem que vem do mar.
Nós insistimos de poluir o mar,
pensando que ele vai entregar a nossa mercadoria,
quando apenas a mensagem pode chegar.
O mar quer chegar e voltar,
mas como chegou...

Que neste 2013 eu seja...

... mais paciente,
mais próximo das pessoas que me amam,
mais próximos das pessoas que eu amo,
mais conciliador,
mais amigo,
mais tolerante,
menos radical,
mais solicito,
mais amoroso 

muito menos tudo que as pessoas achem que
eu deveria ter sido.
É assim a nossa caminhada.
Que perdoe mais,
mas que não esqueça nunca
das dores,
dos sofrimentos,
da gratidão.
Que procure mais
os amigos e amigas,
que ofereça o meu ombro para os que o pedem.
Que eu seja desprovido do orgulho,
da vaidade,
da posse doentia,
para que possa sempre
ao levantar os olhos encontram
os velhos e novos amigos e amigas.
Que aceite as diferenças
e as opiniões divergentes.
Que eu seja um comum
que percorre
as estradas
e os caminhos da vida,
de forma simples e normal.
Que o 2013 seja repetidos pelos
muitos 2000 e qualquer coisas
que virão pela frente.
Assino este texto na primeira hora do
dia primeiro de janeiro de 2.013, aos 10
minutos.
ronald mansur

SALARIO MÍNIMO 2013

678 reais será o valor do salário mínimo no Brasil em 2013.
2012 era de 622.
Se fosse corrigido apenas pela inflação do ano, ficaria na
faixa de 662 reais.
Vai ter um ganho real de 16 reais.
Mais um passo para dar as pessoas que estão no chão da
nossa economia um alento para sobreviver.
Este esquema de aumento real do salário mínimo vem desde
a chegada de Lula a Presidencia, 2003.
Se esta política não fosse adotada hoje o Salário Mínimo
estaria em pouco além de 300 reais.
A realidade mudou porque um grupo de pessoas do Governo
Lula entendeu que assim seria mais justo.
Dignidade para nossos irmãos, no país tido como o de maior
desigualdade do Planeta,\.
Os primeiros passos foram dados, mas a caminhada é longa.
Mas tem gente da elite burra que joga pedra e desdenha
a política economica que vem sendo implementada.

Se fosse somente o Salário Mínimo que teve valorização,
já seria muito bom.
Mas os programas sociais que estão sendo implantados,
mas quase que passando despercebido pela grande imprensa,
que estão mudando o Brasil.

Temos de continuar na caminhada, Dilma reeleita.

Editorial da Folha de São Paulo de 29-12-2012



...A indexação continua como grande problema. À correção anual do salário mínimo, sempre com ganhos reais relevantes, soma-se a leniência com gastos públicos na Fazenda, que ainda trabalha para desvalorizar o real sem atentar para o impacto nos preços.

A credibilidade do BC foi conquistada a duras penas. Não é seu papel coadjuvar o otimismo pueril do governo, mas deixar claro para todos que não tolerará aventuras inflacionárias -em 2013 ou depois. 

...
IRRITA A ELITE ''BURRA'' O AUMENTO REAL DO SALÁRIO MÍNIMO ACIMA DA INFLAÇÃO.
NÃO PERDE TEMPO E TENTA DESMERECER A PRESIDENTA DILMA.
A HISTÓRIA SEGUE E A ELITE ''BURRA'' VAI FICANDO.
OLHO VIVO.

PAULO BRÁS CLEMENCIO SCHETINNO. ONDE ANDA VOCÊ?

Gostaria de pedir aos meus amigos e amigas, principalmente os de Castelo, se possuem notícias sobre PAULO BRAS CLEMENCIA SCHETINNO, que na década de 60 foi professor de Física no Colegio João Bley. Uma grande figura que me mostrou primeiro a figura de PAULO FREIRE.
Lembro que na virada de ano, na casa de Paulo, chegando meia noite, ele pediu licença para dar uma cagada para o ano que estava por terminar. 
Por onde andas 
PAULO BRÁS CLEMENCIO SCHETINNO.

