Asscom/Sesa
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Maurílio ficou com a mão direita totalmente deformada, mas conseguiu recuperar os movimentos e a funcionalidade com a terapia ocupacional. |
Cortar um alimento, mudar o canal da
TV ou simplesmente acenar para um colega
são ações tão comuns no nosso dia a dia que
nem percebemos a importância de nossas
mãos. Sim, as mãos representam um grande
passo na evolução do homem. Já imaginou
não conseguir movimentá-las?
No Hospital Estadual Dr. Jayme Santos
Neves, na Serra, os pacientes que
passaram por algum tipo de intervenção
cirúrgica nas mãos têm à disposição um
terapeuta ocupacional especializado em
mãos, o que aumenta as chances
de uma recuperação melhor e mais
rápida.
O hospital é o primeiro no Espírito Santo a oferecer os dois serviços (a cirurgia
de mão e a reabilitação) pelo Sistema Único de Saúde (SUS) dentro do próprio
estabelecimento. Em outros hospitais da rede pública estadual, o paciente faz
a cirurgia e é encaminhado direto para o Centro de Reabilitação Física do Espírito
Santo (Crefes), em Vila Velha, onde também recebe todo o tratamento necessário.
“Pacientes que operam as mãos precisam de um acompanhamento pós-operatório
específico. Sem a reabilitação, a cirurgia não apresenta resultados satisfatórios,
ainda que o procedimento cirúrgico tenha sido bem-sucedido”, explica a terapeuta
ocupacional Caroline Fundão Freitas Lima, que trabalha no ambulatório de terapia
ocupacional do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves.
No caso do pintor Maurílio Pereira de Almeida, 20 anos, o prognóstico não era nada
bom. Num momento de estresse, ele levou um copo que estava na mão dele contra
a parede. Resultado: teve lesão nos tendões extensores e rompeu o nervo mediano,
prejudicando a função de pinça e oponência do polegar.
A terapeuta ocupacional Caroline Lima explica que Maurílio ficou com o que se
chama mão de macaco. É quando a palma da mão fica aberta e os dedos
semifechados, uma deformação que limita totalmente as funções da mão.
Especialista em reabilitação de membro superior e neuroreabilitação, Caroline
Lima garante que o rapaz só retomou os movimentos porque iniciou a terapia
logo após a cirurgia. Ainda com a mão do paciente imobilizada, ela começou
a trabalhar as articulações não atingidas, fazendo movimentos para evitar o enrijecimento.
Ela conta que a mão do paciente estava muito inchada e foi preciso reduzir o edema
massageando o local afetado. “Quando nos machucamos, as fibras do local
afetado ficam emboladas. É como se fosse uma camisa apertada, que limita o
movimento dos nossos braços. Num caso como esse, os tendões agarram na
cicatriz, por isso é necessário começar massageando a região, para remodelar
a pele. Quanto antes iniciar esse trabalho, maior é a chance de recuperação”, detalha.
Técnica
Segundo a terapeuta ocupacional, a terapia de mãos faz uso de várias técnicas
no processo de reabilitação, e o planejamento do atendimento é feito conforme
as necessidades de cada paciente. Segundo Caroline Lima, a terapia busca tratar
a cicatriz para prevenir aderências e queloides, além de controlar a dor e o edema
(inchaço).
Mas o trabalho vai além: envolve a realização de exercícios e atividades para ganho
de amplitude de movimento e força, orientação para a reeducação sensorial,
promoção e treino de motricidade fina (para recuperar a habilidade das mãos
e da ponta dos dedos), orientação postural e de ergonomia, confecção de órteses
e adaptações sob medida.“O objetivo da terapia ocupacional, nestes casos, é dar
função para as mãos. Orientar e treinar o paciente para o retorno às
atividades cotidianas, trabalho e lazer”, detalha.
Rosângela Silva prendeu o dedo na porta de casa e teve uma amputação
traumática da polpa digital. Em dezembro, iniciou a terapia de mão e, em
pouco tempo, ela já sente uma grande diferença. “Eu não conseguia mais
mexer a mão. Pensei que nunca mais fosse conseguir fazer as coisas e aqui
estou, em menos de um mês já consigo fazer quase tudo. Ainda sinto dor, é
claro, mas eu sei que estou no caminho certo”, disse a dona de casa.
A terapeuta ocupacional Caroline Lima reconhece que o processo de reabilitação
é dolorido e conta que alguns pacientes chegam a prejudicar a própria
recuperação porque não querem enfrentar a dor. Mas ela afirma que o
sucesso na recuperação é grande, na maioria dos casos, e ela se orgulha
das conquistas. “A melhora de cada paciente é uma verdadeira conquista da
equipe, ou seja, do médico e do terapeuta, e também do paciente,
que precisa cooperar comparecendo às sessões e superando seus próprios
limites para alcançar o melhor resultado”, comenta.
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