segunda-feira, 25 de março de 2013

Estudante que vivia em situação de rua é aprovado no vestibular do Ifes



Yuri Barichivich
Adolescente sem camisa numa praça
Emerson vive nas ruas há 10 anos e, agora, prepara-se para ingressar em um mundo novo e de novos conhecimentos
Todos os dias, eles estão lá. Faça chuva ou sol, calor ou frio, alguns cidadãos têm na rua a sua casa. Um lar sem portas, sem janelas e que, à primeira vista, não tem nada a oferecer. "Mas foi na rua de onde tirei as maiores lições da vida". Quem afirma isso é o estudante Emerson Souza, de 20 anos.
Morador de rua há mais de 10 anos, Emerson tinha tudo para ser mais uma estatística, não fosse sua autoconfiança, sua força de vontade e o apoio de amigos e dos profissionais da Educação de Jovens e Adultos (EJA), modalidade de ensino ofertada pela rede municipal de Vitória do qual Emerson é aluno.
Depois de viver alguns anos como andarilho, sem estudar, ele foi acolhido pelos projetos da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), retornou à escola e hoje já se prepara para um grande passo: ingressar no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes).
Emerson foi aprovado no último vestibular da instituição e será aluno do curso de Técnico em Segurança do Trabalho. "Soube da prova poucos dias antes de acontecer, então tive um dia para fazer a inscrição e só mais um para estudar", conta.
A ideia era estudar ao longo de 2013 e, no fim do ano, prestar o vestibular. Mas o destino lhe guardava uma grata surpresa. "Passei o sábado inteiro debruçado sobre a gramática, estudando tudo de Português, além das outras matérias", conta.
A partir de agora, a vida do jovem que desde os nove anos vive à mercê das oportunidades ganha um novo rumo, fomentado na educação e no aprendizado profissional. Mas, apesar da novidade, a nova etapa não lhe reserva regalias. Afinal, ele terá pela frente quatro anos de muito estudo e dedicação.
"Ainda tenho muito pela frente, e sei que não vai ser fácil para alguém na minha situação se enquadrar e se adaptar. O preconceito e a exclusão são questões muito presentes no nosso cotidiano, na rua, então imagina como vai ser agora. Mas vou em frente", afirma Emerson.
Matéria relacionada

Nenhum comentário:

Postar um comentário