[...] Continuando vou escrever mais um histórico das escolas de São Bento do Chapéu, também a pedido de Rosalina Wruck Schneider.
Quando escrevi anteriormente que só existia o cemitério e nada mais, só que isto foi em parte de Igreja; mas quando trata-se de escolas é outra coisa.
Por exemplo: meu pai Roberto Hehr nasceu neste lugar em 4 de abril de 1909, ele também estudou em vários colégios, particulares e estaduais.
Nos colégios estaduais que lecionava eram professoras de fora e que só falavam português, e isto se tornava difícil, por que os alunos da origem alemã não sabiam falar em português, e com isto muitas vezes os alunos eram castigados e desprezados. Nesta situação os pais se reuniam e contratavam um professor particular, que falava os dois idiomas, português e alemão, este professor era pago pelos pais para lecionar três dias por semana. Passando-se algum tempo, acabou-se as duas escolas nesta comunidade.
Em 1932 (mais ou menos) surgiu uma escola estadual, mas sendo na comunidade de Chapéu; o professor era do lugar e tinha estudado em escola particular, conseguiu entrar no estado como docente de emergência. Em fim ele conseguiu se efetivar com dez anos de trabalho; o professor era o Sr. Arthur Bruske. O tempo da locomoção de São Bento para Chapéu variava de duas a três horas. Dois irmãos meu estudaram dois anos nesta escola, isso foi de 1946 a 1948, mas era difícil esta caminhada.
No final de 1948 sugiu um professor particular era alemão nato por nome Germano Naumann, me pai Roberto Hehr e os vizinhos contrataram este professor para lecionar pagando-lhe por mês, mas só lecionava três dias por semana em português e alemão, e foi na nossa casa em São Bento, mas a Escola em Chapéu continuou.
Em 1953 acabou-se a nossa escolinha particular, fiquei dois anos sem estudar. Em 1955 voltei a estudar na Escola Estadual em Chapéu, com o mesmo Professor Arthur Bruske, e em 1957 terminei a 4ª série primária. Passou –se uns anos e o Professor Bruske aposentou-se, mas a escola
continuou a funcionar com professor de emergência, em fim, acabou-se por pouco tempo. Em 1969 os pais dos alunos de São Bento que freqüentavam a escola de Chapéu, me pediram para lecionar para os filhos deles, nem se fosse particular, sendo três dias por semana, acertei o pedido deles, mas fui na supervisão de Ensino e consegui Escola Estadual, mas para registrar tinha que ter vinte alunos, conseguimos vinte e oito. Pergunta-se lecionar onde? Mas não há prédio, fazer o quê?. Reunir-se para ver alguém que cedia uma casa para iniciar o trabalho e conseguimos. O vizinho Sr. Emílio Carlos Klippel seceu uma tulha (digo paiol), mas nós não tínhamos bancos, fizemos mutirão e pegamos torinhas de madeira roliça e pregamos taipá por cima das torinhas, então deu para iniciar o trabalho. Em 1975 no mandato do Prefeito Joaquim Tech, conseguimos um Grupo Escolar (estrutura física), mas para isso tinha que doar uma área de terra de dois mil e quinhentos metros quadrados.
Eu, Floriano Hehr Sobrinho doei o terreno encostado da Igreja, onde foi construído o Grupo Escolar Estadual, lecionei neste grupo até 1980, neste ano passei me cargo de Prof. de Emergência para uma ex-aluna minha, Cleuza Maria Hehr, esta lecionou até 1995, mas até hoje a Escola funciona.
Mas durante este período eu sendo professor, discutia que o ensino primário até 4ª série era pouco para nossos filhos do interior, eram matriculados com seis anos e concluíam o primário com dez anos, muitos nem sabem ler e escrever; se os pais do interior mandarem seus filhos estudar na cidade, para concluir o 1º grau, muitos poucos voltarão para a roça.
Em 1988, tivemos várias reuniões e fundou-se uma Associação de pequenos produtores rurais, para nossa defesa no campo, lutamos para conseguir uma Escola Família Agrícola, onde os nossos filhos poderiam concluir o primeiro grau no interior, mas para isto a Associação precisava uma área de terra, para construir a Escola e também para os alunos trabalharem na lavoura. Como conseguir esta área de terra? Na época ninguém vendia e nós também não tínhamos dinheiro para comprar, então eu Floriano Hehr Sobrinho doei uma área para a Associação, mas sem construções. A Associação começou a trabalhar, construir barracos de tábuas, foi com muita luta e finalmente em 1992 alcançamos nosso desejo de ver funcionar a Escola
Família Agrícola de São Bento do Chapéu, Domingos Martins. Tivemos o apoio de vizinhos que cederam moradia para os monitores, que foram os primeiros quatro monitores (digo professores): Maria Helena Lorete de Rio Bananal, São Mateus; Antônio Locateli do Giral, São Mateus; Suetone José Alves de Mantenópolis e Clarice Seibel de São João de Laranja da Terra. A cozinheira Aurea Wruck, isto foi no primeiro anos que a Escola funcionou. Hoje nós temos de 5ª a 8ª série estudando. Graças a Deus e a união do povo.
Escrito em 18 de agosto de 1997
Floriano Hehr Sobrinho.
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