Não a este tempo da ditadura civil militar

Na minha casa sempre chegou jornal. Lembro que quando morávamos em Castelo, entre os anos de 1963 e 1968, primeiro foi O JORNAL e depois o CORREIO DA MANHÃ. 
Em 1967 quando fui me apresentar na Junta do Alistamento Militar, um Tenente do Exército me perguntou se eu lia algum jornal. Já sabendo do objetivo da pergunta, disse que sim e que era O GLOBO.

Gostaria de ver um 2013

Gostaria muito de ver os novos dirigentes municipais verdadeiramente preocupados com a administração das nossas cidades e vilas.
Gostaria imensamente de nunca mais ouvir sobre desvios do nosso dinheiro.
Gostaria de ver as concorrências limpas e sem os corruptos e o corruptores agindo e sugando o patrimonio que é de todos nós.
Gostaria de ver as prestações de conta mais claras.
Gostaria que 2013 tivéssemos mais cuidado com o meio ambiente, com os marginalizados pela sociedade e seria ótimo se as nossas ruas não tivessem mais pedintes e moradores.

domingo, 30 de dezembro de 2012

A MESA




Para mim a mesa de uma casa tem o seu correspondente nos nossos ancestrais quando se reuniam em torno de uma fogueira para se aquecerem e talvez conversar sobre o que foi o dia que se finda e o que poderá o dia que se aproxima.
Na minha casa ela tem este sentido, de juntar a família e também os amigos, para nos alimentarmos e também para conversas informais e papos mais sérios.
Um acerto de contas, pontos de vista e um renovar de idéias e rumos.
Sempre que possível as nossas refeições são feitas com o maior número de pessoas, assim temos uma quase assembléia.
Mas quando os filhos e a filha eram pequenos, tudo era mais fácil, sempre tínhamos presença de 100 por cento da tribo.
O tempo corre e um sai de casa porque casou e outro por opção de vida vai morar a centenas de quilômetros.
A platéia fica menor, mas o ritual da velha fogueira permanece.
Depois começa a vir um neto e mais adiante uma neta, o que anima e traz novas alegrias.
Parece que os velhos tempos voltaram, mas de uma forma diferente - o compromisso de ser duro nos momentos mais complicados, parece distante.
Mas a fogueira continuar a nos aquecer e nos mostrar os caminhos com as suas chamas, ora baixa, ora alta.
Neste momento são 3 horas e 08 minutos da segunda feira de 31 de dezembro de 2012.
A vida segue.
A mesa está vazia, porque os seus frequentadores habituais já estão dormindo e eu aqui registrando estas palavras na espera do sono.
Vou ficando por aqui, lembrando que todas mesas podem servir como substitutas para a velha fogueira lá do passado remoto, mas que a mesa da cozinha tem mais alma do que qualquer outra mesa.

Virada de ano deve ser de tempo firme no Estado



28/12/2012 - 16h25min

Assessoria de Comunicação / PMV

O céu claro e com poucas nuvens deve deixar ainda mais bonita a queima de fogos que anuncia a chegada do ano novo. A equipe de meteorologia do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) prevê um reveillon de tempo aberto e abafado.

No fim de semana, a praia está garantida. O sábado (29) deve ser de muito sol, calor e pouca formação de nuvens nas regiões Sul, Serrana, na Grande Vitória e no sul da região Noroeste. Nas demais áreas, aumento de nuvens e pancadas isoladas de chuva, que devem cair a partir da tarde. Só na Região Nordeste e no leste da Região Norte é que pode chover já pela manhã. O tempo segue abafado e venta com moderada a forte intensidade no litoral Sul e Grande Vitória, especialmente a partir da tarde. As temperaturas variam entre 15°C e 30°C na região Serrana e vão de 20°C a 38°C nas demais regiões.

