terça-feira, 19 Janeiro, 2016 - 14:00
O agricultor Arlindo Santana, capixaba de Pinheiro (ES), por 40 anos trabalhou e morou na terra de terceiros e criou cinco filhos trabalhando de meeiro (agricultor que planta em terra alheia e divide os resultados com o dono). Mas, segundo ele, sempre alimentou o sonho de que seus filhos pudessem ter uma história diferente, e viessem a trabalhar e viver da própria terra. “Era um sonho muito distante, parecia meio impossível, mas ele se realizou e trouxe uma vida nova para nós”, conta.
Em 2013, três dos seus filhos adquiriram, pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), 9,6 hectares do seu ex-patrão e fundaram a Associação da Família Santana, que fica a 6km do centro do município. Seu Arlindo, hoje aposentado, se diz realizado, pois mora na propriedade e ajuda os filhos com a lida da roça.
Com recursos do PNCF - não reembolsável, destinado à estruturação da propriedade, e do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), eles fizeram cercamento da área, piquete para as vacas, compraram matrizes, adquiriram kits de irrigação e mudas. No local, plantam abacaxi, café irrigado, cana-de-açúcar e hortaliças e criam gado de leite. “Eu e minha mulher estamos muito felizes em poder dar nosso suor no que é nosso”, diz Vilmar Santana, um dos associados.
Vilmar explica que, para se inserir no mercado e garantir aumento na renda, reeditou antigos hábitos e presta um serviço diferenciado. “Sabia que precisava fazer a diferença, daí passei a entregar o leite fresco nas casas toda manhã, como se fazia antigamente. Hoje tenho uma clientela fiel, que me garante uma renda estável. Com a cana-de-açúcar não foi diferente, ganhei o mercado das lanchonetes. Entrego os fardos já limpos, prontos para a moagem. Ainda comercializamos o abacaxi e o café. Trabalho hoje mais do que trabalhava de meeiro, mas com uma satisfação enorme, porque tudo é nosso”, confessa ao salientar que vale cada hora, cada dia, cada sacrifício.
Maísa Pinheiro Santana, mulher de Vilmar, vai além. “Vivíamos na terra dos outros, na casa dos outros e trabalhando para outros. Agora estamos trabalhando e vivendo, no que é nosso. Já temos o nosso carrinho e logo estaremos na nossa casa, que está sendo construída pelo Minha Casa Minha Vida Rural. Foram muitas conquistas. E ainda tem o fato de que nossos filhos vão viver e trabalhar no que deles. Isso nos deixa muito felizes e realizados”, comemora.
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