quarta-feira, 27 de maio de 2015

Comissão de Agricultura debate os desafios do mercado do café


26/05/2015 - 17:24
 
 


O secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Octaciano Neto
 foi um dos convidados para o debate sobre os desafios do mercado de café, que 
 na manhã desta terça-feira (26) na Assembleia Legislativa (Ales). Organizado pela 
Comissão de Agricultura, o encontro contou também com a participação de lideranças 
ligadas ao setor cafeeiro, secretários municipais de Agricultura e representantes de 
cooperativas, associações e outras entidades.


Na ocasião, foi discutido o trabalho de mobilização feito pelo Governo do Estado,
 juntamente aos demais setores da agricultura, que resultou na suspensão da Instrução
 Normativa do Ministério da Agricultura, que liberava a importação de café arábica do 
Peru (10 mil sacas de grãos verdes), e que gerou uma série de protestos de Estados
 produtores, como Espírito Santo e Minas Gerais.


Conforme publicação no Diário Oficial da União da última quinta-feira (21), foram
 alteradas regras para se autorizar a importação dos grãos. Agora, a Organização
 Nacional de Proteção Fitossanitária (ONPF) do Peru deverá apresentar plano de 
trabalho que necessita ser aprovado, no Brasil, pelo Departamento de Sanidade 
Vegetal (DSV) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).


Esse plano de trabalho deverá conter, segundo o Conselho Nacional do Café,
 informações sobre produção, pragas presentes e tratamentos fitossanitários 
utilizados, assim como medidas de mitigação de risco de envio de pragas
 no comércio internacional do produto. A aprovação do plano de trabalho pelo 
DSV passa a ser condição para se autorizar a importação dos grãos.


Octaciano Neto comentou sobre algumas das consequências que a suspensão 
da normativa conseguiu evitar. Primeiro ele destacou os riscos fitossanitários. “afinal,
 com o fungo presente na cacauicultura do Peru, a nossa produção de café correria
 o risco de adquirir essa doença que seria, no mínimo, devastadora”, disse.


O secretário também relembrou a respeito do risco comercial. Com a vinda dos grãos 
do Peru, o preço de café para o produtor capixaba diminuiria e, segundo ele, como o
 Governo de Minas era a favorável à mudança em função da instalação de uma fábrica
 em Montes Claros, o Espírito Santo foi o líder nacional dessa mobilização, de fazer o
 Ministério da Agricultura retroagir na decisão que já havia sido liberada. “Dez mil sacas 
não iriam abalar a cafeicultura, mas foi uma forma que o Ministério viu de testar a 
opinião pública para depois liberar um a dois milhões de sacas e, graças à união 
de esforços no Estado, eles voltaram atrás da decisão”, relembrou.


De acordo com o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado 
do Espírito Santo (Fetaes), Reginaldo Armelão, essa questão já vem sendo discutida 
desde 2007, na época que o Governo Federal já propunha a importação do café Conilon
 do Vietnã. “Se nós somos grandes produtores de café não haveria o porquê desta 
importação e por isso, para nós foi uma vitória”, disse.


Para Octaciano Neto, apesar de, o café ter um papel essencial na estabilidade social do
 Estado e ser protagonista em mais de 55 municípios do Estado, é preciso também 
investir em outras áreas agrícolas. “Precisamos diversificar, e cada propriedade 
rural tenha fruticultura, pecuária de leite, olericultura, tenha novas opções, e formar 
uma cesta de produtos que faz com que, em momentos que uma atividade esteja 
ruim, tenha outra que vai ficar boa e, o Incaper vai buscar fazer um movimento 
para ampliar as diversidades rurais em cada uma das propriedades.


A presidente da Comissão de Agricultura, a deputada Janete de Sá, encerrou a reunião 
propondo o estabelecimento de um novo fórum de acompanhamento para que se
 possa evitar futuras movimentações. Ela também propôs que seja constituído um
 documento em conjunto e encaminhado para o Ministério da Agricultura e 
Desenvolvimento Agrário para colocar a preocupação constante e de defesa para 
o café do Espírito Santo.