No domingo (30), o tempo abre em todo o Espírito Santo. Poucas nuvens conseguem se formar e não chove na maior parte do estado. Só na Região Nordeste e no leste da Região Norte que pode chover um pouco na madrugada e manhã, mas de forma muito isolada. À tarde, sol forte. Continua fazendo calor. Venta com moderada intensidade no litoral sul e litoral da Grande Vitória. Quase nenhuma nebulosidade consegue se formar sobre as Regiões Sul, Serrana e Grande Vitória. As temperaturas variam entre 15 °C e 29 °C na região Serrana e entre 20°C e 37°C nas demais regiões.

Na segunda-feira (31) tempo firme, com pouca formação de nuvens no estado. Não chove. No litoral sul, vento moderado à tarde. No primeiro dia de 2013, o sol continua brilhando forte em todo o estado, mas pode chover nos municípios localizados a norte do rio Doce. Venta com moderada intensidade no litoral da Grande Vitória e da região Sul. As temperaturas devem variar entre 15°C e 30°C na região Serrana e entre 19°C e 37°C nas demais regiões.
Para obter mais detalhes sobre a previsão do tempo, acesse: http://hidrometeorologia.incaper.es.gov.br


Informações à imprensa:
Assessoria de Comunicação – Incaper
Eduardo Brinco/Juliana Esteves/Luciana Silvestre
Texto: Juliana Esteves
comunicacao@incaper.es.gov.br
Tel.: 3636-9865/3636-9868/9850-2210/9964-0389
Twitter: @incaper
Facebook: Incaper

Consumismo, desperdício, concentração de renda



O lixo revela o padrão predatório de nossa sociedade e a doença do planeta Terra, que hoje “clama” aos humanos que o estão asfixiando. Tudo isso gera a magnitude do desequilíbrio ambiental, lamenta Antônio Cechin

