O Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (Crefes) é referência estadual na prestação de serviços de reabilitação física e auditiva tanto para crianças quanto para jovens, adultos e idosos. Além de prestar todo o suporte necessário às pessoas em tratamento com uma equipe multidisciplinar, o Crefes oferece acesso aórteses, próteses e meios auxiliares de locomoção. No primeiro semestre deste ano, a concessão desses aparelhos aumentou 13,74% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Esse conjunto de equipamentos, importantes para a recuperação do paciente, inclui diferentes tipos de cadeira de rodas adulto e infantil; bengala; andador; muletas; peças que ajudam na adaptação postural em cadeira de rodas, como assento e encosto; coletes de vários tipos; calçados anatômicos; palmilhas; coletor de urina para pacientes em cadeira de rodas, prótese mamária e aparelhos de amplificação sonora para pacientes com problemas de audição, entre outros produtos.
A diretora administrativa do Crefes, Andrea Giacomin, esclarece que o acesso ao serviço de concessão de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção é feito por meio da Central de Regulação de Consultas e Exames Especializados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Quem precisa adquirir o primeiro equipamento ou trocar o aparelho deve procurar uma unidade de saúde municipal para obter um encaminhamento médico. No caso de pacientes internados no Crefes, o próprio médico que atende o paciente faz o encaminhamento para a unidade de concessão.
Além de oferecer os dispositivos de reabilitação, o Crefes realiza um trabalho de adaptação do paciente ao uso do equipamento e promove a reintegração da pessoa com deficiência física ou auditiva à vida social. “O tratamento é um pacote que oferece um ganho físico, psíquico e social para o paciente. Por isso temos uma equipe multidisciplinar, com médicos especialistas, enfermeiros, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, técnicos em órteses e próteses, psicólogos e assistentes sociais”, ressalta a diretora administrativa.
Ela conta que muitos pacientes chegam ao Crefes deprimidos e sem perspectiva, mas lá contam com os cuidados dediversos profissionais técnicos, dentre eles psicólogos e assistentes sociais, que irão apoiá-los e ajudá-los a compreender melhor a sua nova condição física e areestruturar sua vida familiar, social e profissional. Andrea Giacomin ressalta que, em alguns casos, o objetivo do tratamento não é fazer o paciente voltar a andar ou recuperar naturalmente qualquer movimento que ele tenha perdido.
“O principal objetivo do Crefes é dar ao paciente maior independência e autonomia em todos os aspectos de sua vida, considerando a lesão que ele sofreu,que em muitos casos é irreversível. O importante é que ele compreenda o que aconteceu com seu corpo e perceba que pode reestruturar sua vida, ter sonhos e realizá-los e, principalmente, ser feliz, mesmo necessitando de uma cadeira de rodas ou outro meio auxiliar para sua locomoção”, comenta.
Reabilitação auditiva
De acordo com a fonoaudióloga Juanne Figueredo da Silva, do Polo de Audiologia do Crefes, quando o paciente recebe o aparelho auditivo ele aprende a usá-lo e a limpá-lo, recebe orientações sobre as dificuldades que poderá enfrentar e os cuidados que deve tomar, além de obter informações sobre as situações que vivenciará a partir de então, questões também trabalhadas com os familiares.
“As pessoas pensam que ao colocar o aparelho tudo será fácil, que vão entender todas as informações logo no início. O que elas não sabem ou não pensam é que todas as informaçõesvão chegar ao mesmo tempo, desde a fala ao barulho dos carros, do ventilador, da geladeira, enfim, e pelo fato de não ouvirem há muito tempo a cabeça não vai conseguir diferenciar todos os sons de imediato. Isso deve ser explicado para que o paciente entenda que é normal ele precisar desse tempo para aprender o que está acontecendo”, detalha a fonoaudióloga.
