segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

A REZA, A SECA E A CHUVA. texto de Jorge Kuster Jacob


                         Há um mês o desespero por causa da seca era enorme.  Ainda vemos nos jornais o incrível exercício feito para encontra água para o gado e mesmo nos seres humanos beber. As autoridades ditavam leis para repartir as gotinhas que restavam. Irrigar nem pensar. Se bem que andando pelo interior eu via alguns irrigando café até mesmo pasto: ninguém denunciava. Eram fazendeiros e aí o buraco é mais embaixo. Pequenos agricultores é fácil denunciar. Fazendeiros nem tanto, pois tem um braço na política e outra na justiça. Como dizem “dinheiro tudo pode”.
                           Graças a Deus a chuva veio. Choveu uns três dias seguidos. Uma chuva fina quase recuperou nossos recursos hídricos. Córregos, açudes, represas e as poucas caixas secas encheram. Mas essa forma de querer preservar, reter a água não foi o suficiente para deixar a população ribeirinha, principalmente do Rio Doce e do Rio Cricaré em desespero. O desespero agora nos jornais falados e escritos eram as eventuais enchentes. Algumas pessoas que um mês atrás rezava pedindo chuva agora desesperadamente pedem para parar de chover, E olha que foram poucos dias de uma chuvinha fina. Imagine se chovesse mesmo.
                                     A população em geral precisa tomar consciência ecológica de fato. Ela precisa acordar para realidade. Há 30 anos li um artigo que dizia onde “passa a pato do boi” a água não penetra mais no solo. E é verdade, vejam a cor das águas dos nossos rios.  O solo precisa ser usado com mais inteligência e responsabilidade. Rezar só parece chamar Deus de idiota. A Constituição Federal obriga no mínimo 20% de floresta nativa. As nascentes e encostas deveriam ser protegidas. Esses dias conversando com um amigo chamado Samuel ele me dizia: “ o solo precisa ter cobertura morta e cobertura viva”. E visitando a propriedade de 3 alqueires do Sr. Nivaldo Bruno ele me dizia: “ aqui tenho 5 nascentes e 3 represas. Tenho 1 caixa seca mas lugar para 50. Solicitei essas construção do poder público até hoje nada fizeram. E hoje querem usufruir a água que produzi ou preservei”.    
                                   Já imaginaram se cada alqueire tivesse cobertura morta ou viva? Se cada alqueire tivesse 15 caixas secas, entre represas e açudes. Se cada proprietário preservasse e protegesse suas nascentes. Se não aprofundássemos os leitos dos córregos. Se usássemos a irrigação adequada, tipo gotejamento, entre outras técnicas já comprovadas ecologicamente pelos próprios produtores. Creio sinceramente que essas práticas resolveriam os problemas das secas e também das enchentes que destroem cidades ribeirinhas, principalmente atingindo os mais pobres. Problema criado pelos grandes fazendeiros que não tem um palmo de floresta nem nas nascentes e as patos de seus bois, pois tornam os solos impermeáveis. As águas amareladas nessas épocas denunciam isso. Os agricultores precisam imitar o Sr. Nivaldo e os órgãos públicos fiscalizar e punir quem peca contra a natureza.
 Rezar ou só orar não basta.
 Precisamos unir a essa reza a nossa ação: “rezação”. Ou unir ao orar a nossa ação: “oração”.  
 Jorge Kuster Jacob é sociólogo e professor de História do CEIER de Vila Pavão(ES)

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