Estudantes de diversos cursos realizaram um protesto ontem 17/03 denunciando o Racismo Institucional e a conivência da Universidade com o caso do professor Manoel Malaguti. Em novembro do ano passado as declarações dadas por um professor da Ufes geraram repercussão nacional pelo teor racista que continham, denunciado por seus alunos. Depois da abertura de um processo administrativo e suspensão temporária, Manoel Luiz Malaguti, vinculado ao departamento de Economia, voltou normalmente a lecionar nas salas de aula da mesma universidade. Denunciando a omissão da administração da Ufes, cerca de 20 estudantes de diversos cursos da universidade realizaram uma ação durante uma aula de Malaguti na noite de ontem. Num ato secreto, o grupo mobilizado pelo Coletivo Negrada entrou silenciosamente numa aula do professor com suas bocas tapadas com os dizeres “Racismo Institucional”. Sentados junto à turma, permaneceram num incômodo e ensurdecedor silêncio que durou alguns minutos. A mensagem, dirigida não só ao professor e sua turma, mas também à comunidade universitária e às estruturas burocráticas da Ufes, era clara: “nós, negros e negras, estamos presentes, estamos unidos e não nos vamos omitir diante do racismo”.
Vários ex-alunos que presenciaram e reagiram às declarações do professor no ano passado estiveram novamente cara a cara com o desconcertado Malaguti. Um a um, os estudantes negros foram erguendo seus punhos, como símbolo da resistência e luta do Movimento Negro. Até que romperam o silêncio conjuntamente com canções e palavras de ordem da resistência do povo negro. Em seguida se levantaram, se juntaram e caminharam lentamente para a saída da sala, seguindo cantando e levando adiante sua mensagem pelos corredores da universidade.
“A UNIVERSIDADE TAMBÉM É UM TERRITÓRIO DO POVO PRETO, POBRE E FAVELADO”
Nós estudantes negros e negras estamos indignados com a volta às salas de aula do professor Malaguti. Será que a dor e o constrangimento sofrido pelos estudantes não foi o bastante? Agora eles tem que conviver com seu agressor, dividindo os corredores da Universidade, como se nada tivesse acontecido? O ato de hoje é para cobrar da Reitoria ações sérias e concretas para este caso em especial, onde uma turma inteira sofreu violência racial, e também para mostrar que não nos calaremos perante o racismo.
Exigimos da Ufes medidas urgentes! Quando a Ufes se omite frente aos casos de Racismo praticados nas suas esferas à torna também cúmplice, co-autora e principal responsável pelos atos praticados, já que esta permite que em suas estruturas sejam reiterados os casos de discriminação racial, preconceitos em razão de raça/etnia ou origem. Isso só reflete tamanha é a necessidade de adoção de políticas de combate ao racismo institucional e estrutural ao qual a Ufes está mergulhada. Estamos acompanhando cada passo deste processo e não aceitaremos que este caso passe despercebido pelo conhecimento da comunidade acadêmica e da sociedade como todo.”
Atenciosamente,
Coletivo Negrada
Organização de Estudantes Negr@s, Indígenas e Cotistas da UFES
E-mail: coletivoNegrada@gmail.com
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