A feira orgânica de Vila Velha completou seis anos no dia 19 de março. Certamente que muitos que a frequentam tem plena consciência de que estão comprando frutas, verduras e legumes de alta qualidade. Produtos limpos do ponto de vista de resíduos dos venenos usados nas lavouras. Sabem que vão comer um alimento de verdade, um alimento para a vida. Mas o grupo que sabe como foi a luta dos feirantes até o dia de hoje é pequeno e restrito.
Os agricultores de Santa Maria do Jetibá e Iconha, que estão do outro lado da banca, merecem o reconhecimento pelo trabalho que realizam e pelos produtos que nos fornecem, puros e limpos de agrotóxicos. Sou grato a eles que chegam pela noite de sexta-feira e dormem debaixo das barracas. No sábado, bem cedinho, iniciam a comercialização. Vida de trabalho. Por isso vou agradecer sempre.
Mas nesta data quero fazer uma viagem ao passado, não muito distante, mas o necessário para não esquecermos. Falo do início do processo que resultou no atual estágio da agricultura orgânica no Espírito Santo. Tenho de fazer uma viagem de pouco mais de 130 quilômetros, sentido Sul do Estado, indo até Cachoeiro de Itapemirim. Foi lá que tudo começou no ano de 1985, quando a prefeitura local (administração Roberto Valadão), e pela condução competente do agrônomo Nasser Youssef Nars, montou o que logo ficou conhecido como Hortão Municipal.
Centenas de agricultores foram lá para conhecer o que era produzir em escala comercial e com elevada produtividade verduras, folhas e frutas sem o uso de produtos químicos e venenos pesticidas. Era a agricultura natural - que retirava produção da natureza, mas fazendo a menor agressão possível.
Um grupo especial de produtores frequentou com constância o Hortão e de lá tirou ensinamentos que carregam até hoje. O conhecimento absorvido passou a constituir um bem patrimonial, porque foi passado para os filhos e para as comunidades. Falo das excursões que a Igreja Cristã Evangélica de Confissão Luterana (ICLeB) promoveu para os seus membros. É bom lembrar que nos anos 80 quem falasse em agricultura orgânica era discriminado e tido como um tolo sonhador. Assim procediam muitos agrônomos e dirigentes de empresas ligadas ao governo estadual. O tempo passou e muitos dos algozes do passado hoje pensam e agem de forma diferente. Melhor assim.
Por isso que nas manhãs de sábado, ao percorrer as barracas da Feira Orgânica da Praia da Costa, faço uma viagem sentimental , mas cheia de fatos, histórias e pessoas. Penso nas ações concretas de pessoas no passado. Desta forma, o pensamento segue no sentido de Cachoeiro de Itapemirim, bairro Aeroporto, onde ficava o Hortão, mais tarde Centro de Agricultura Natural Augusto Ruschi. Ao agrônomo Nasser, a nossa gratidão e reconhecimento. Hoje o Hortão não existe mais, fruto da ignorância e da vaidade de pessoas que não sabem reconhecer o trabalho dos outros.
Mas vamos voltar à feira orgânica da Praia da Costa, ponto de compra de produtos de qualidade, também ponto de encontro de amigos e amigas que estão no corre corre da vida durante a semana. No sábado, com um ritmo menos acelerado, colocam as conversas em dia e mais tarde vão almoçar uma comida de verdade. Viva o Hortão de Cachoeiro de Itapemirim!
Ronald Mansur é jornalista - ronaldmansur@gmail.com
Os agricultores de Santa Maria do Jetibá e Iconha, que estão do outro lado da banca, merecem o reconhecimento pelo trabalho que realizam e pelos produtos que nos fornecem, puros e limpos de agrotóxicos. Sou grato a eles que chegam pela noite de sexta-feira e dormem debaixo das barracas. No sábado, bem cedinho, iniciam a comercialização. Vida de trabalho. Por isso vou agradecer sempre.
Mas nesta data quero fazer uma viagem ao passado, não muito distante, mas o necessário para não esquecermos. Falo do início do processo que resultou no atual estágio da agricultura orgânica no Espírito Santo. Tenho de fazer uma viagem de pouco mais de 130 quilômetros, sentido Sul do Estado, indo até Cachoeiro de Itapemirim. Foi lá que tudo começou no ano de 1985, quando a prefeitura local (administração Roberto Valadão), e pela condução competente do agrônomo Nasser Youssef Nars, montou o que logo ficou conhecido como Hortão Municipal.
Centenas de agricultores foram lá para conhecer o que era produzir em escala comercial e com elevada produtividade verduras, folhas e frutas sem o uso de produtos químicos e venenos pesticidas. Era a agricultura natural - que retirava produção da natureza, mas fazendo a menor agressão possível.
Um grupo especial de produtores frequentou com constância o Hortão e de lá tirou ensinamentos que carregam até hoje. O conhecimento absorvido passou a constituir um bem patrimonial, porque foi passado para os filhos e para as comunidades. Falo das excursões que a Igreja Cristã Evangélica de Confissão Luterana (ICLeB) promoveu para os seus membros. É bom lembrar que nos anos 80 quem falasse em agricultura orgânica era discriminado e tido como um tolo sonhador. Assim procediam muitos agrônomos e dirigentes de empresas ligadas ao governo estadual. O tempo passou e muitos dos algozes do passado hoje pensam e agem de forma diferente. Melhor assim.
Por isso que nas manhãs de sábado, ao percorrer as barracas da Feira Orgânica da Praia da Costa, faço uma viagem sentimental , mas cheia de fatos, histórias e pessoas. Penso nas ações concretas de pessoas no passado. Desta forma, o pensamento segue no sentido de Cachoeiro de Itapemirim, bairro Aeroporto, onde ficava o Hortão, mais tarde Centro de Agricultura Natural Augusto Ruschi. Ao agrônomo Nasser, a nossa gratidão e reconhecimento. Hoje o Hortão não existe mais, fruto da ignorância e da vaidade de pessoas que não sabem reconhecer o trabalho dos outros.
Mas vamos voltar à feira orgânica da Praia da Costa, ponto de compra de produtos de qualidade, também ponto de encontro de amigos e amigas que estão no corre corre da vida durante a semana. No sábado, com um ritmo menos acelerado, colocam as conversas em dia e mais tarde vão almoçar uma comida de verdade. Viva o Hortão de Cachoeiro de Itapemirim!
Ronald Mansur é jornalista - ronaldmansur@gmail.com
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