segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Pedagoga dribla doença física com força de vontade e muito bom humor - VITÓRIA


Divulgação Seme
Pedagoga Guida Mesquita
Guida Mesquita posa para foto ao lado de Ana Lúcia Sodré e Tatiana Marques, da Coordenação de Formação e Acompanhamento à Educação Especial (Cefae)
Por causa de seu apenas um metro de altura, poderia ser facilmente confundida com as crianças do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Ocarlina Nunes Andrade, em São Cristóvão. Mas Guida Mesquita tem 45 anos, é pedagoga da unidade de ensino e traz consigo uma doença que médico algum foi capaz de classificar.
Sabe-se apenas que esta pequena grande notável sofre de encurtamento dos membros, deformidade óssea e escoliose dorsal grave, que desde cedo a obrigam a depender de muletas para se locomover. Engana-se quem imagina uma vida de sofrimentos, impedimentos e derrotas para a guerreira. Guida vai de encontro ao preconceito e rompe barreiras ao enfrentar suas limitações com garra e ela mesma fazer graça de sua situação.
"Estávamos fazendo um curso no teatro da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e, como se sabe, um local cujo acesso é por meio de uma escada alta e cheia de degraus ou um elevador especial, que, na ocasião estava quebrado. Uma colega cadeirante se encheu de razão e optou por não realizar o curso em forma de protesto. Pois eu logo avistei um bonitão e sem pudor algum pedi para que me levasse no colo até o teatro. Quem não quer uma mordomia dessa?", brincou.

Curiosidade

Ela conta que a sua doença desperta a curiosidade de alunos. "Dentro da escola, longe da presença dos pais, as crianças que não me conhecem e me veem pela primeira vez sentem-se mais à vontade para fazer as mais inimagináveis perguntas. Uma adulta do tamanho delas e que precisa de muleta para andar desperta muita curiosidade, não é mesmo? E eu respondo todas as perguntas irrestritamente. Depois que deixei de ser novidade para o mundinho delas, a convivência fica mais natural".
Guida também já passou por situações divertidas e curiosas na sala de aula. "A diretora de uma outra escola me colocou dentro de uma caixa, me levou até a sala onde estavam reunidas todas as crianças novatas da escola e me apresentou como uma boneca robô. Explicou todo o meu funcionamento, me tirou da caixa e 'deu corda' nas minhas costas. Agora tente imaginar a reação das crianças quando descobriram que a boneca era gente de verdade! Foi um dos dias mais divertidos da minha vida".
Divulgação Seme
Pedagoga Guida Mesquita
Guida Mesquita esbanja bom humor, confiança e força de vontade para driblar a doença
Apesar das limitações, ela mostra superação e força de vontade para "ser igual" a todo mundo. "Por onde passo, meu pedido é atendido: quero ser tratada como uma pessoa regular, não quero privilégios. Sabe o que acontece? É que não me sinto diferente. Não me sinto especial. Tenho, sim, uma deficiência, mas isso não me faz menos capaz ou menos eficiente. Subo e desço várias vezes durante o dia as rampas da escola e intercepto crianças em alta velocidade como qualquer outro pedagogo. A não ser pela vantagem de possuir uma ferramenta infalível que só eu posso ter: minhas muletas".
Ela completou: "Se eu receber um 'não' agora, ali na frente eu recebo um 'sim'. Não dou bola para uma resposta negativa. Me recuso a me entregar para a depressão e prostração. Já me casei, divorciei, estou namorando, trabalho regularmente, faço natação, tenho meu carro, que, aliás, olha que luxo, a marcha eu troco nos controles do volante, e, mais recentemente, fui aprovada para o mestrado 'Diversidade e Práticas Educacionais Inclusivas'. Deu para perceber né? Além de persistente, sou abusada".

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