Terça-feira, 26 de janeiro de 2016, 18h00
Reaproveitar alimentos é palavra de ordem para a merendeira Gerlinda Boening, 48 anos, que trabalha na escola pública municipal da zona rural de Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo. O combate ao desperdício e a busca por uma alimentação sustentável levaram Gerlinda a uma criação de sucesso, o frango ao molho com casca de abóbora.
A receita sustentável tornou-se uma das 15 finalistas do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar. Promovido pelo Ministério da Educação, em parceria com o Fundo de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o concurso celebra os 60 anos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
O segredo do prato está na simplicidade e sutileza da elaboração. Além de aproveitar a casca da abóbora, o modo de preparo orienta cozinhar os alimentos com pouca água para evitar o desperdício de nutrientes. Até a água do cozimento é reaproveitada.
As dicas são frutos de anos de experiência de Gerlinda, que trabalha como merendeira há 29 anos. Ela começou a trabalhar em escola quando tinha apenas 18 anos. “Foi meu primeiro emprego. Cinco anos como contrato e depois passei em um concurso municipal. E não penso em me aposentar”, ressalta.
A “merendeira sustentável”, como se define, começou cedo na arte culinária, na roça. “Tinha meus 12 anos quando aprendi, em casa, a fazer milagre com o que tinha”, conta. A experiência foi adquirida com a mãe e ajudou na profissão. “Vinte anos atrás não era fácil. Trabalhava sozinha para atender 150 alunos e não tinha geladeira na escola”, relembra.
Gerlinda foi uma das primeiras merendeiras de Santa Maria de Jetibá. Para ir de casa para a escola na zona rural andou a pé e enfrentou chuva até comprar uma moto. Chegou a levar algumas quedas nas estradas de chão, mas sempre estava preparada para os imprevistos do percurso. “Mantinha uma peça de roupa limpa no trabalho e quando chegava enlameada, eu trocava.”
Trabalhar numa escola é motivo de orgulho para Gerlinda. De acordo com a merendeira, foi isso que a levou a concluir o ensino fundamental aos 30 anos de idade. “Eu tinha só até a quarta série e as professoras me ajudaram na aprendizagem”, conta.
O gosto pelo reaproveitamento de alimentos aumentou com os estudos. “Aprendi que cascas e talos têm muitos nutrientes.” A merendeira também e a inventora do pão nutritivo adotado pela escola, que aproveita talos de verduras e legumes. A inovação não se limita aos pratos.
Na hora da merenda, o refeitório é transformado em um ambiente de restaurante estilo self-service. “Os alunos escolhem o que querem comer e com quem sentar em mesas com quatro lugares que estão sempre com um arranjo em cima”, destaca.
Gerlinda soube que era finalista no concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar por meio do celular. “Recebi uma mensagem da organização do concurso.” Para a merendeira, ser uma das 15 finalistas é uma verdadeira vitória. “Estou muito feliz e emocionada. Esse reconhecimento em quase 30 anos de serviço já valeu como prêmio”, conclui.
Conheça a receita do frango ao molho com casca de abóbora
Assessoria de Comunicação Social
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