O Agroturismo completa em 2012 o seu vigésimo aniversário. Uma jornada onde as produtoras e os produtores rurais do Estado deram demonstração de capacidade empreendedora e visão de negócio para prosseguirem vivendo em suas comunidades no meio rural. Acompanho o Agroturismo capixaba bem antes de seu nascimento, na sua gestação. Neste tempo entendi a importância do trabalho das mulheres. Quero aqui fazer um registro de três produtoras de destaque.
Cacilda Caliman Lourenção foi a grande responsável pela reintrodução do socol na vida de muitas famílias de Venda Nova do Imigrante, quando olhamos pelo lado da História da imigração italiana para as terras capixabas. O socol que é um embutido de carne de porco, era a maneira que os imigrantes faziam o seu aproveitamento total. Ela é a responsável pelo socol sair do âmbito quase restrito da comunidade vendanovense e passar a ser fonte de renda para muitas famílias, inclusive a sua.
Já se vão 20 anos quando o Jornal do Campo fez uma reportagem na sua casa mostrando os detalhes e a história do socol. No domingo que a matéria foi ao ar eu estava em Venda Nova do Imigrante, na casa de Cacilda e assisti o programa com a família. No final da reportagem o telefone não parou de tocar, eram telespectadores curiosos e saudosos do tempo que moravam no interior. Duas horas depois muitas pessoas chegaram na casa de Cacilda. A reportagem que feita por Patrícia Mosé, além de uma aula de culinária e de História, no seu encerramento forneceu o número do telefone de Cacilda.
Tia Cila Altóé tinha nas mãos e na cabeça a capacidade quase que divina de fazer doces e biscoitos. Foi pioneira no Agroturismo capixaba. Com experiência de dezenas de anos no manejo com o trigo, fubá e frutas, sua fama ganhou pernas e foi bem além da fronteira geográfica de Venda Nova. Um dia bati a sua porta para realizar uma reportagem. Daí em diante a sua fama cresceu e o grupo conhecia ficou bem maior, a produção teve de ser aumentada.
Algumas semanas depois da reportagem voltei para saber o resultado. Tia Cila uma mulher determinada e franca, foi logo falando: é Mansur, depois da reportagem umas quatro pessoas daqui de Venda Nova começaram a fazer biscoitos.
Tomei um susto e me restou uma saída: duvido que façam com a sua competência e qualidade. Mais adiante muitas das iniciantes já haviam parado a produção, mas as suas vendas aumentaram.
Iria Carnielli Busatto era uma figura exemplar e tinha a capacidade para sintetizar situações e indicar caminhos. No início do Agroturismo ela percebeu que o turista que ia a sua casa de ônibus gastava menos quando comparado ao turista que ia de carro. O dinheiro era contado. Mas ela falou para o futuro, “tenho certeza de que no dia que melhorar de vida e tiver um carro, ele voltara e comprara mais. Isto é que é visão de futuro e ter certeza do que está fazendo e produzindo tem valor.
Duas colocações que Iria fazia eu guardei na memória e as distribuo às pessoas interessados no Agroturismo. A primeira é sobre a sua família: aqui em casa nós discutimos e brigamos. Mas nós trabalhamos. A segunda: quando pela manhã via meu pessoal desanimado ia logo dizendo: vamos desamarrar a cara, porque vai chegar quem nos sustenta, o turista.
Estas três mulheres são destaques. Pena que Tia Cila e Tia Iria já tenham sido chamadas por Papai do Céu. Tia Cacilda continua firme no Agroturismo
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