Meus pais vieram com quatro filhos, de Minas Gerais para morar em Cachoeiro. Quando precisavam viajar, nos internavam na Escola de Comércio. De lá guardo as mais doces recordações. A começar pela peculiaridade do quarto do casal, Professor Alfredo Herkenhoff e Dona Aurora. Era um quarto enorme com a cama do casal no centro. De um lado ficava o quarto dos seus filhos e dos rapazes internados. Alguns poucos degraus levavam a este quarto. Do lado oposto, três quartos. Um das filhas, outro das internas e outro de uma tia idosa que era deficiente visual.Todos os quartos davam para o quarto do casal, tirando-lhes toda a liberdade. Eu e minhas irmãs ficávamos no quarto das internas. Eu tinha muito medo da tia idosa. Para sair do quarto eu tinha que passar em frente a porta dela e meu sofrimento era grande. Quando eu passava ela perguntava: quem é você? Eu tremia e não respondia. Coisas de criança. Embaraços pra mim e para a velhinha.
Outra coisa curiosa - para se ir ao banheiro, tinha que atravessar toda a extensão do quarto do casal, descer alguns degraus, atravessar a copa que era bem maior e chegar ao banheiro. Não me lembro se tinha outro banheiro. Mas era longe. Ainda bem porque, naquela época, os banheiros costumavam ficar do lado de fora das casas. Por esta dificuldade, somado ao medo da tia idosa, uma noite minha mana Voninha, a mais velha das três adolescentes, encontrou uma solução para suprir nossas necessidades. Pegou um lençol, dobrou bem e nos passou como se fosse uma fralda, avisando: - um pouco para cada uma. E...como parar? Brava, minha irmã encheu a cabeça da outra de cascudos porque ela não parou e não tinha como me aliviar...
Outra coisa curiosa - para se ir ao banheiro, tinha que atravessar toda a extensão do quarto do casal, descer alguns degraus, atravessar a copa que era bem maior e chegar ao banheiro. Não me lembro se tinha outro banheiro. Mas era longe. Ainda bem porque, naquela época, os banheiros costumavam ficar do lado de fora das casas. Por esta dificuldade, somado ao medo da tia idosa, uma noite minha mana Voninha, a mais velha das três adolescentes, encontrou uma solução para suprir nossas necessidades. Pegou um lençol, dobrou bem e nos passou como se fosse uma fralda, avisando: - um pouco para cada uma. E...como parar? Brava, minha irmã encheu a cabeça da outra de cascudos porque ela não parou e não tinha como me aliviar...
Dona Aurora era muito doce. Usava o cabelo em coque. Eu estudava do Grupo Escolar Bernardino Monteiro onde ela era a professora de música. Julietinha era a mais alegre das filhas. Ela era professora de piano e portadora de deficiência, motivada por paralisia infantil. Não tenho muitas lembranças do patriarca Professor Alfredo Herkenhoff. Ele também tinha, como sua filha, uma deficiência. Ele tocava violino. Alguns de seus filhos já haviam formado novas famílias. José Herkenhoff casou-se com Delza e tiveram um monte de filhos. Lucila Herkenhoff casada com o Professor Jader Coelho. Pedrinho Herkenhoff casou-se com Hélida, tiveram. 3 filhos. Pedrinho, como o chamávamos, fundou a Casa do Estudante de Cachoeiro. Este morreu, precocemente, de acidente de carro. Ele fez muita falta porque era um entusiasmado pela Escola e por tudo em torno.
No tempo que fomos internadas, alguns casais que namoravam e se apaixonaram, vieram a se casar: Penha e Conrado, ela professora e ele cabeleireiro; Mary e Paulo Estellita Herkenhoff, este veio a ser, além de amigo, meu professor e patrono. Helena Herkenhoff e Raimundo, Mariazinha Herkenhoff e um aviador que quando chegava fazia o maior sucesso com sua farda. Norberto, que também teve muitos filhos, Helio e Joãozinho. Este último tinha a minha idade. Eu sentava nos degraus da escada que levava a copa, após o jantar, enquanto Joãozinho estudava com os alunos, andando de um lado a outro com o livro nas mãos. Eu já nutria muita admiração por ele. Joãozinho casou-se com Therezinha. O tempo veio mostrar o grande valor desse homem. Dr. João Baptista Herkenhoff foi professor, advogado, promotor, Juiz, escritor, palestrante, foi Cachoeirense Ausente, recebeu muitos prêmios e comendas. Seu currículo é extenso. Avô de Lis, segundo o nobre Jurista, este é seu mais importante título.
No tempo que fomos internadas, alguns casais que namoravam e se apaixonaram, vieram a se casar: Penha e Conrado, ela professora e ele cabeleireiro; Mary e Paulo Estellita Herkenhoff, este veio a ser, além de amigo, meu professor e patrono. Helena Herkenhoff e Raimundo, Mariazinha Herkenhoff e um aviador que quando chegava fazia o maior sucesso com sua farda. Norberto, que também teve muitos filhos, Helio e Joãozinho. Este último tinha a minha idade. Eu sentava nos degraus da escada que levava a copa, após o jantar, enquanto Joãozinho estudava com os alunos, andando de um lado a outro com o livro nas mãos. Eu já nutria muita admiração por ele. Joãozinho casou-se com Therezinha. O tempo veio mostrar o grande valor desse homem. Dr. João Baptista Herkenhoff foi professor, advogado, promotor, Juiz, escritor, palestrante, foi Cachoeirense Ausente, recebeu muitos prêmios e comendas. Seu currículo é extenso. Avô de Lis, segundo o nobre Jurista, este é seu mais importante título.
A Escola Técnica de Comércio marcou época em Cachoeiro. A família Herkenhoff era formada de exímios professores e educadores. A família toda trabalhava lá. Técnicos, professores, contadores e profissionais de diversos ramos vestiram seus uniformes. Sua Banda e seus memoráveis desfiles escolares, abrilhantavam a festa da cidade. Havia uma rivalidade saudável entre a Banda Marcial Professor Alfredo Herkenhoff, da Escola de Comércio, com a Banda Marcial Professor Wilson Resende do Liceu. O Liceu tricolor e a a Escola de Comércio rubro-negro. Quantas saudades!
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Abraços Fraternos,
Helena
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