Entenda o caso


No final do mês passado foi publicada no Diário Oficial da União a Instrução
 Normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Nº 6, de 29 de
 abril de 2015, que autorizava a importação de grãos de café arábica produzidos no Peru.


A medida provocou fortes reações do Governo capixaba e dos representantes dos
 diversos elos da cadeia produtiva do café. O governador Paulo Hartung chegou a 
encaminhar uma carta à presidente Dilma solicitando a suspensão da 
autorização para a importação dos grãos peruanos.


Para o secretário de Estado da Agricultura, Octaciano Neto, a importação 
do café peruano representa uma ameaça real às plantações locais, devido ao 
risco de trazer doenças patogênicas e pragas quarentenárias de outras culturas 
para as lavouras brasileiras e capixabas.



Com a importação de café verde pode-se estar facilitando a entrada de materiais 
infectados. Um grão verde de café pode ser o veículo de pragas e doenças para a 
lavoura cafeeira e até mesmo para outras culturas. No Peru, há uma praga letal 
para o cacau, um fungo chamado monília, que pode trazer consequências 
desastrosas para os cultivos nacionais.


“Não é justo colocar em risco a agricultura brasileira, liberando importações 
sem a devida segurança. Além disso, estamos iniciando nossa colheita e 
sabemos que em momento de safra há oferta de café novo no mercado,
 culminando com expectativas de preços baixos. Essa notícia também afeta 
mercados e cria uma enorme tensão no meio rural”, destaca o secretário 
Octaciano Neto.



Competição desleal



As leis brasileiras relativas às questões sociais, trabalhistas e ambientais estão 
entre as mais rigorosas do mundo e o Código Florestal brasileiro impõe aos 
agricultores a preservação e a recuperação dos recursos naturais, o 
que aumenta significativamente os custos de produção. Porém, outros países, como
 é o caso do Peru, não têm esse mesmo rigor e, por isso, seus custos de produção
 são bem menores. A importação dos grãos peruanos caracteriza, portanto, uma 
competição desleal com os produtores capixabas e brasileiros.


“Essa decisão é um desrespeito a tudo e a todos que estão envolvidos numa 
cafeicultura sustentável. No caso do Espírito Santo, uma cafeicultura construída 
com muito investimento, pesquisa e sacrifício dos cafeicultores, que este ano já 
estão sofrendo com a grave estiagem que prejudicou a qualidade e a produtividade 
da safra”, ressalta o secretário de Agricultura.


Panorama do Café no Espírito Santo



A cafeicultura capixaba possui uma diversidade de sabores que é reconhecida
 pelo mercado internacional. Ela está presente em pelo menos 60% das propriedades
 rurais do Estado e envolve 131 mil famílias e 400 mil pessoas em toda sua cadeia 
produtiva.


- O Espírito Santo é o segundo produtor nacional de cafés, com 12,8 
milhões de sacas beneficiadas colhidas em 2014, participando com 28,24 % da 
produção nacional.


- O Espírito Santo lidera a produção nacional de Conilon, com 9,9 milhões de
 sacas, o que corresponde a 75% do total produzido dessa espécie de café no
 Brasil no ano passado.


- O Espírito Santo é considerado por especialistas como o Estado com a cafeicultura 
mais completa do Brasil; produz em quantidade e com qualidade as duas 
espécies de café consumidas no mundo, o arábica e o conilon.


- A cafeicultura representa, em média, de 35 a 40% do Valor Bruto da Produção 
Agropecuária do Estado, e se constitui na principal atividade socioeconômica 
para cerca de 70% dos municípios capixabas.



Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação da Seag
Daniel Simões
danielsimoes06@gmail.com
Texto: Daniel Simões e Tatiana Caus
27 98849 9814 - 27 3636-3700

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