Em toda a família tem sempre um filho que se sobressai para cuidar da mãe ou pai já velhinhos. Não que se exclua os outros, mas porque é o mais disponível. Na casa da minha mana Beth me pareceu ser a Kátia. Aqui é o Ceceu. Ele é muito presente na minha vida e me assessora em tudo. É meu cuidador e como tal, exerce sua função até com um certo exagero. Então vejamos: aqui na esquina de casa tem um pipoqueiro. Eu adoro a pipoca doce que ele faz. Pois não é que Ceceu proibiu o pipoqueiro de me vender sob ameaça de tirá-lo do ponto? ...e o pipoqueiro morre de medo. Agora apareceu, um pouco mais adiante, um vendedor de pamonhas e papa de milho verde. Eu comprava papa todos os dias, até que Ceceu foi lá e fez a mesma coisa. Agora o ambulante não me vende de jeito nenhum. Tudo bem que eu sou diabética mas sei me cuidar. E Ceceu dá boas gargalhadas e se diverte com isso. Eu mudei para o Rio de Janeiro há dez anos e mantive casa aqui em Cachoeiro. Sempre que adoeço ele vai me buscar, me acompanha aos médicos e cuida do meu tratamento. De tanto adoecer, ele não quer que eu more mais no Rio. Outro dia eu fui as escondidas e deixei um bilhetinho contando minha travessura. Não é que ele precisou ir me buscar? Resultado: três úlceras no esôfago.
Ceceu visita, regularmente, os asilos da cidade. Sempre fez isso. Os velhinhos tem muito carinho por ele e vice e versa. Agora ele faz "terrorismo" comigo. Ele sabe que eu não pretendo morar em asilo. Sabendo disso ele vive repetindo que vai me levar para o asilo e que irá me visitar todos os dias. Fala que já reservou um lugar pra mim e me convida a ir visitar o "Aconchego" lugar aprazível pra se viver. O pior é que, assim como o pipoqueiro e o vendedor de pamonhas, eu ando morrendo de medo. Apesar de tudo eu não posso negar. Ceceu é um bom filho e ótima companhia. Ele me leva para passeios nas redondezas - Vitória, Marataízes, Guarapari, Vargem Alta, etc. Ele me leva a supermercados, restaurantes, festas. Saímos até para tomar uma geladinha. Ele vem muito na minha casa e sempre traz alguma guloseima pra mim. Quando não vem, sinto falta. As vezes me ponho a imaginar como seria a minha vida sem Ceceu. Ele tem o sorriso mais lindo do mundo. O sorriso dele me cativa.
Abraços fraternos,
Helena
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