sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Incaper debate metodologias de assistência técnica coletiva

Incaper
Workshop "Metodologias de Assistência Técnica Coletiva"


16/10/2015 - 09h10min

Nesta quarta-feira (14), parceiros e especialistas dos serviços de extensão rural, cooperativas, associações e entidades de classe do setor cafeeiro que trabalham com assistência técnica, acompanharam o workshop sobre “Metodologias de Assistência Técnica Coletiva”. O evento aconteceu na sede do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e faz parte das atividades do Programa Café Sustentável (PCS). 

No Brasil o PCS é coordenado pela P&A Internacional Marketing e tem como base de suas atividades o Currículo de Sustentabilidade Mínima do Café (CSC). Na ocasião, todos acompanharam a apresentação de alguns modelos de assistência técnica coletiva, em uso no Brasil. 

Os modelos apresentados foram da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), do Programa Ater de Cafeicultura Sustentável realizado pelo escritório local do Incaper em Brejetuba e da Fundação Neumann Brasil em Minas Gerais.

O coordenador nacional do PCS no Brasil, Pedro Ronca, abriu as apresentações colocando algumas questões globais para a cafeicultura e para o PCS. Treinar os produtores quanto às boas práticas agrícolas, aumentar a sua produtividade e qualidade, criar acesso ao crédito, melhorar as condições de vida do agricultor, reduzir os impactos ambientais e mitigar os efeitos das mudanças climáticas e das perdas da biodiversidade, são algumas das ações para a garantia de qualidade coletiva, segundo Ronca.

Segundo o pesquisador e diretor técnico do Incaper Lúcio Herzog De Muner, o workshop vai ao encontro do maior desafio do momento, que é aumentar a abrangência da assistência técnica, mantendo a qualidade dos trabalhos, com os mesmos recursos e otimizando o tempo. 

Café

Atualmente mais de 80% de todo o café é produzido pelos agricultores familiares. No mundo, 287 mil propriedades estão diretamente ligadas à cafeicultura e existe assistência técnica governamental para 43% dos estabelecimentos assistidos, o que representa uma área média de 64 hectares. 

De acordo com o pesquisador e coordenador do programa de cafeicultura do Incaper Romário Gava Ferrão, o objetivo do Instituto é que nos próximos seis anos o Espírito Santo consiga produzir em torno de 30 milhões de sacas de café sustentável, que significa 20% da produção mundial.

Segundo Pedro Ronca, existe uma parceria intensa com os serviços de extensão rural dos cinco principais estados produtores que são o Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rondônia. “Hoje o serviço de extensão é a principal forma de levar assistência técnica para o agricultor familiar com o foco na implementação de boas práticas no campo, levando à melhoria de sua qualidade de vida e à conservação dos recursos naturais”, disse. 

“A escolha de estarmos juntos com o Espírito Santo se deve à parceria sólida que temos com o Incaper, além do poder de reação e interesse que o Instituto tem em levar a sustentabilidade para o agricultor familiar a fim de melhorar as suas práticas no campo”, completou Pedro Ronca.

Lúcio De Muner citou o escritório local de Brejetuba como um exemplo de assistência técnica na cafeicultura que é realizada com excelência no Espírito Santo e no Brasil, em que as atividades são realizadas com alcance em qualidade e foco em sustentabilidade. “Podemos ter a oportunidade de conhecer outras experiências e, a partir das dificuldades e potencialidades apontadas, elas poderão ser adaptadas em nosso Estado”, completou.

Para o representante do Instituto de Manejo e Certificação Florestal Agrícola do Pará (Imaflora) Marcos Froes, valeu a pena vir até o Espírito Santo e perceber quais são as sinergias que a cultura do café, que é mais evoluída tecnicamente, pode ter com outras culturas e em outros ambientes. “O objetivo é tentar aplicar as metodologias técnicas, a partir da mobilização de grupos, em outras culturas também, a partir das suas semelhanças e diferenças”, contou.

Capacitação

Serão capacitados, no total, 70 extensionistas e 40 profissionais do setor privado, com base no currículo mínimo de sustentabilidade, lançado no dia 19 de março deste ano, na sede do Incaper. Segundo Pedro Ronca, a capacitação já foi feita com 35 extensionistas no município de Domingos Martins. O objetivo é alcançar duas mil propriedades agrícolas para que elas sejam multiplicadoras de conhecimento no campo.

