O professor de Educação Física do Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (Crefes), Martoni Moreira Sampaio, será apresentado na segunda-feira (11), no Rio de Janeiro, como técnico da seleção brasileira feminina de basquete em cadeira de rodas. O convite para o cargo foi feito no início da semana pela presidente da Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas, Naíse Pedrosa.
“Essa é uma experiência que marca a minha vida pessoal e profissional. Eu sempre acreditei no modelo de reabilitação ligado ao esporte, mas nunca imaginei que chegaria a este dia. Afinal de contas, são 27 anos de trabalho. Esta é uma chance única. A oportunidade de deixar um legado para o Espírito Santo e para o país me fascina”, diz Martoni.
Entre os dias 11 e 21 de janeiro, Martoni Moreira fará a primeira etapa de treinamento da seleção brasileira na Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef) e participará de uma simulação de logística na arena onde serão realizados os jogos paralímpicos no Maracanãzinho. Antes das Paralimpíadas do Rio de Janeiro, em setembro, a equipe vai participar de quatro amistosos, a partir de abril, contra o Canadá, os Estados Unidos, a Alemanha e a Inglaterra.
O diretor-geral do Crefes, Fábio Bersot, que também é profissional de Educação Física, diz que a convocação de Martoni é motivo de grande alegria para a instituição. “Muito nos honra a participação do professor Martoni como técnico em um evento tão importante para nosso país, que são as Paralimpíadas do Rio. Agradecemos a indicação, tendo em vista o incentivo que isto significa para novos atletas e a valorização deste profissional extremamente comprometido”, comentou.
História
Martoni é servidor efetivo do Crefes, onde trabalha desde 1988. Antes, foi estagiário de Educação Física na instituição. Ele conta que foi ainda na fase de estudante que ele se apaixonou pelo basquete em cadeira de rodas e não pensou duas vezes quando teve a oportunidade de implantar a modalidade no Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo. Um trabalho pioneiro no país e que gera bons resultados até hoje.
“Em 1986, quando ainda era estagiário no Crefes, fui ao Rio de Janeiro e lá assisti a um jogo de basquete em cadeira de rodas. E eu voltei para o Espírito Santo com a ideia de montar uma equipe no Crefes. A gente tinha uma quadra de cimento, não tinha tabela, não tinha nada. Ganhamos quatro cadeiras de rodas, eu fui à Barra do Jucu cortar alguns eucaliptos para pendurarmos os refletores e a tabela. Começamos com os pacientes”, recorda Martoni, que já perdeu as contas de quantos atletas ele formou nas sessões de reabilitação do Crefes.
Quatro pacientes do Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo, inclusive, compõem a seleção brasileira de basquete em cadeira de rodas, e assim como Martoni são orgulho e inspiração para os profissionais de saúde do Crefes e outros pacientes atendidos pela instituição. Além de Silvelane da Silva Oliveira – que foi convocada para os Jogos Parapan-Americanos de Toronto, no ano passado, mas não pode participar porque fraturou o braço às vésperas da competição –, estão no time Geisiane de Souza Maia, Ivanilde Cândida da Silva e Jéssica Silva Santana, que ganharam medalha de bronze nos jogos paralímpicos disputados no Canadá.
Segundo o diretor administrativo do Crefes, Marcus Vinicius Souza Coelho, Martoni terá que se afastar de suas funções, em alguns momentos, mas todos os pacientes continuarão sendo atendidos pela equipe de médicos, fisioterapeutas e outros profissionais de educação física da instituição. “Este mês, por exemplo, ele vai ser liberado durante 11 dias, e depois vai nos apresentar um cronograma. Mas ele continua com a gente. É impossível dispensar um profissional desses, pela competência e por todo o trabalho que ele faz no Crefes há anos”, comenta o diretor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário