sexta-feira, 8 de março de 2013

Corpo de Bombeiros Militar: mulheres preparadas para salvar vidas


Elas são treinadas para prevenir desastres e salvar vidas. É com este lema que as mulheres que atuam no Corpo de Bombeiros Militar(CBOM) do Espírito Santo desempenham suas funções em ocorrências de resgate, combate à incêndio e salvamento no mar e em terra. O compromisso e dedicação com o trabalho dessas profissionais dão motivo de sobra para que elas comemorem o DiaInternacional da Mulher nesta sexta-feira, 08 de março.

Atualmente, com 132 mulheres na Corporação, o CBOM tem ampliado o quadro feminino gradativamente, desde a primeira turma demulheres que ingressou  na instituição no ano de 1994 e a sargento Nolimar Batista Silva fez parte desse grupo. Na época, o Corpo deBombeiros era integrado à Polícia Militar, mas era possível selecionar quem faria o curso de formação para cada instituição. Após aconclusão do curso, Nolimar passou a atuar nas ruas, com o atendimento de ocorrências de busca e salvamento, onde permaneceu pordez anos. Em 2003, ela foi a primeira e única mulher selecionada para compor a equipe de mergulho da Corporação, sempre dominadapor homens.

“Para participar do curso foi preciso passar por diversas provas de avaliação como teste de apneia, natação e corrida. É um processo muito puxado, mas consegui superar o desafio. O curso durou dois meses e meio. E lembro muito de uma ocorrência em que não pude salvar a vida de uma criança. Uma menina de 4 anos havia se afogado em um mangue, em Resistência, Vitória. Ela já havia afundado quando fomos acionados e já a retirei da água sem vida”, disse a sargento.

Atualmente, como operadora de rádio no Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes), a sargento encaminha para as unidades operacionais da corporação as ocorrências registradas no 193. “Avaliamos o tipo de ocorrência e acionamos sempre a unidade mais próxima ao local de atendimento”, disse Nolimar.

Respeito

As mulheres têm conseguido ganhar espaço dentro das instituições militares e exercem funções antes só desempenhadas por homens. Esse também é o caso da cabo bombeiro Elizete dos Santos Souza, que ingressou na Corporação há 18 anos na primeira turma de mulheres. Atualmente, ela executa uma função nada comum para as mulheres: é motorista de caminhão de combate a incêndio no município de Aracruz desde janeiro de 2012.

“Para dirigir o caminhão é preciso atenção redobrada. É um serviço de muita responsabilidade, pois estamos com a sirene ligada, precisamos chegar rápido ao local da ocorrência, mas sem esquecer das normas de direção defensiva para não provocar acidentes”, disse a cabo.

Segundo ela, para ser motorista de caminhão de combate a incêndio é necessário participar do Curso de Formação de Cabo e ter Carteira de Habilitação (CNH), categoria “D”. Ela é a única mulher da ativa a desempenhar essa função no Estado e garante que é respeitada pela equipe. Atualmente, 25 militares participam do Curso de Habilitação para Cabo. Entre eles, há duas mulheres.

“Meus colegas respeitam o meu trabalho. Eles sentem confiança em mim e eu me sinto segura com eles. Isso me fortalece. Dirijo dois caminhões, com capacidade para 700 e quatro mil litros de água, respectivamente. Os veículos são equipados com materiais de primeiros socorros, busca e salvamento, escada e sistema de bombeamento. Quando estamos em ocorrência, muitas pessoas se surpreendem em ver uma mulher dirigindo um carro tão robusto”, diz.

Elizete, que é mãe de um casal de filhos, de 9 e 4 anos, diz que a admiração da família também é grande. “Recebo apoio e admiração da família. Meus filhos dizem que já sabem qual profissão vão seguir: querem ser bombeiro assim como eu”, diz a cabo.

Assim como a sargento Nolimar e a cabo Elizete, a capitã Lorena Sarmento Resende também fez parte da primeira turma de mulheres oficiais do quadro combatente do Corpo de Bombeiros. Ela era a única mulher da turma, composta por mais de 20 homens.

Até pouco tempo, a capitã era chefe de operações na 3ª Companhia do 1º Batalhão na Serra, onde comandava uma tropa inteira em diversas ocorrências de combate a incêndio, salvamento em altura, primeiros socorros e resgate, além de ações de corte de árvores.

“Precisamos ter calma para desempenhar nosso trabalho e sempre pensamos no lado humano. Lidamos com vítimas de acidentes de vários tipos e precisamos ter tato para tentar acalmar as pessoas em momentos de sofrimento. Esse papel a mulher também desempenha com muita eficiência”, diz a capitã.

Em sete anos, ela comandou mais de 200 operações no Estado. A mais recente delas foi o combate a incêndio a um supermercado, em Vitória, onde o fogo foi debelado em quatro horas de atuação. Além disso, também esteve em Santa Leopoldina em janeiro de 2012,  para ajudar as vítimas atingidas pelas fortes chuvas. “O rio fechou uma parte da estrada e também houve queda de barreira. As pessoas estavam ilhadas e precisavam de auxílio para abandonar suas casas e serem encaminhadas aos abrigos. Foi uma ação de defesa civil”, relembra.

Sempre dedicada às atividades operacionais, este ano a militar passou a integrar o Centro de Atividades Técnicas (CAT), onde analisa projetos, fiscaliza e orienta instituições para liberação de licenças de prevenção a incêndio. “O propósito é o mesmo. É um trabalho que prima pela prevenção de pequenos e grandes desastres. Nossa atividade é, em sua grande maioria, exercida por homens, mas temos conseguido realizar nosso trabalho com todo profissionalismo que ele requer. Há espaço para todos e temos como competir de forma igualitária”, diz a oficial.

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