segunda-feira, 20 de julho de 2015

CARTA DE PIÚMA - Passos a serem dados pela Agricultura Familiar Capixaba


No dia 22 de Abril de 2015, foi realizada a Oficina de Planejamento das Cooperativas e Associações
de Agricultores Familiares que comercializam pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar –
PNAE no Centro de Formação do Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo –
MEPES, localização do Município de Piúma/ES. Participaram as diversas cooperativas e associações
do estado, organizações de representação das cooperativas e da agricultura familiar, além de representantes do poder público municipal, estadual e federal.

A oficina foi planejada e coordenada por uma comissão formada por entes públicos estaduais
( Secretaria de Estado de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca – SEAG; Secretaria de Estado da Educação – SEDU e
Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural – INCAPER) e por
organizações da sociedade civil com vinculação com a agricultura familiar (União Nacional de
Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Espírito Santo) – UNICAFES; Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras
do Estado do Espírito Santo - OCB/ES e Federação dos trabalhadores na Agricultura no Estado do Espírito Santo - FETAES).

A realização do evento fundamentou-se na necessidade de enfrentamento de um dos principais
gargalos do setor que é o processo de comercialização (porteira para fora), que tem dificultado o
processo de desenvolvimento sustentável da agricultura familiar capixaba.

Atualmente 22 organizações de agricultores familiares (cooperativas e associações) participam dos
chamamentos públicos da Secretaria de Estado da Educação – SEDU tendo em vista realizar
comercialização para o Governo do Estado do Espírito Santo através do PNAE, e ainda há inúmeras o
outras organizações que realizam a comercialização nos diversos municípios capixabas.

Os trabalhos realizados na oficina contemplaram quatro grandes eixos, a saber: 1) problemas
Internos das cooperativas/associações; 2) relação entre as cooperativas/associações; 3) papel dos
operadores dos programas de comercialização e 4) atuação dos articuladores na operacionalização dos programas de comercialização.

A discussão em cada eixo teve como base as informações contidas em um documento elaborado pelo
Sistema OCB-SESCOOP/ES, que traz um balanço dos principais avanços, desafios e proposições para a operacionalização do PNAE no Estado.

A partir da análise da conjuntura atual e da priorização dos desafios pontuados para a efetivação dos
programas de comercialização dos produtos da agricultura familiar, os signatários desta CARTA DE
PIÚMA, propõem as ações e recomendações listadas abaixo que acreditam poder subsidiar os planos
dos diversos atores públicos e privados envolvidos com os mercados institucionais para a agricultura
familiar capixaba no intuito de superar e ou mitigar os desafios que se colocam na atualidade.

Ações e recomendações propostas:

 Melhorar a formação/capacitação cooperativa das organizações através da criação de um programa
de formação e capacitação, que contemple a realização de cursos, visitas técnica, etc;
 Promover momentos de encontro entre as cooperativas/associações para discutir e encaminhar
soluções para os problemas de inter-relacionamento existente no aspecto de comercialização;
 Cada cooperativa/associação realizar uma avaliação interna de seus processos de gestão e a
relação destes com a comercialização da produção, identificando os processos críticos, seus gargalos
a serem superados e as estratégias necessárias para supera-los, subsidiando assim processos de
capacitação/formação em gestão;
 Cooperativas/associações realizarem estudo sobre a logística de comercialização, avaliando
formas de redução de custos através de terceirização total ou parcial da logística e/ou operação
conjunta da logística entre cooperativas/associações;
 Necessidade de qualificar/profissionalizar a gestão das cooperativas/associações, através de
contratação de profissionais de gestão, formação deste profissional dentro do quadro de
cooperados/associados;
 Organizações de representação das cooperativas/associações realizarem capacitação dos
cooperados/associados nos procedimentos de gestão.
 Promover momentos de debate/encontro entre operadores do PNAE e fornecedores para nivelar
informações e garantir a adequação dos cronogramas de entrega de acordo com a realidade dos
agricultores familiares.
 Ampliação da equipe técnica da Secretaria de Estado da Educação - SEDU responsável pelo
processo de aquisição de gêneros alimentícios da agricultura familiar, tendo em vista possibilitar
trabalho de regionalização dos cardápios, adequação dos cronogramas, melhoria nas chamadas púbicas e outros processos.
 Prefeituras municipais definirem a criação de um corpo técnico permanente (servidores efetivos),
para que os processos do PNAE não parem ou atrasem nos períodos de mudanças de gestão política.
 Operadores do PNAE se organizarem para cumprir de forma integral a Lei Federal nº 11.947, de
16 de junho de 2009, utilizando ao menos os 30% de recurso do FNDE definidos em lei para a
compra dos produtos da agricultura familiar.
 Entidades de apoio/articulação ao processo de comercialização dos produtos da agricultura
familiar via PNAE realizarem acompanhamento, fiscalização e se necessário denuncias, sobre o
cumprimento da legislação por parte dos operadores.
 Operadores do PNAE realizarem o cumprimento integral dos contratos de compra firmados junto
às organizações fornecedoras.
 Governo do Estado do Espírito Santo/SEDU acabar de forma imediata com a terceirização da
alimentação escolar;
 Criação de uma gerencia específica na SEAG para atuar com o PNAE e outros programas de
comercialização ou Fortalecer a Gerencia de Agricultura Familiar já existente, possibilitando a
criação de um setor/grupo para atuar especificamente com programas de comercialização da agricultura familiar.
 Formalizar uma parceria entre OCB/ES e UNICAFES para solicitar encaminhamentos junto ao
IDAF, com apoio do Incaper, para melhoria no atendimento aos empreendimentos da agricultura
familiar a respeito da adequação sanitária dos mesmos.
 Municípios estruturarem equipe técnica para possibilitar a legalização sanitária dos
empreendimentos da agricultura familiar, com implantação do serviço de inspeção municipal de
forma orientativa não só punitiva. Promover divulgação de experiência exitosa nos municípios capixabas.
 Incaper e SEDU atualizarem levantamento da capacidade produtiva de cada município, como
subsídio para a elaboração de chamadas públicas, cardápios, cronogramas de entrega e outros
procedimentos do PNAE.
 Criação de uma comissão estadual (Poder Público e representação dos Agricultores e suas
organizações) para discutir a temática dos programas de comercialização da agricultura familiar e
possibilitando a execução de ações de forma mais articuladas.
 Criação de uma Câmara Técnica no Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável – CMDRS,
com envolvimento das entidades que já participam de comissão que debate a temática no estado.
 Elaboração por parte do Governo do Estado de um programa estadual de apoio à comercialização
da agricultura familiar com articulação das diversas políticas publica de interface com o tema.
É válido ressaltar que as ações e recomendações apresentadas em Piúma/ES não tem a intenção de
encerrar ou esgotar o debate a respeito dos desafios acerca das políticas públicas de apoio a
comercialização da agricultura familiar e nem tampouco desmerecer outros conteúdos já
encaminhados às autoridades competentes; longe disso, quer que sejam propositivas e provocadora de
debates sobre o tema nos diversos segmentos envolvidos na busca pela melhoria constante da operacionalização dos processos
de comercialização dos mercados institucionais.
Piúma – ES, 22 de Abril de 2015.
Participantes da Oficina de Planejamento das Cooperativas e Associações de Agricultores Familiares
que Comercializam pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE

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