segunda-feira, 24 de novembro de 2014

NECESSIDADE, POSSIBILIDADE E VONTADE

No ano de 1969 a necessidade de ser ter uma educação rural apropriada em Alfredo Chaves fez surgir a Escola Família Agrícola (EFA). Por onde passaram centenas de pessoas. Filhos e filhas dos primeiros alunos e alunas também passaram pela EFA. Certamente que alguns netos e netas dos pioneiros hoje estudam aqui. Do ensino básico dos primeiros anos hoje temos um ensino técnico. Uma evolução natural. Como será o amanhã. A necessidade gerou a EFA.
A possibilidade da EFA surgiu depois que a comunidade teve necessidade de olhar mais longe. O surgimento da escola tem ligação direta com a capacidade de organização e de traçar metas das famílias rurais.
No pátio desta EFA eu vi nascer e dar os primeiros passos a organização dos produtores de banana. Primeiro em forma de associação, depois como uma cooperativa. Lembro bem disto. Foi um passo e uma ação que se perdeu no tempo. Mas a EFA continuou sua trajetória, ajudando e sendo levada pelas famílias. Não é por acaso que daqui de Alfredo Chaves seguiu para a Itália em 1967 o jovem Ednis Orlandi para se preparar e depois vir a ser monitor na EFA. Foi. Voltou.  Até hoje tem íntima ligação com a EFA, doando parte de seu tempo ao movimento que o acolheu no passado.
Foi também aqui em Alfredo Chaves que no ano de 1979 o Movimento de Educação e Promocional do Espírito Santo (Mepes) realizou uma memorável assembléia. Os governantes da época queriam colocar um ponto final na vida do Mepes. Naquele ano a EFA de Rio Novo do Sul por ocasião da festa do município apresentou no desfile, profeticamente, as mazelas que vivemos nos dias de hoje: álcool, êxodo e drogas. O tema central da CNBB - Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil era: saúde para todos.  A EFA representou o tema da CNBB.
Por causa deste desfile o Governador Eurico Rezende chamou o padre Humberto Pietrogrande no Palácio e disse: vocês não são subversivos, vocês são de oposição. Padre Humberto respondeu: mas não estamos à venda. Na assembléia ocorrendo. A pressão política quase sufocou e acabou com o Mepes. Eu disse quase.
Hoje mais um passo: os ex-alunos e alunas tomam a iniciativa de fazer uma ação no sentido de manterem e preservarem uma relação mais presente com a instituição onde tiveram a oportunidade de terem formação educativa em todos sentidos. O ato fortalece a escola. Exemplo que poderá ser seguido por ex-alunos e alunas de outras unidades que compõem o Mepes. Não tenho dúvida que esta ação mostra que a Pedagogia da Alternancia é uma ação concreta no meio rural capixaba.
A Escola Família Agrícola nestes 42 anos sempre teve o objetivo de ser um acessório da família, mas nunca substituí-la. Como diz João Martins, agricultor de Rio Novo do Sul, a Escola Família Agrícola não tem e nunca teve como objetivo fixar o homem e a mulher no meio rural, a proposta é a liberdade de escolha e a formação de pessoas que tenham livre arbítrio, sejam corretas nas suas ações, competentes no se determina fazer, comprometidas com causas justas e solidárias para com os seus irmãos. A necessidade mostrou que havia possibilidade de mudança na realidade há 42 anos. A vontade de mudar gerou a possibilidade. Agora existe a necessidade de fortalecer a EFA de Alfredo Chaves, mas existe a possibilidade de agir neste sentido, desde que exista a vontade de agir hoje, com o conhecimento da história, com os pés no chão e sonhos na cabeça de cada um. Por consequencia teremos um Mepes forte. Necessidade, possibilidade e vontade, vamos novamente unir estas palavras e viver o futuro. Contem comigo para mais um desafio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário