"Eu não perco um jornal da sete da TV Gazeta, todos os dias estou colado na televisão." Foi o que me falou o cafeicultor João Luiz Spavier, lá do Córrego da Bateia, no município de Castelo, a 800 metros de altitude, ao lado de um pé de café arábica ainda com muitos frutos a serem colhidos. Com fala mansa e cadenciada, percebi que não estava diante de um agricultor comum. Senti que ali estava um agricultor bem acima da média do homem do campo capixaba. Das suas palavras vinham, além de sons, sabedoria e percepção da realidade.
Como o café tem preço divulgado no jornal da sete, imaginei que era para ver a cotação. Perguntei qual a razão de não perder uma edição. Spavier falou: "Pra ver a previsão do tempo, é dele que dependo na minha vida de cafeicultor. Até aqui a previsão tem batido certinha. Já programo o meu dia seguinte de trabalho com as informações que a televisão me deu".
O sistema adotado é o da colheita seletiva, onde são colhidos somente os grãos maduros. Um trabalho paciente e que deve ser realizado com determinação. Se o produtor errar a mão e pegar grãos verdes vai comprometer a qualidade do produto final, que tem relação direta com o valor da saca de café. É normal no sistema de colheita seletiva o produtor voltar numa mesma planta várias vezes. Tudo depende das condições climáticas e do manejo que foi dado à lavoura, esclarece Spavier.
Ele começou a fazer a colheita seletiva no ano de 2004. Em 2010, colheu na mesma planta sete vezes. Mas teve ano que com quatro vezes conseguiu fazer toda a colheita. Todo trabalho é para se ter um café de alta qualidade e uma melhor remuneração final.
Já veterano na participação em concursos de qualidade de café, Spavier explica: "Às vezes a gente ganha o concurso e vende o café por um bom preço. Mas já aconteceu de na mesma safra a gente vender o café que sobrou por um preço melhor ainda. Isso aconteceu porque ficamos conhecidos como produtor de café de qualidade, o que desperta a atenção de outros compradores. Em 2009 vendi com melhor preço para de Poços de Caldas. Não critico a Pronova de Venda Nova do Imigrante, porque foi lá que fiquei conhecido e pude vender o meu café melhor", diz.
Spavier lembra que quando sua filha Deusa foi para a Escola Família Agrícola, em Castelo, ajudou muito a todos. A escola adota um sistema de ensino conhecido como Pedagogia da Alternância, onde o jovem fica um período na escola e em seguida permanece por igual período na família. Ele, uma pessoa que gosta de trocar ideias e informações, lembra: "No período que Deusa estava em casa a gente debatia o que ela aprendeu na escola. Uma conversa e não um confronto de ideias, com o sentido de uma vida digna e futuro justo".
Foi por Deusa estudar na EFA que cheguei na casa dos Spavier. Explico. Na EFA o aluno apresenta um projeto prático a ser desenvolvido com a sua família. Deusa optou pela condução diferente num plantio de inhame, cultura conhecida e praticada pela família. Uma adubação orgânica do solo, com a utilização da palha da pila do café, resultou numa colheita de 190 caixas, quando nos anos anteriores na mesma área era de 80 caixas.
Em tempo, João Luiz Spavier, que é meeiro, sabe do valor do trabalho, mas entendeu a importância da Educação, "Se tivesse mais filhos ou filhas, colocaria na Escola Família Agrícola", diz.
Ronald Mansur é jornalista
Como o café tem preço divulgado no jornal da sete, imaginei que era para ver a cotação. Perguntei qual a razão de não perder uma edição. Spavier falou: "Pra ver a previsão do tempo, é dele que dependo na minha vida de cafeicultor. Até aqui a previsão tem batido certinha. Já programo o meu dia seguinte de trabalho com as informações que a televisão me deu".
O sistema adotado é o da colheita seletiva, onde são colhidos somente os grãos maduros. Um trabalho paciente e que deve ser realizado com determinação. Se o produtor errar a mão e pegar grãos verdes vai comprometer a qualidade do produto final, que tem relação direta com o valor da saca de café. É normal no sistema de colheita seletiva o produtor voltar numa mesma planta várias vezes. Tudo depende das condições climáticas e do manejo que foi dado à lavoura, esclarece Spavier.
Ele começou a fazer a colheita seletiva no ano de 2004. Em 2010, colheu na mesma planta sete vezes. Mas teve ano que com quatro vezes conseguiu fazer toda a colheita. Todo trabalho é para se ter um café de alta qualidade e uma melhor remuneração final.
Já veterano na participação em concursos de qualidade de café, Spavier explica: "Às vezes a gente ganha o concurso e vende o café por um bom preço. Mas já aconteceu de na mesma safra a gente vender o café que sobrou por um preço melhor ainda. Isso aconteceu porque ficamos conhecidos como produtor de café de qualidade, o que desperta a atenção de outros compradores. Em 2009 vendi com melhor preço para de Poços de Caldas. Não critico a Pronova de Venda Nova do Imigrante, porque foi lá que fiquei conhecido e pude vender o meu café melhor", diz.
Spavier lembra que quando sua filha Deusa foi para a Escola Família Agrícola, em Castelo, ajudou muito a todos. A escola adota um sistema de ensino conhecido como Pedagogia da Alternância, onde o jovem fica um período na escola e em seguida permanece por igual período na família. Ele, uma pessoa que gosta de trocar ideias e informações, lembra: "No período que Deusa estava em casa a gente debatia o que ela aprendeu na escola. Uma conversa e não um confronto de ideias, com o sentido de uma vida digna e futuro justo".
Foi por Deusa estudar na EFA que cheguei na casa dos Spavier. Explico. Na EFA o aluno apresenta um projeto prático a ser desenvolvido com a sua família. Deusa optou pela condução diferente num plantio de inhame, cultura conhecida e praticada pela família. Uma adubação orgânica do solo, com a utilização da palha da pila do café, resultou numa colheita de 190 caixas, quando nos anos anteriores na mesma área era de 80 caixas.
Em tempo, João Luiz Spavier, que é meeiro, sabe do valor do trabalho, mas entendeu a importância da Educação, "Se tivesse mais filhos ou filhas, colocaria na Escola Família Agrícola", diz.
Ronald Mansur é jornalista
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