terça-feira, 8 de março de 2016

É dia de feira! E o Incaper apresenta a força da mulher rural capixaba

Augusto Barraque / Incaper


08/03/2016 - 09h20min

Dona Didi ainda arrumava os produtos por sobre a bancada da barraca de feira quando foi interrompida pela cliente:

- Quanto é esse biscoito aqui?

Sem deixar de lado os afazeres, ela responde prontamente:

- Cinco reais!

- E o limão?

- Ah, o limão está três reais a dúzia!

Em instantes, a banca está repleta de produtos, como chimango (um tipo de biscoito assado à base de polvilho), farinha de tapioca, mandioca, queijo, jaca, limão... A feirante brinca de ser chamada de “feireira” e foi uma das primeiras produtoras rurais de Pedro Canário, no extremo Norte do Espírito Santo, a participar da Feira de Produtos da Agricultura Familiar. Toda quarta, por volta de três e meia da tarde, ela e outros nove ou dez produtores rurais da região reúnem-se perto da rodoviária do município para receber a clientela e comercializar produtos fresquinhos do produtor direto para o consumidor.

Os produtos que Dona Didi vende são cultivados no Sítio Bom Conselho, na localidade de Dois de Julho, zona rural de Pedro Canário. A propriedade foi herança de família. “Um dia, minha mãe me disse assim: ‘Filha, eu sei que você gosta muito de trabalhar, então vou te dar um bom conselho: não vende essa terra não. A gente não pode vender o que tem, mas pode vender o que produz’. Foi por isso que eu resolvi colocar o nome do sítio de Bom Conselho”, disse em tom de gratidão.

Aos 70 anos, Dona Didi, ou Edith França Barbosa, é viúva e mãe de dez filhos. “Sete biológicos e três que eu peguei”, destaca. Todos sustentados com o trabalho na agricultura familiar capixaba. Para vender a produção na feira do município, ela contou com o incentivo do Incaper. “Eu perdia as verduras todas na roça porque não tinha como vender. Sou sozinha, a idade não deixa eu fazer muita coisa. Se não fosse o Incaper, ninguém teria essa barraca bonita aqui. Pode falar, meu senhor!”, explica interrompendo a entrevista para atender a mais um cliente que se aproximou da banca.

- Qual o preço da jaca?

- Leva essa inteira que eu faço a cinco reais para você. Só porque é a primeira vez que você vem na minha barraca!

- Mas eu não quero a jaca inteira. É muito. A senhora não pode retirar os gominhos pra mim?

- É muito? Quantos filhos você tem? Ele tá fazendo média. A distância da minha casa até o pé de jaca é daqui lá naquela igreja, ó! Eu jogo ela nas costas e levo no ombro, assim! Ele quer só os baguinhos! Eu faço, mas sai mais caro - negocia gesticulando entre risos, sem se importar com a possibilidade de encabular o cliente. E, sem aparentar qualquer constrangimento, o cliente devolve a brincadeira com um sorriso ainda mais largo, paga três reais e leva metade da jaca.

Os resultados alcançados até agora com a comercialização dos produtos estão agradando a “feireira” Didi. “Só o dinheirinho do salário não dá. Com a feira, toda semana eu consigo uns 300, 350 geração de emprego e renda reais. Esse dinheiro vai para abastecer o carro, pagar a energia... O pessoal do Incaper vai lá em casa, me incentiva, não me deixa sozinha. A gente dialoga, vê se dá certo... Antes, eu não tinha essa orientação para trazer as coisas pra vender, não tinha esse apoio. Isso é muito mais do que dinheiro”, diz agradecida, sem perder a alegria e a agilidade nas vendas.

- Fala, Dona Nina! Está aqui, ó, o biscoitinho que a senhora gosta. Cinco reais - diz sem permitir que a cliente se manifeste. E volta-se à entrevista: “Eu sou assim mesmo. Sempre alegre, satisfeita, rindo, falando besteira... Tem que atender bem. Eu sempre termino com um obrigada e volte sempre!”

E assim, com simplicidade e bom humor, a barraca dessa agricultora na feira de Pedro Canário vai se esvaziando. Na última quarta, a produtora rural “feireira” vendeu tudo rapidamente, e foi mais cedo para casa. Obrigada, Dona Didi. Volte sempre!

A história de dona Didi está publicada no Balanço Social do Incaper 2014: http://biblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/1033/1/BRT-balancosocial2014-incaper.pdf

Assessoria de Comunicação do Incaper
Juliana Esteves - juliana.esteves@incaper.es.gov.br
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Texto: Juliana Esteves
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