Ruínas ou partes de alguma antiga construção sempre despertam a curiosidade e instigam historiadores. Assim são as ruínas da Figueira, que ficam a sete quilômetros de centro de Alfredo Chaves, no distrito de Sagrada Família, às margens da estrada.
Elas, que sustentaram uma igreja no passado, serão transformadas no portal de uma nova capela que será erguida no local. A iniciativa é do grupo Motociclistas da Paz, que realiza a tradicional motorromaria do município ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, no norte de São Paulo.
De acordo com um dos membros do grupo, o policial militar Ednei Botelho, 45, o atual proprietário do terreno doou o espaço para a construção da capela. “Nós já arrecadamos fundos para iniciar as obras, temos parceria da Mitra Arquidiocesana de Vitória e apoio de diversos empresários”, disse. Conforme Botelho, para o início das obras é aguardado a aprovação final do projeto junto à Mitra.
Os três arcos que compõem as ruínas serão o portal da nova igreja que terá como padroeiros Nossa Senhora Aparecida e São Pedro de Alcântara, patrono da antiga igreja antes de se transformar em ruínas.
As ruínas da Figueira, como são conhecidas, intrigam turistas e moradores que não conhecem a verdadeira história do local. Segundo o jornalista e escritor Hésio Pessali, os arcos são partes de uma igreja construída em 1903 pelo imigrante italiano Pedro Zerboni. A história está registrada no livro “Alfredo Chaves – Uma visão história e política”, escrita pelo próprio jornalista.
A igreja marcou o início da localidade, só que em 1938 começaram os conflitos em virtude dos moradores não concordarem com o coordenador local. Por falta de harmonia, os fiéis começaram a migrar para celebrações na igreja de Sagrada Família.
Conforme Pessali, Zerboni foi uma liderança na região, tinha uma mercearia e promovia festas na igreja, atraindo muitas pessoas. “Com a mudança do imigrante e sua família para Cachoeiro de Itapemirim e o abandono dos fiéis, a igreja passou a ter celebrações somente uma vez ao ano, no mês de junho”.
A capela era mantida pelas mulheres da localidade, que perceberam rachaduras no teto de madeira. E em 1944 a estrutura desabou totalmente, ficando somente as paredes de pedra, com 70 cm de espessura. “As paredes permaneceram de pé até 1970. Depois disso só restaram os arcos”, conta o jornalista.
Quem lembra com saudade dos velhos tempos em que a igreja era bastante frequentada é o aposentado Arlindo Pereira da Cruz, de 87 anos. “Tinha uns 12 anos, lembro que participei da missa e procissão. Meu sonho é ver novamente a igreja erguida”, disse.
O voluntário, o vendedor Adilson Rovetta, 44, membro do grupo Motoqueiro da Paz, não vê a hora de poder iniciar as obras. “Passo todo dia e fico sonhando com ela pronta”.
O local fica a apenas dois quilômetros da sede do distrito e virou ponto turístico. As ruínas despertam a curiosidade dos visitantes e marca a história religiosa e social de Alfredo Chaves, iniciada, principalmente, com a chegada dos imigrantes italianos.
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