André Sobral
Pessoas em situação de rua são encaminhadas para o Serviço Especializado em Abordagem Social
Acordar cedo, fazer o café, vestir o uniforme e seguir para o trabalho. Ações que parecem muito comuns representam um desafio diário para pessoas que deixaram de viver nas ruas de Vitória e hoje constroem uma nova vida, reorganizam o cotidiano e tentam resgatar família, felicidade e segurança.
Foi com foco nesse resgate da cidadania que a equipe do Projeto Moradias Alternativas (PMA) saiu em busca de parcerias para reposicionar no mercado de trabalho alguns beneficiários. Tão logo identificam a possibilidade de autonomia para o trabalho, a equipe indica o beneficiário a uma das empresas parceiras para realização de entrevista e, se for possível, posterior contratação.
"É uma parceria importante porque esses beneficiários estão ainda fragilizados pela vivência nas ruas, mas ao mesmo tempo apresentam características fundamentais para exercer algumas atividades. Nós fazemos essa ponte com a empresa e o acompanhamento nesse processo de adaptação e experiência buscando fortalecer essas possibilidades que são trazidas pelo ato de trabalhar", explicaram as assistentes sociais Vera Lúcia da Silva e Adriana Belo.
Como funciona
Depois de ser acompanhado há pelo menos um ano pela equipe do Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas), o beneficiário é encaminhado para o PMA e aquele que apresenta alguma autonomia para administrar sua própria moradia é incluído no projeto e passa a receber o benefício do aluguel social.
Antes de conceder o benefício, o caso é avaliado por uma comissão intersetorial de análise e acompanhamento que envolve representantes das secretarias de Cultura, Esportes, Cidadania e Direitos Humanos, Saúde, Educação, Habitação e Assistência Social.
O acompanhamento envolve uma equipe multidisciplinar que realiza estudos de casos e observa se os beneficiários estão buscando oficinas, aderindo às ofertas da rede, cumprindo os compromissos acordados e interferindo, assim, na realidade que os colocou em situação de rua.
Balbino Coelho dos Santos tem 40 anos e viveu nas ruas por cinco anos. Estudou até o terceiro ano do ensino fundamental e trabalhou em diversas atividades antes de chegar às ruas. "Eu hoje quero melhorar de vida e conseguir o que antes eu achei que fosse impossível. Estou me dedicando pra me levantar e realizar o sonho de ter o que eu não tinha".
Há dois meses, ele trabalha como auxiliar de serviços gerais e, com o primeiro salário, adquiriu uma geladeira e uma botija de gás. "Pra algumas pessoas, parece pouco, mas conseguir com o trabalho da gente aquilo que não tinha é muito importante. Assim que eu puder, vou voltar a estudar porque eu leio, mas não entendo muito bem e isso pode me ajudar a melhorar no trabalho'.
Nova realidade
O gerente do projeto, Felipe Barbosa Sant'Anna, explicou que o trabalho é um desafio, já que as pessoas que viviam em situação de rua precisam passar por adaptações à nova realidade e a obrigações. "Por isso o trabalho de parceria com as empresas e de acompanhamento feito por nossa equipe é fundamental nesse período de reinserção à cidadania".
"O PMA integra ações fundamentais para a reconstituição da autonomia. Com a casa temos um novo processo de cidadania implementado, mas é preciso cuidar dela, saber voltar para usufruir desse benefício, e o trabalho é fundamental para a inserção nesse novo território que representa um desafio para esses ex-moradores de rua", explica o secretário de Habitação, Sérgio Sá.
Projeto
Em junho de 2013, quando foi iniciado, o PMA inseriu cinco moradores em situação de rua e atualmente conta com 26 munícipes inclusos. São duas modalidades de atendimento: Bolsa Moradia (aluguel) e Auxílio Moradia (Carta de Crédito).
Atuando de forma integrada ao programa "Onde Anda Você?", o PMA reúne ações em quatro etapas (prevenção, acolhimento, encaminhamento e integração/inserção social) que têm como objetivo proporcionar melhores condições de vida social e familiar aos cidadãos, com uma maior atenção à população menos favorecida.
Informações à imprensa:
Rejane Gandini Fialho (rgfialho@vitoria.es.gov.br) | Tel(s).: 3324-9023 / 98849-6288
Com edição de Matheus Thebaldi
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