Thamiris Magalhães e Patricia Fachin

O que mudou em relação ao trabalho dos catadores de lixo de Porto Alegre a partir da implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, segundo Antônio Cechin, em entrevista concedia por e-mail à IHU On-Line, foi que os catadores foram os primeiros atores a reconhecer um valor econômico e ambiental aos resíduos e em fazê-los voltar ao processo produtivo. “Para muitos, é a única possibilidade de renda e sobrevivência. Através da organização de associações e cooperativas, estão avançando na luta por políticas públicas que reconheçam e valorizem a atividade como profissão. Estão avançando em processos e ampliando sua inserção na cadeia produtiva para gerar renda digna”, diz. Para ele, os principais desafios da gestão integrada dos resíduos sólidos recicláveis são: a separação dos resíduos onde são gerados; a coleta seletiva feira por cooperativas ou associações; e a destinação adequada de cada tipo de resíduo.
Antônio Cechin é irmão marista, graduado em Letras Clássicas (grego, latim e português) e em Ciências Jurídicas e Sociais. Atualmente, é agente de Pastoral em diversas periferias da região metropolitana de Porto Alegre, assessor de Comunidades Eclesiais de Base do Rio Grande do Sul, dos catadores e recicladores. Desempenha ainda a função de coordenador do Comitê Sepé Tiaraju e da Pastoral da Ecologia do Regional Sul-3 da CNBB. Escreveu Empoderamento Popular. Uma pedagogia de libertação (Porto Alegre: Estef, 2010). Publica, periodicamente, os seus artigos nasNotícias do Dia do sítio do IHU. 
Confira a entrevista. 
IHU On-Line – De modo geral, como a questão do lixo é tratada no Rio Grande do Sul?
Antônio Cechin – Como o problema do lixo é um assunto recorrente no Rio Grande do Sul, que retorna sempre de novo, particularmente através da mídia, também porque ao falar dele sempre se fala no Povo da Rua, é um dos principais protagonistas em matéria de despoluição, tomo a liberdade de começar de quando tudo se iniciou no nosso Estado, que foi pioneiro na coleta de resíduos sólidos.
O primeiro alerta em relação ao problema do lixo e do fenômeno da poluição na natureza, no Rio Grande do Sul, foi dado pelo nosso grande ecologista José Lutzemberger . Não contente com as fortes denúncias que fazia, nosso popular Lutz começou imediatamente a tomar iniciativas no sentido de introduzir práticas tendentes a minimizar os males que verberava com seus discursos contundentes.
Em algum edifício de apartamentos, Lutz iniciou a educação dos inquilinos no sentido de separar o lixo seco do lixo orgânico, apartamento por apartamento. O seco era encaminhado a alguma família pobre a fim de realizar a triagem e possível venda dos materiais, e o lixo orgânico, em saco separado, continuava à disposição do DMLU para a coleta destinada a descarte no grande lixão a céu aberto de Porto Alegre.
Os três R
A Igreja das Comunidades Eclesiais de Base ou da Teologia da Libertação, no início da década de 1980, dentro da radicalização de sua opção pelos pobres, na Ilha Grande dos Marinheiros, junto ao Delta do Jacuí, em Porto Alegre, criou o primeiro coletivo de trabalho com catadores dentro da filosofia dos três R, estabelecida pelo nosso mestre em ecologia Lutzemberger: reduzir, reutilizar, reciclar. Reduzir a quantidade de lixo, reutilizar tudo quanto for possível para confecção de artesanato e outras utilidades e reciclar tudo quanto fosse vendável como matéria-prima de novos objetos para o consumo. Lutz havia trabalhado indivíduos para a “separação caseira”. A Igreja da Libertação enfocou o problema de maneira comunitária como convém ao Projeto que Jesus trouxe de junto do Pai: o Projeto do Reino de Deus que é comunitário por excelência.
A unidade primeira de Catadores da Ilha Grande espalhou-se depois em mais de 100 outras unidades por todo o estado do Rio Grande do Sul, quase todas originadas de Comunidades Eclesiais de Base. Foi criada então uma federação que englobasse todos os coletivos estaduais com o objetivo de se tornar um movimento popular.
No início do terceiro milênio – ano 2000 – a Federação das Associações de Recicladores do Rio Grande do Sul – FARRGS seguiu para Brasília onde, por obra e graça das Comunidades Eclesiais de Base, mais alguns outros coletivos de diferentes estados do Brasil, foi criado o Movimento Nacional de Catadores – MNC.
Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural
Com um grupo de amigos, Lutzemberger fundou a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural – Agapan, na intenção de se tornar um movimento social e popular com finalidades preservacionistas e de caráter ecológico.
