quinta-feira, 23 de julho de 2015

Samu 192 realiza 26 operações de resgate com helicóptero em três meses

Quando foi resgatado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192), o pedreiro Adilson Hoffmann Andrade, 37 anos, sentia-se “meio apagado”, como ele conta, mas percebia tudo o que acontecia ao seu redor. Ainda na pista, após um grave acidente, recebeu os primeiros socorros por meio de uma ambulância, que logo acionou o resgate aéreo. O transporte de helicóptero de Santa Teresa até o Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra, não durou mais do que dez minutos e foi essencial para salvar a vida da vítima.

Histórias semelhantes se repetiram algumas vezes no Espírito Santo, desde que o helicópterousado exclusivamente em atendimentos aeromédicos começou a operar. Desde o mês de abril, 26 ocorrências exigiram o apoio da aeronave, que tem como objetivo tornar o atendimento mais rápido e garantir conforto e segurança ao paciente no deslocamento até o hospital.

“Se não fossem esses profissionais, acho que eu estaria morto. Todo o resgate foi muito eficiente. Minha vontade era de encontrá-los para agradecer, dar um abraço em cada um. Parecia que eu estava morto, mas mesmo assim aquelas pessoas demonstraram boa vontade e não desistiram. Lembro quando eles levantaram o helicóptero e quando pousaram. Eles colocaram panos quentes (manta térmica) em mim e falavam o tempo todo para eu ficar com eles, não dormir”, recorda Adilson Hoffmann.

O capitão Wellington Luiz Kunsch, do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer) da Polícia Militar, foi quem pilotou a aeronave que resgatou o pedreiro Adilson Hoffmann. Sem precisar recorrer a relatórios, ele se lembra dessa operação, assim como de várias outras que participou. Apesar de não ter contato direto com as vítimas, ele diz que não tem como não se sentir envolvido pela história de cada um.

“Não digo que não nos envolvemos emocionalmente, mas tentamos manter o foco no resgate. Assim como o médico tem sua importância, nós temos que observar uma série de questões para garantir a segurança do paciente e da tripulação tanto durante o voo quanto em terra. Eu procuro me manter um pouco distante quando é um acidente mais grave ou quando envolve criança, pois são situações que me sensibilizam mais”, conta o capitão.

A médica Rosélia Bertulani Barroso, que também compõe a equipe de resgate aéreo do Samu 192, ressalta que o helicóptero é usado em casos em que o tempo é um grande diferencial para salvar a vida da vítima. No caso do pedreiro Adilson Hoffmann, por exemplo, ela explica que a equipe da ambulância havia conseguido estancar o sangramento, mas se o paciente fosse transportado por terra poderia voltar a sangrar – tanto pela trepidação quanto pelo tempo que ficaria sem o procedimento cirúrgico que precisava –, e a equipe talvez não conseguisse estancar o sangramento, o que colocaria em risco a vida do paciente.

Estrutura

O helicóptero Harpia 6 dispõe de equipamentos de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea, como desfibrilador com monitor cardíaco, respirador, bomba de infusão para controle de medicamento endovenoso, aspirador de secreção, oxímetro de pulso, cilindro de oxigênio e material de imobilização, entre outros. Conta ainda com equipamentos multimissão, como guincho de salvamento com braço que permite o içamento ou arriamento de paciente deitado em maca de resgate.

Dentro da Grande Vitória, a equipe de resgate pode chegar ao local da ocorrência em até 10 minutos usando a aeronave. Se a ocorrência for atender um acidente na BR 101 Sul, por exemplo, a aeronave pode pousar na rodovia, se houver condições, ou em alguma área aberta próxima ao local do acidente. Já se for transferir um paciente para um hospital em Vila Velha, a referência é um campo de futebol no bairro Aribiri; em Vitória, o Hospital da Polícia Militar, em Bento Ferreira, ou o próprio Quartel da Polícia Militar, em Maruípe; e na Serra é o Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves.

Parceria

O Notaer dá apoio ao Samu 192 em três situações: atendimento pré-hospitalar, em que a exigência maior é a rapidez; transporte inter-hospitalar, cujo objetivo principal é fornecer atendimento adequado a quem já está hospitalizado, reduzindo o tempo de deslocamento e garantindo conforto ao paciente; e transporte de órgãos para transplante, situação em que o tempo também é um grande diferencial.

Ao todo, 17 pilotos e quatro mecânicos estão treinados para pilotar e fazer a manutenção do helicóptero Harpia 6, que está sob os cuidados da Secretaria da Casa Militar, no mesmo hangar dos helicópteros do Governo do Estado.


Samu helicóptero

Tempo aproximado de voo de Vitória até alguns municípios do interior
São Mateus – 1 hora
Cachoeiro, Linhares, Colatina e Venda Nova do Imigrante – 40 minutos
Domingos Martins – 15 minutos
Ibiraçu e Fundão – de 15 a 20 minutos

Por dentro da aeronave

Capacidade: 05 pessoas, sendo 01 piloto, 01 tripulante, 01 médico, 01 enfermeiro e 01 paciente.
Velocidade: aproximadamente 300 km/h
Espaço interno da cabine: 2,6 metros quadrados
Comprimento: 12,94 metros
Altura: 3,34 metros
Peso: 1.295 Kg

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