A automedicação é uma prática comum entre os brasileiros. Armazenar remédios de forma inadequada ou usá-los sem prescrição médica pode causar desde reações adversas e intoxicações a problemas mais graves de saúde, podendo até levar à morte.
Segundo a farmacêutica e coordenadora do Centro de Informação sobre Medicamentos do Espírito Santo (Ceimes), Elizoneth Campos Delorto Sessa, a pessoa que se automedica se expõe a vários riscos. O erro começa quando ela mesma tenta se autodiagnosticar e procura um medicamento para sanar o problema. “Esse autodiagnóstico poderá estar errado e, consequentemente, a pessoa fará uso de um medicamento não apropriado para tratar aquele problema de saúde. Por isso, é necessária sempre a orientação de um médico ou farmacêutico”, explica.
Um hábito comum é consumir medicamentos para dor de cabeça, febre, cólica e outras dores. Porém, até para o uso de medicamentos de venda livre, ou seja, aqueles que podem ser comprados sem receita médica, a pessoa deve procurar a orientação de um especialista, pois esses medicamentos também possuem riscos e contraindicações. “É comum o uso desse tipo de medicamento, mas eles podem atrasar diagnósticos e tratamento de doenças mais graves. Os remédios mais usados na automedicação são analgésicos, descongestionantes nasais, anti-inflamatórios e medicamentos para distúrbios gástricos”, afirma Elizoneth.
Segundo a coordenadora do Ceimes, na própria farmácia os profissionais podem dar orientações sobre o uso de remédios de venda livre. “A orientação é no sentido de avaliar se existe contraindicação para o uso de determinado remédio, observando se o paciente é idoso ou gestante, se ele usa outros tipos de medicamentos que podem interferir na eficácia do outro”, completa.
Os principais riscos de uma automedicação são a ocorrência de reações alérgicas ao remédio, a potencialização de efeitos adversos quando misturados com bebidas alcoólicas ou quando combinados com outros medicamentos, o uso de dosagem inadequada e também o desconhecimento sobre os efeitos adversos do remédio e o perigo de se expor a eles. A sonolência, por exemplo, que é efeito adverso de determinados medicamentos, representa um perigo para quem precisa manusear máquinas ou dirigir.
O uso de remédios por conta própria combinado a outros medicamentos também pode provocar interação medicamentosa,ou seja, ele pode interferir na eficácia de um tratamento que já vem sendo realizado.
De acordo com o coordenador do Centro de Atendimento Toxicológico do Espírito Santo (Toxcen), Nixon Sesse, foram notificados 289 casos de automedicação em 2013. Dentro desse número, 69 casos ocorreram com menores de 14 anos que foram medicados pelos pais ou responsáveis sem orientação médica. “A faixa etária pediátrica mais afetada com a automedicação é a de 10 a 14 anos. Percebemos também que a medicação sem orientação médica nessas idades acontece principalmente com analgésicos, anti-inflamatórios e psicofármacos (antidepressivos)”, conclui Sesse.
Já entre os adultos, quem mais pratica automedicação são pessoas na faixa etária de 20 e 29 anos. Entre esse público é mais comum a automedicação com psicofármacos, analgésicos e anti-inflamatórios.
Armazenamento
O coordenador do Centro de Atendimento Toxicológico do Espírito Santo (Toxcen), Nixon Sesse, orienta que o armazenamento de remédios em casa deve receber um cuidado especial para não expor crianças e outras pessoas à intoxicação. Por isso, deve-se sempre guardar remédios em locais elevados, longe do alcance de crianças, observar se precisam ser refrigerados e mantê-los em locais arejados e longe da luz solar.
Esse cuidado é importante porque um medicamento armazenado incorretamente pode se deteriorar e perder sua eficácia ou se transformar em substâncias tóxicas. Além disso, os remédios devem sempre ser guardados em sua embalagem original para que a pessoa não corra o risco de tomar um medicamento por engano.
Para evitar riscos, é preciso também estar atento ao prazo de validade do remédio e comprar a quantidade necessária para o tratamento. “Nunca se deve usar um remédio fora do prazo de validade. Se o medicamento sobrar após o tratamento, ele não pode ser utilizado, pois depois de aberto ele pode perder a eficácia, como é o caso dos antibióticos. Comprar a quantidade adequada para um tratamento também é importante para que não criemos em casa a nossa própria farmácia, o que contribui com a automedicação”, explica o coordenador.
Intoxicação
O Toxcen oferece um serviço de recomendação e informação para a população e profissionais da saúde sobre atendimento, diagnóstico e tratamento de agravos toxicológicos para o ser humano e animais. Esse atendimento é realizado por meio do telefone.
Nixon Sesse explica que em casos de suspeita de intoxicação a pessoa deve entrar em contato com o Toxcen para receber a orientação necessária. É verificado se há um risco de intoxicação, se há a necessidade de procurar uma unidade de saúde e, se precisar, qual a unidade mais adequada para atender a situação. “Esse serviço é importante porque é uma forma de facilitar, agilizar a informação e o acesso rápido a uma unidade de saúde especializada na intoxicação”, acrescenta.
O atendimento do Toxcen é realizado 24 horas por meio do número 0800 283 9904.
Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Saúde
Jucilene Borges
Juliana Rodrigues
Ana Carolina Stutz
Juliana Machado
Texto: Ana Carolina Stutz
Tels.: (27) 3345-8074/3345-8137/9 9969-8271/9 9983-3246/9 9943-2776
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