Hoje, 50 anos passados desde os inícios da Agapan, a associação mais autorizada a falar em nome de todos os rio-grandenses, existe uma grande preocupação por parte da população e dos administradores públicos em geral, referente à coleta dos resíduos. Todos até, com suma rapidez, querem se livrar dos seus resíduos. O que prevalece mesmo é a preocupação estética em relação ao lixo, isto é, de querer se livrar dos rejeitos o mais depressa possível e para lugares os mais longínquos possíveis. No estado, ainda temos cerca de duas dezenas de grandes lixões a céu aberto. Diversas cidades já fazem coleta seletiva, a grande maioria das pessoas ignora para onde tais descartes são levados e como são tratados. Ainda existem muitos depósitos clandestinos.
Diversas cidades já fazem coleta seletiva e a grande maioria dos centros de triagem são operados pelas próprias cooperativas ou associações de recicladores, com a desonrosa exceção da capital Porto Alegre, que, de oito anos para cá, deixou de fazer jus ao seu pioneirismo nesta matéria.
IHU On-Line – Há uma preocupação ambiental e sanitária?
Antônio Cechin – A preocupação é mais de caráter sanitário do que ambiental. Os recursos são investidos principalmente em limpeza urbana, coleta e aterro. Há pouquíssimos investimentos em programas de educação ambiental para não geração ou redução na quantidade, na reutilização e na reciclagem dos materiais descartados. Minha impressão é que, pelo fato de como Estado termos perdido nosso pioneirismo, como somos parlapatões sempre que se trata de contar vantagens, por aqui perdemos a vontade de pesquisar sobre o assunto e, naturalmente, também de divulgar dados que nos comprometeriam.
Toda vez que se quer números, estatísticas, comparações, etc., sempre é em termos de Brasil. Assim, em questão de reciclagem nosso país, com um potencial de 8 bilhões por ano, processa, no máximo, 3 bilhões, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea. Se os objetivos do Plano Nacional de Resíduos Sólidos forem atingidos, muda tudo: a qualidade do líquido que as empresas captam para tratar a água que nós bebemos e a qualidade do ar nas cidades que têm lixão – afirma o gerente do Departamento Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Ronaldo Hipólito.
IHU On-Line – Quais são hoje as principais políticas públicas adotadas no Rio Grande do Sul para tratar a questão do lixo? Nesse sentido, que desafios aponta para que o tratamento do lixo seja mais eficiente?
Antônio Cechin – As principais políticas públicas são:
* A coleta e a disposição final dos resíduos nos aterros.
* A coleta seletiva. Em alguns municípios, as cooperativas ou associações de catadores são contratadas para fazer a coleta seletiva de acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos do proposto pelo então governo Lula.
* Os centros de triagem gerando trabalho e renda.
* Na vontade do operário metalúrgico e ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que urgiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos 20 anos, engavetada no parlamento nacional, os coletivos de catadores do Brasil devem, aos poucos, se apropriar de todas as etapas da cadeia de beneficiamento dos resíduos: coleta seletiva, triagem, prensagem, venda in natura ou em fardos, artesanato, industrialização para a fabricação de novos objetos, etc.
Os desafios que aí estão:
* Reforço na educação ambiental.
* Ampliar estruturas de coleta seletiva envolvendo os catadores com remuneração através de contratos. O normal nos coletivos de catadores é selecionar ou triar somente aquilo que se consegue vender. Ora, amanhã ou depois surgirão certamente novas fábricas absorvendo matérias primas que hoje ainda não são selecionadas, como, aliás, prevê a lei nacional com as chamadas políticas reversas. Então, nos perguntamos: Não seria o caso de os coletivos de reciclagem triarem absolutamente todos os resíduos sólidos e as prefeituras pagarem aos catadores os fardos de materiais selecionados e enfardados que possam ser estocados nos galpões e que hoje não têm venda? Não seria justo os catadores gastarem tempo e energia separando materiais pelos quais não tivessem as energias despendidas num trabalho pelo qual não fossem remunerados.
* Melhorias nas estruturas de trabalho e nas instalações sanitárias dos recicladores.
* Implantação de sistemas de beneficiamento de plásticos e outros materiais para qualificação e agregação de valor.
* Criação de sistemas de compostagem para os resíduos orgânicos – evitaria gastos com transporte e aterramento. 
IHU On-Line – Quantos municípios do Rio Grande do Sul ainda não possuem coleta seletiva? Quais são as dificuldades para aderir à coleta?