Currículo Mínimo de Sustentabilidade

É um documento de elaboração coletiva que foi construído com a participação dos serviços de assistência técnica e extensão rural dos principais estados produtores de café do Brasil (Emater-MG, Incaper-ES, Cati-SP, Emater-PR e Emater-RO), entidades de classe, institutos, associações e organismos de certificação. 

O currículo é uma referência comum para a aplicação de sustentabilidade nas propriedades de café. Seu conteúdo é dividido em três categorias de práticas com ordem crescente de prioridade de adequação (proibidas, prioritárias e recomendadas). O produtor que atingir um bom cumprimento do conteúdo será mais sustentável. 

Como conseqüência destas boas práticas, o pequeno e médio produtor vai obter maior lucro, economizar em insumos, melhorar a produtividade e qualidade do café e controlar os custos de produção. Além disso, seu solo e água serão preservados e os impactos produtivos diminuídos. Outros benefícios serão o cumprimento da legislação, mais segurança e organização no trabalho.


Algumas Metodologias

A engenheira agrônoma da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Minas Gerais, Maria Helena Pinheiro Soares, afirmou que participar de processos que contribuem para a construção de estratégias de desenvolvimento rural sustentável, de forma coletiva, é a maneira ideal de dialogar com os agricultores familiares. 

Além de citar alguns problemas e potencialidades da cafeicultura em Minas Gerais, a engenheira também sugeriu algumas dicas na aplicação da assistência técnica coletiva e que já são adotadas pela Emater. São eles: diagnóstico participativo por campo, calendário sazonal, realização de cursos, dias de campo, excursões técnicas, mapeamento participativo, reuniões problematizadoras e oficinas. 

Inovação

O chefe de gabinete do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) Marcos Valentin Martins, levantou alguns métodos para gestão da inovação e relembrou que o conceito desta palavra se modificou ao longo do tempo. Segundo ele, hoje a o sentido de inovação tem um significado mais amplo que é transformar conhecimento em recurso, desenvolvimento, solução efetiva de problemas, melhoria de vida e economia de recursos. 

Marcos Valentin citou alguns passos para a gestão da inovação como a identificação dos problemas, transferência de tecnologia e implementação. Em seguida, mostrou como é organizada a formação de especialistas no campo e quais são os métodos para que pesquisadores, especialistas de cultura, técnicos de campo e produtores sejam multiplicadores de informação. 


Ater de Cafeicultura Sustentável

O especialista em café e chefe do escritório local do Incaper em Brejetuba Fabiano Tristão Alexandre abordou as etapas das atividades e os resultados da reestruturação do projeto de Assistência Técnica Rural de Cafeicultura Sustentável (Ater) que aconteceu em 2005, com a chegada de 90 novos técnicos e em parceria da Prefeitura Municipal de Brejetuba.

Fabiano Tristão contou que em 2014 foram mais de 1.400 produtores atendidos e o enfoque dos trabalhos ganhou um caráter mais construtivista, integrado e coletivo. No projeto de Ater foram construídas unidades de referência e introduzidas as metodologias de forma coletiva e baseadas no Currículo Mínimo de Sustentabilidade, que geraram resultados positivos. 

“Estou muito contente em saber que as ações baseadas no Currículo Mínimo de Sustentabilidade não estão focadas somente na difusão de tecnologias, mas também na eficiência de como elas vão chegar até o campo”, contou Fabiano.

Ele também lembrou a importância dos trabalhos de pesquisa feitos pelo Incaper e que só são possíveis se realizados junto aos agricultores.

Fundação Neumann Brasil – MG

O workshop também contou com as experiências da Fundação Neumann Brasil, que atua desde 1991. Os trabalhos são sem fins lucrativos e como uma plataforma no setor cafeeiro promovendo a sustentabilidade dos meios de subsistência dos pequenos cafeicultores e suas famílias. 

O diretor geral da Neumann Brasil Élio Cruz de Brito, apresentou as etapas do desenvolvimento do trabalho, como diagnóstico e planejamento, organização dos produtores, avaliação dos componentes climáticos, compra coletiva de aduba, capacitação sobre fertilidade do solo, nutrição cafeeira, amostragem de solo, retirada e análises de amostra. 

Segundo Neumann, o modelo de assistência técnica coletiva confere a quatro tipos de capacidade que devem estar interligadas: de análise, de reação, de organização e finalmente, de inovação.

Ao final do evento, houve um amplo debate com os especialistas.


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Texto: Tatiana Caus
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