Segundo Juanne Figueredo, quando o paciente volta ao Crefes para o aconselhamento, o profissional verifica as habilidades auditivas dele por meio de protocolos fonoaudiológicos. Nesse momento, é avaliado se a percepção e a discriminação do som melhoraram e se o paciente está conseguindo compreender bem o que ouve. A partir dessa avaliação, identificam-se os pacientes que precisam treinar mais as habilidades auditivas ou aqueles cujos aparelhos necessitam de ajustes.
Conforme salienta a fonoaudióloga, a família é muito importante no processo de adaptação, pois na maioria dos casos a grande expectativa vem dos familiares.“Eles querem melhorar a relação com o deficiente auditivo e querem todo o benefício imediato. Se não compreendem esse período chamado aclimatização, podem gerar uma decepção com relação ao paciente e ele desiste do uso do aparelho”, comenta a fonoaudióloga.
Reabilitação física
Amputar um membro traumatiza o indivíduo e torna difícil para ele o exercício até mesmo de atividades rotineiras. Mas com um trabalho de reabilitação, seja com auxílio de prótese ou meios auxiliares de locomoção, essa situação pode ser superada. Geralmente, os pacientes chegam ao Crefes com o coto ainda flácido, sem a forma cônica ideal para o encaixe da prótese. Nessa fase, quando é o caso de perda de membro inferior, ainda fazem uso de muletas, bengalas ou cadeira de rodas.
Metade do tratamento é feito com enfaixamento da parte do membro que ficou após a amputação, medida que visa diminuir o edema, modelar o coto e melhorar a percepção do paciente com relação ao “membro fantasma”, ou seja, o membro ou parte do membro que foi amputado e já não faz mais parte de seu corpo.
Após a cicatrização(o que leva pelo menos três meses para acontecer) eexercícios de fortalecimento e equilíbrio, o médico finalmente pode prescrever a prótese. Essa etapa começa com a medição, seguida da prova de encaixe e do encaixe definitivo. O paciente terá ainda que passar por fisioterapia para reaprender a andar, subir e descer escadas, levantar, sentar, colocar a prótese, dentre outras atividades.
Pacientes que por algum motivo perderam o movimento de determinada parte do corpo também precisam passar por um processo de adaptação ao dispositivo de reabilitação, seja uma prótese, uma órtese ou um meio auxiliar de locomoção. Segundo o fisioterapeuta Richardson Morais Camilo, a prescrição e a confecção de recursos de tecnologia assistiva se dão pela necessidade de aumentar habilidades funcionais do paciente a fim de promover sua inclusão social e sua qualidade de vida.
“Não podemos nos esquecer dos benefícios psicossociais que o Crefes proporciona a pessoas incapacitadas de promover a marcha de forma independente e que necessitam de meios de locomoção como cadeira de rodas e outros equipamentos. Hoje, temos cadeiras especiais, que facilitam, por exemplo, a locomoção de pessoas que sofreram Acidente Vascular Encefálico (AVE) e perderam movimento de apenas um lado do corpo, além de cadeiras para pacientes tetraplégicos, ou seja, com grande comprometimento motor”, salienta o fisioterapeuta.
Troca e manutenção
De acordo com adiretora administrativa do Crefes, Andrea Giacomin, todos os usuários têm direito de trocar o dispositivo auxiliar de locomoção que utilizamno mínimo a cada dois anos. Considera-se para a troca o estado de conservação do produto e a adequação do dispositivo à necessidade do paciente. Crianças, por exemplo, que estão em fase de desenvolvimento, necessitam de cadeiras que se adaptem da melhor maneira possível ao seu tipo físico.
Segundo Andrea Giacomin, todos os equipamentos concedidos pelo Crefes, seja de reabilitação física ou auditiva, têm garantia de um ano para manutenção oferecida pelo próprio fabricante. Após esse prazo, a manutenção passa a ser responsabilidade do paciente.
O Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (Crefes) está localizado na Praia da Costa, próximo ao Clube Libanês, em Vila Velha. O atendimento é feito de segunda a sexta-feira. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (27) 3636-2195 e (27) 3636-2196.
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