Antônio Cechin – É difícil ter um dado atualizado de quantos municípios realizam coleta seletiva. O que deve interessar mesmo é o quanto é coletado nos municípios que dizem ter coleta seletiva. Em muitos casos, a eficiência é baixa. O que vem afirmado nos debates em torno da questão é que apenas 10% dos resíduos são destinados para a reciclagem.
A principal dificuldade é que os administradores ou gestores avaliam mais os custos econômicos sempre. Não levam em conta a questão ambiental e social. Quando um município implanta coleta seletiva, gera uma mobilização da população, que traz muitos ganhos de cidadania e outros cuidados ambientais, inclusive com a situação dos catadores.
Coleta seletiva em igrejas e associações
Em Porto Alegre, foram a sociedade civil e a Igreja que começaram com coleta seletiva em igrejas e associações. Os consumidores como produtores de resíduos sólidos e agora separadores nas moradias de lixo seco entregavam alegremente seus resíduos sólidos diretamente aos coletores-catadores das unidades de triagem, até pela satisfação de estarem
ajudando pessoas pobres em suas lutas por sobrevivência. Atitude completamente diferente dos produtores de resíduos, constatamos depois quando a prefeitura decidiu fazer a coleta oficial em toda a cidade. Já não entregavam com tanta satisfação como antes, quando era diretamente para a gente pobre. Até houve diminuição de entregas sob o argumento de que agora era a prefeitura e seus funcionários que os recebiam. Este fato nos tornou convictos de que a lei do Lula está correta dentro da vontade de tudo fazer através dos próprios catadores, desde a coleta até a venda final dos materiais in natura ou beneficiados.
IHU On-Line – Quais são hoje os principais programas, projetos e ações desenvolvidos em Porto Alegre para alcançar as metas previstas no Plano Nacional de Resíduos Sólidos?
Antônio Cechin – A coleta seletiva foi o primeiro programa desenvolvido em Porto Alegre pela prefeitura, logo que o Partido dos Trabalhadores (PT) venceu as eleições na capital através do candidato Olívio Dutra, que, também em seu governo, passou a apoiar a criação de outras unidades de catadores, construindo vários galpões de trabalho, baseado na experiência-piloto realizada pelas Comunidades Eclesiais de Base. A sociedade civil junto com a Igreja Católica criou uma política pública para beneficiar catadores. O PT foi o primeiro partido no Estado a dar apoio a esta iniciativa dando o segundo passo, transformando-a em política de governo. Outros governos de outros partidos pós-PT não cresceram para o terceiro passo no sentido de transformar a política pública em política de governo com leis próprias, com direito a ter orçamento especial etc. Foi realmente por causa do governo federal, através do então presidente Lula, que hoje os catadores têm as melhores leis do mundo em favor da sua categoria de trabalhadores-catadores.
IHU On-Line – A partir do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, já é possível apontar melhorias em relação ao destino dado aos resíduos sólidos no país?
Antônio Cechin – O debate em torno deste assunto está em cada canto deste país. A política nacional estabeleceu prazos e está havendo uma forte mobilização dos gestores e da sociedade para encontrar soluções adequadas. Há debate em torno das tecnologias que estão sendo apresentadas e sobre a inclusão dos catadores presentes em praticamente todas as cidades porque, de uma situação de maioria da população em estado de pobreza, hoje, pós-governo Lula, embora tenhamos tido o melhor presidente em 500 anos de Brasil, nosso povo está somente um pouco menos pobre do que era antes, porém continuamos ainda a ser um país pobre.
IHU On-Line – O que mudou em relação ao trabalho dos catadores de lixo de Porto Alegre a partir da implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos? Que relação os catadores estabelecem com o lixo?
Antônio Cechin – Os catadores foram os primeiros atores a reconhecer um valor econômico e ambiental aos resíduos e em fazê-los voltar ao processo produtivo. Para muitos, é a única possibilidade de renda e sobrevivência. Através da organização de associações e cooperativas, estão avançando na luta por políticas públicas que reconheçam e valorizem a atividade como profissão. Estão avançando em processos e ampliando sua inserção na cadeia produtiva para gerar renda digna.
IHU On-Line – De que forma as cooperativas que devem gerir os resíduos sólidos estão atuando?
