sexta-feira, 27 de março de 2015

Tradição e cores nas máscaras de congo do Mestre Valcedi, em Cariacica

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Tradição, religiosidade, folclore e cultura. O Carnaval de Congo de Máscaras em Roda D’água representa a memória e a história do povo de Cariacica ilustrado na festa das cores e do ritmo dos tambores e da casaca. Como símbolo da cultura do município, o congo de máscaras mantém acesa uma das mais representativas manifestações folclóricas do Estado.
Até o dia 13 de abril, quando é realizado o Congo de Máscaras, iremos abordar toda sexta, uma matéria especial com personagens, história e divulgação dos festejos. Nesta semana, expomos a sensibilidade da arte do mestre Valdeci na produção das máscaras que colorem o carnaval de congo.
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Valdeci Ferreira Vieira, 61 anos, mestre da Banda de Congo São Sebastião de Taquaruçu
Neto e filho das raízes do congo de máscaras, Valdeci Ferreira Vieira, mestre Valdeci de Taquaruçu, carrega nas veias a herança da manifestação cultural de Cariacica. Representante da festa das cores e do som dos tambores, mestre Valdeci, aos seus 61 anos, desenvolve há mais de quatro décadas o trabalho artístico de confecção de máscaras.
Nascido e criado na área rural do município, mestre Valdeci aprendeu ainda cedo os ensinamentos do congo. A ligação com as tradições da festa folclórica despertou para o aprendizado dos instrumentos de rodas de congo. Já aos 14 anos, recebeu do seu pai, os símbolos de liderança do grupo: uma buzina e um chocalho, tornando mestre de banda, na época ainda conhecido como buzineiro ou puxador.
A proximidade com as memórias do congo também o despertou para a confecção das máscaras. Caracterizando a personificação lendária dos mascarados, Valdeci aprendeu com o mestre Queiroz os primeiros ensinamentos do trabalho manual de produção das máscaras. Segundo a história, os antigos escravos usavam as máscaras para se juntar ao cortejo e não serem reconhecidos, com o tempo, essa prática foi incorporada à festa folclórica.
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Máscaras produzidas pelo mestre Valdeci
Na época em que começou, com 20 anos, o trabalho ainda era feito com pano, pintando no tecido a máscara. Além de esconder o rosto, todo o corpo era coberto, normalmente com folhas de bananeira para que a pessoa não fosse identificada, apenas revelando ao final da apresentação. Mantenedor do carnaval de congo, mestre Valdeci lembra de quando o cortejo acontecia somente nas casas. Com o tempo, o festejo evoluiu, com participação de outras comunidades percorrendo as estradas da região de Roda D’Água.
Para a construção das máscaras, a matéria-prima antes utilizada era o barro, precisando de um tempo longo para secar. Atualmente, o trabalho é agilizado com argila criando o molde da máscara. Com a forma pronta, papeis são fixados no suporte com cola. No passado, o que era utilizado era uma goma caseira (mandioca, polvilho e água), criando o molde da máscara para receber a coloração. Antes, as cores eram improvisadas com colorau, cinza de carvão e sementes de algumas plantas.
Alimentando o imaginário da festa folclórica, as máscaras colorem as rodas de congo, que acompanham a alegria  e a emoção das canções entoadas na voz do artista e mestre Valdeci:
Eu queria ser tucano                                                                                                             Tucano ou araçari                                                                                                               Que lhe entra no teu peito                                                                                                 Para nunca mais sair
Da laranja, daí-me um gomo                                                                                              Da lima, um pedacinho                                                                                                       Do teu corpo um abraço                                                                                                         Da 

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