EXPECTATIVA DE PRODUÇÃO DE CONILON PARA A PRÓXIMA SAFRA
De: José Sebastião Machado Silveira - Consultor Café Conilon
Os analistas afirmam que a safra de café arábica obedece a uma bianualidade de produção, ou seja, como o ano de 2012 foi em alta, espera-se que o próximo ano seja em baixa. Apesar de não se encontrar nenhuma hipótese que explique integralmente esse fenômeno, essa afirmação tem se confirmado há décadas principalmente no Brasil, dos países produtores de café arábica somente o nosso tem um ciclo de consistência de produção bienal de longo prazo estatisticamente significativo.
Essa informação ganha maior importância quando levamos em consideração que o Brasil tem mais de 30% de participação na produção mundial de café. Assim, a bianualidade passa a refletir na formação dos preços a nível mundial. Vale resaltar que o Brasil produz cafés arábica e robusta (conilon), mas a bianualidade ocorre somente nas lavouras de café arábica.
No café conilon as variações de produção de um ano para outro estão relacionadas com o ciclo da poda de produção das lavouras e com a condição climática regional. Mais de 90% das lavouras de conilon no Espírito Santo encontram-se sob mesmo regime climático. Podemos assim dizer que o efeito do clima é generalizado, afetando todos os cafeicultores igualmente.
A combinação do estágio fenológico do café e a ocorrência de condições climáticas desfavoráveis que alteram o seu desenvolvimento natural, tem sido os fatores que mais tem afetado a produtividade do café conilon. Neste particular, as temperaturas altas por períodos prolongados e chuvas durante a floração, se destacam, afetando tanto lavouras irrigadas com as não irrigadas. É bom lembrar que, quase a totalidade das lavouras cultivadas no Norte do Espírito Santo são irrigadas.
Assim, com um acompanhamento das condições climáticas associando ao estágio fenológico do café é possível prever com bastante antecedência como será a produção do conilon naquela safra.
Seguem-se abaixo algumas informações referentes aos fatores climáticos e fisiológicos do café verificados até o início de novembro que podem comprometer a sua produtividade.
Primeiro: Pouco crescimento de ramos de março a junho de 2012
Figura 01. Balanço Hídrico Mensal dos anos de 2011 e 2012 da Estação Meteriológica da INCAPER.
Segundo: Chuvas de agosto se transformaram em desgosto
Este ano as floradas ocorreram dentro da normalidade, o problema foram chuvas contínuas ocorridas após a primeira florada. O mês de agosto foi o mais chuvoso das últimas três décadas. Muitos celebraram isto como algo bom para o café conilon. Entretanto, as chuvas de agosto se transformaram em desgosto.
A segunda florada ocorreu numa quinzena de muitas chuvas, aquele clima sonhado pelos produtores, chuvas leves e contínuas, com temperaturas amenas. Essa condição climática favoreceu o crescimento antecipado dos frutos(chumbinhos) da primeira florada. Em alguns clones, no final de outubro em torno de 30% dos frutos já haviam atingido o tamanho máximo, situação que somente ocorreria em novembro ou dezembro, 50% encontravam-se em estágio intermediário e outros 20% em estagio de chumbinho. Isto foi observado principalmente nos clones de ciclo precoce e médio, que representam quase a totalidades dos clones cultivados (fotos 01). Em 2011 as condições climáticas foram bastantes diferentes, proporcionando um crescimento uniforme dos frutos ( fotos 02), excelente rendimento de pila e uma produção recorde de grãos.
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Fotos 02. Desenvolvimento dos frutos, florada 2011.
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