Antônio Cechin – As cooperativas e associações, em sua maioria, realizam a triagem em galpões ou usinas cedidas pelas prefeituras. De modo geral, as condições de trabalho e espaços de convivência apresentam deficiências e geram baixa produtividade. A gestão de um empreendimento coletivo é um enorme desafio numa sociedade onde os valores capitalistas prevalecem. Os integrantes destas organizações carecem muito de escolaridade e conhecimentos necessários para a gestão do coletivo. A renda em geral ainda fica abaixo de um salário mínimo e provoca muita rotatividade. São necessárias outras políticas públicas de apoio para resolver questões como habitação, educação, saúde, creches, que beneficiem as mulheres, que são a grande maioria nesta atividade.
Existem situações em que as associações ou cooperativas têm o ônus da coleta de materiais com equipamentos precários (tração humana) e sem nenhum apoio do município. Mas já existem diversos casos em que as cooperativas passaram a ser contratadas para fazer a coleta seletiva e que têm atingido índices muito bons. Algumas cooperativas também contam com estrutura e conhecimentos para realizarem beneficiamento de plásticos, apresentando uma matéria-prima mais qualificada e pronta para ser transformada em novos produtos. Isso tem melhorado a renda destes trabalhadores. As universidades têm um compromisso muito importante de disponibilizar conhecimentos e introdução de tecnologias simples que possam tornar o trabalho mais fácil e contribuir para melhoria da renda.
IHU On-Line – Que porcentagem do lixo da capital tem sido reciclado? Seria possível ampliar a reciclagem?
Antônio Cechin – Se somarmos aquilo que os carrinheiros, que coletam individualmente com a coleta seletiva por parte da prefeitura, dizem, atingiremos um máximo de 10% de todos os resíduos sólidos recicláveis na capital, pela quantidade de carrinheiros que circulam pela cidade e pelos apelos que recebemos por parte de párocos com trabalhos sociais, especialmente sopões ou refeições comunitárias para os pobres do entorno das igrejas. Em diversas dessas paróquias que frequentamos, pelo menos um terço das pessoas que acorrem para se alimentar é de carrinheiros. Poderíamos, em pouco tempo, dobrar o número de galpões de triagem que atualmente somam 18 unidades em Porto Alegre. Com a maior facilidade, poderíamos ir a 36 ou 40 unidades no total. E muito rapidamente, se ocupássemos elefantes brancos para nossa façanha.
Aliás, essas ocupações foram sumamente aprovadas por Santo Tomás de Aquino, o filósofo e teólogo maior de toda a história da Igreja e que viveu em plena Idade Média. Diz ele: quando uma pessoa ou um grupo de pessoas são tão pobres e carentes a ponto de não poderem satisfazer suas necessidades básicas, nesse momento “tudo, absolutamente tudo” no mundo, passa a ser comum, isto é, de todos. Esses famintos, doentes, sem casa etc. têm todo o direito de ir ali onde tem comida nos armazéns ou nas geladeiras dentro das moradias, pegar comida e se alimentar a fim de não morrer de fome. Podem, para descansar e dormir, procurar e ocupar um local qualquer, um abrigo, uma cama para acabar com o sono, e assim por diante.
Resíduos sólidos limpos
Em meu sentir junto do povo, se as responsabilidades pelos resíduos sólidos fossem universais, isto é, de todos os que deveriam se envolver com eles, desde os produtores de lixo ou consumidores, as fábricas de objetos para o consumo, os lojistas, etc. poderíamos ter resíduos sólidos inteiramente limpos. Se isso acontecesse, em Porto Alegre poderíamos ter uma unidade, em cada bairro ou vila, de lixo inteiramente limpo, sem absolutamente cheiro algum, fazendo com que o catador separasse com maior rapidez, obtendo ganhos dobrados, sentindo-se emocionalmente cidadão em plenitude, trabalhando em pé de igualdade com todos os trabalhadores do país, com dignidade e autoestima completas. Pelo menos duas dessas unidades poderiam funcionar junto à Rua da Praia, que é o centro comercial da cidade.
IHU On-Line – Quais são os desafios da gestão integrada dos resíduos sólidos recicláveis?
Antônio Cechin – Os principais desafios são: a separação dos resíduos onde são gerados; a coleta seletiva feira por cooperativas ou associações; e a destinação adequada de cada tipo de resíduo.
IHU On-Line – O quê, lixo e a destinação dada a ele, revelam sobre a organização e a estrutura da nossa sociedade?
Antônio Cechin – Revela o consumismo, a concentração de renda, o desperdício de recursos, a doença do planeta Terra hoje clamando aos humanos que o estão asfixiando. Tudo isso gera a magnitude do desequilíbrio ambiental. 
IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?
Antônio Cechin – Depois de muita luta, o país conquistou uma legislação muito importante sobre resíduos, principalmente a inclusão dos catadores, mais de um milhão em todo o país e pouquíssimos organizados. Agora se impõe um esforço de todos para implementar ações concretas e que exigem mudanças de comportamento. Necessitamos de uma fiscalização eficiente a fim de que as metas a serem alcançadas não caiam no esquecimento.

