sexta-feira, 21 de novembro de 2014

ISTO É BRASIL


- Até 2005 eu era faxineira diarista aqui no Alegre, saia daqui de Feliz Lembrança e percorria dez quilômetros para arrumar as casas das famílias. Em 2006 com o inicio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do governo federal, eu nunca mais fui faxineira e é por causa deste programa que meu filho está fazendo agronomia na Ufes.
Este depoimento eu ouvi da agricultora Marize Aparecida Azevedo Peixoto em 2010 lá na comunidade de Feliz Lembrança e dele nunca esqueço e dele sempre falo e repito. Quando quero mostrar que é possível e viável manter as pessoas com dignidade no meio rural, lanço mão das palavras carregadas de emoção de Marize. As palavras foram ditas durante a gravação do programa Jornal do Campo.
Acabo de receber um resumo do que foi a ação direta do PAA do Ministério de Desenvolvimento Social que é operacionalizado pela Companhia Nacional de Abastecimento – Conab. As informações são do ano de 2011.
O PAA já atinge 28 municípios capixabas, portando, tem ainda um campo para avançar, para no futuro termos uma diminuição no êxodo rural. O destino maior dos que deixam o campo e as pequenas vilas e cidades é a marginalidade e trabalho em condições degradantes e com remuneração que torna presa fácil para o tráfico e a sub-vida. Um candidato a viver abaixo da linha da pobreza.
Um detalhamento na ação do programa mostra que 111 associações de produtores fizeram parte como fornecedores. A forma de se trabalhar com associações e cooperativas indica que a união e a ação em conjunto torna o objetivo mais próximo e viável de ser atingido. Um total de 2.363 produtores foram beneficiados e participaram da divisão de um montante de 9,6 milhões de reais. Já 327 entidades sociais receberam a produção, indicando um total de 64.271 pessoas beneficiadas. Um bom caminho percorrido, mas uma longa estrada a ser percorrida.
O que foi dito no início deste texto não pode ser letra morta e deve ser difundido, nunca apagado e escamoteado por ninguém. O país deve ser justo com seus cidadãos que estão ainda na linha da pobreza e da miséria, situação que ainda vivem milhares de brasileiros e brasileiras. Devemos agir para mudar a realidade: da fome e do cerceamento da sua divulgação. Não podemos calar, temos de falar e registrar. É dever e obrigação do cidadão e do jornalista. Em tempo, o filho de Marize formou em Agronomia neste mês de fevereiro.

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