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Da Organização Pan-americana de Saúde, em 3 de junho de 2015
Cachoeiro de Itapemirim é um município localizado ao sul do Espírito Santo, a 60 km da fronteira norte do estado do Rio de Janeiro. No início de abril, a chegada dos médicos cubanos do Programa Mais Médicos à cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito santo, completou um ano. Uma matériaexibida pela TV Gazeta, afiliada da TV Globo no estado, mostrava a evolução no número de atendimentos, o aumento das visitas domiciliares e a redução de pacientes nos hospitais de pronto-atendimento do município.
Segundo Edison Valentini Fassarella, Secretário municipal de Saúde de Cachoeiro de Itapemirim, o município contava com 33 Equipes de Saúde da Família. Com a chegada do Programa Mais Médicos, o município recebeu 24 médicos cubanos, e o número de equipes subiu para 46. A cidade vai receber ainda uma Faculdade de Medicina, como parte da estratégia do Programa em formação de médicos brasileiros.
Em outubro do ano passado, uma equipe da Organização Pan-Americana da Saúde esteve na cidade acompanhado o trabalho de um destes médicos, na Unidade Básica de Saúde da Família do Otto Marins.
Yuriev Fernandes Garcia é médico generalista e tem também especialização em Oftalmologia. Ele atende em média 30 pacientes por dia: “O trabalho aqui na unidade é muito bom, a equipe é muita unida. Então isso ajuda muito a que o trabalho ande bem. E eu tenho uma ótima relação com os médicos brasileiros daqui do posto, quando tenho alguma dúvida sempre pergunto e eles me apoiam, me ajudam. O meu trabalho é focado sobretudo na medicina preventiva e comunitária, e acho que estamos indo muito bem até agora”.
A gerente da unidade, Rubia dos Santos Ferreira, corrobora o depoimento do médico e conta que a proximidade é fundamental para sucesso do atendimento. “É uma troca de experiências a cada momento: as dúvidas sempre são compartilhadas, conversadas e estamos sempre debatendo assuntos de saúde. Estamos sempre juntos. É uma equipe, de verdade. E isso deixa a gente muito feliz”, sorri.
“Nós ganhamos em experiência e transmitimos experiência, tanto cubanos como brasileiros. É uma troca de saberes, então todos saímos ganhando”, completa Yuriev.
O uso da medicina natural
Yuriev acredita que não trouxe nenhuma inovação para o trabalho no posto de saúde, mas ajudou a resgatar um saber que já era dominado e negligenciado pelos brasileiros: o uso da medicina natural.
“A gente não quer mudar o estilo de trabalho dos médicos brasileiros. Nós queremos inserir-nos no sistema de saúde do Brasil e melhorar a saúde da população, somando com o trabalho daqui. Nosso sistema de trabalho é baseado na medicina preventiva, na atenção primária, e nós gostamos muito de trabalhar com a medicina natural. Nós gostamos de fazer tratamentos com camomila, folhas de goiaba, babosa, ervas e fitoterapia em geral. Essa medicina já é conhecida em Cuba e aqui também, mas há tempos que estava isolada das prescrições. Sempre tendo claro onde você pode usar a medicina natural e onde você tem que usar alopatia. Claro que você não pode trabalhar diabetes e hipertensão com ervas, por exemplo”.
Beatriz Lourenço Rosa é paciente de Yuriev e moradora do bairro. Ela elogia muito o trabalho do médico cubano e é uma defensora do Programa Mais Médicos: “Foi muito boa a chegada dele aqui no posto médico. Ele atende muito bem e, principalmente, não tem pressa de atender os pacientes, dá toda a atenção. Então para nós aqui na comunidade foi maravilhoso, nós estamos muito felizes com a presença dele aqui. Para mim, o Programa Mais Médicos veio para solucionar o problema da gente aqui no Brasil, porque a saúde estava ruim e com a chegada deles melhorou muito, muito mesmo. Nós fomos agraciados com esse médico cubano e com esse programa, e isso é maravilhoso não só para a nossa comunidade, mas para o Brasil todo”, afirma.
O médico diz estar feliz com o acolhimento e com a relação que tem com a comunidade. “A população acolheu muito bem os médicos cubanos. Pelas manhãs tem uma quadra aqui do lado e as pessoas fazem exercício, então quando eu chego de manhã a primeira coisa que eu faço é cumprimentar as pessoas, falar com elas. E a população responde muito contente. ”
Vinícius Garcia Sena, agente comunitário de saúde, diz que, além do trabalho diário, a relação com Yuri vai além: é como se fossem amigos de muitos anos. “A gente até conversa sobre a cidade e o país dele, ele conta como é a realidade lá. E ele também conta do trabalho dele aqui. A população sempre elogia o Yuriev, dizendo que ele é uma pessoa muito simples, e que trata todo mundo como se fosse parente, da família. Ele atende as pessoas com carinho, respeito e com cuidado”.
Para o Secretário de Saúde do município, o Programa Mais Médicos teve um impacto muito positivo na cidade: “A nossa cobertura aumentou muito, a chegada dos médicos reforçou a atenção primária, e, ao mesmo tempo, nós temos treze obras em andamento, entre melhorias, ampliações e novas unidades de saúde. E nós fomos contemplados com a faculdade de medicina, o que é uma conquista muito grande para cidade. A faculdade é que vai concretizar o Programa Mais Médicos em Cachoeiro de Itapemirim”.
Governo irá oferecer 347 vagas em dez cursos de medicina
Os ministérios da Saúde e da Educação autorizaram esta semana a criação de 347 vagas de graduação em medicina em Instituições de Ensino Superior (IES) públicas. Ao todo, dez cursos em municípios das regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste serão contemplados. A medida, publicada no Diário Oficial da União (DOU), faz parte das ações do Programa Mais Médicos para ampliar a formação de profissionais no País.¹
O programa prevê a criação, até 2017, de 11,5 mil novas vagas de graduação em medicina e 12,4 mil vagas de residência médica para formação de especialistas até 2018 com o foco na valorização da Atenção Básica.
A abertura de novos cursos e vagas de graduação leva em conta a necessidade da população e a infraestrutura dos serviços. Assim, mais faculdades poderão surgir em regiões com escassez profissional, como o Nordeste e o Norte, e em cidades do interior de outras regiões.
Série Mais Médicos – Vídeo
A OPAS/OMS no Brasil estruturou uma série de reportagens sobre o Programa de Cooperação Técnica Mais Médicos. A cada edição, será apresentado um vídeo mostrando a experiência do programa em algumas regiões do país.
O objetivo dos vídeos é refletir, em linhas gerais, o andamento da cooperação, desde a chegada dos médicos cubanos, o processo de formação, a integração com outros profissionais, a percepção da população, os resultados obtidos, os avanços, os processos de inovação e a troca de experiências.
Neste décimo oitavo episódio, Cachoeiro de Itapemirim – ES, o vídeo mostra a análise do Secretário de Saúde do município, o depoimento do médico cubano em exercício, a opinião do agente comunitário de saúde, além do testemunho de uma paciente.
Unidade de Saúde da Família Otto Marins
A Unidade de Saúde da Família Otto Marins (CNES 5706084)² tem uma equipe de saúde da família e conta com 33 funcionários, entre médicos, administrativos e profissionais de saúde. Presta atendimento ambulatorial e demanda espontânea, além de realizar visitas domiciliares. Funciona de segunda a sexta.
O Programa Mais Médicos
O Mais Médicos é um Programa de saúde lançado em 08 de julho de 2013 pelo Governo Federal, cujo objetivo é suprir a carência de médicos nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades do Brasil.
Médicos brasileiros tiveram prioridade em preencher as vagas do programa. As vagas remanescentes foram oferecidas primeiramente a brasileiros formados em universidades no exterior e em seguida a médicos estrangeiros, que trabalham sob uma autorização temporária para praticar medicina, limitada à provisão de atenção básica de saúde e restrita às regiões onde serão direcionados pelo Programa.
A OPAS/OMS no Brasil e o Ministério de Saúde assinaram um Termo de Cooperação para colaborar na expansão do acesso da população brasileira à atenção básica de saúde. O termo inclui diversas linhas de ação, desde documentar, disseminar informação a prover aconselhamento técnico e apoio à capacitação e treinamento continuado aos médicos selecionados, seguindo as recomendações do Código Global de Práticas em Recrutamento Internacional de Pessoal de Saúde da OMS. A OPAS/OMS também assinou um Acordo de Cooperação de natureza similar com o Ministério de Saúde Pública de Cuba.
Os médicos cubanos trabalham nos municípios que não foram selecionados por nenhum médico (brasileiros ou estrangeiros) nas primeiras rodadas de recrutamento. A maioria destes municípios tem 20% ou mais da população vivendo em extrema pobreza, a maioria está nas regiões Norte e Nordeste do país. Todos os médicos fazem um treinamento de 3 semanas de duração, uma semana de acolhimento nos estados aos quais serão destinados e um módulo de avaliação.
Referências
¹Portal Brasil. Acessado em: 28/05/2015.
²Ministério da Saúde. Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Acessado em: 28/05/2015.
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