Assunto Visualizações Data - Hora Nº do texto Postagem
Sociedade 39 30/12/2012 - 22h 14478 Ricardo Alvarez


Dossiê


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PRAIA DA COSTA PARTE 3 - O RETORNO PELA AREIA EM 30-12-2012

para abrir, lixo organizado. Melhor do que a bagunça
 que vamos
continuar a ver
e rever.
 Uma ecologista ajuda o meio ambiente,
 surge um segundo.
Mas o lixo
 ator principal
 de nossas praias
não dá trégua..
 volta a atuar
perto do muro.
 na areia
ele domina.
Aqui um ecologista ou uma ecologista, recolhe a sua matéria prima que
vai trocar por uns trocados.
mas volta
 o lixo
que revolta
 que envergonha.
O ecologista volta a ajudar o meio ambiente.
 Mas a nossa vergonha
 e nossa crueldade
com a praia
 com o meio ambiente,
 tem de suportar a insanidade
dos que poluem
um ambiente que
 deveria ser preservado.
 mais lixo.
Ao fundo a Praia da Costa
 que sofre
 agressão.
Areia quase limpa. Quase
há poucos passos
lixo e ao fundo
 um cenário deslumbrante.
 mais lixo
 mais
um pouco

 mais ainda

 muito,
 mas muito mais
lixo
 lixo
 lixo
 mais lixo

 aqui a festa foi boa, mas depois...

 turismo? como?
 vergonha
 lixo
 lixo
Você que veio até aqui,
um pequeno refresco
 de uma paisagem
 limpa
como deveria ser toda Praia da Costa, mas lamento dizer que ainda falta
alguns metros para terminar minha caminhada pela areia da Praia da Costa.
lixo
 a vegetação cede lugar
 para as garrafas de plástico
 que me pediu para registrar a sua presença.
 lixo

 lixo
 lixo
 lixo
 lixo
 lixo
 lixo
última foto.
Será que vamos continuar agredindo o meio ambiente que frequentamos,
como milhares e milhares de pessoas fazem.
A culpa não está no outro, ela está em todos nós.
Que poluem tem culpa.
Quem não polue, mas não protesta, é culpado.
Fico pensando na multidão que vai estar na
Praia da Costa, amanhã, dia 31 para comemorar
o final de 2012 e dar boas vinda ao 2013.
Como estará a Praia da Costa no dia primeiro de janeiro
de 2013?
Como estará a Praia da Costa nos dias que seguirão?
Quero tanto acreditar que um dia vamos todos
respeitar o ambiente inteiro.
Mas sempre uma dúvida toma conta dos meus pensamentos.
Mas uma certeza tenho cristalizada,
devo continuar a falar,
agir e lutar.
Vamos agir juntos?