terça-feira, 2 de setembro de 2014

Apresentação de dança de alunos especiais emociona plateia em escola em Vitória


Publicada em 02/09/2014, às 15h21

André Sobral
Apresentação de Dança
Apresentação de João Victor, que tem paralisia cerebral, emocionou plateia na Emef Mauro Braga(Ampliar imagem)
André Sobral
Apresentação de Dança
Espetáculo de dança contemporânea "A Caverna" foi idealizado pelo professor Marcos Pitanga(Ampliar imagem)
Será que estamos todos cegos? Segundo Platão, a caverna é uma metáfora para o fato de que somos prisioneiros de um mundo que não representa a realidade. Para conhecer de verdade essa realidade, nós precisamos nos libertar das influências culturais e sociais, ou seja, sair da caverna. João Victor prova que isso é possível e leva muita gente com ele.
Cadeirante, com paralisia cerebral, João Victor Correa de Souza tem 11 anos e, no ano passado, protagonizou na escola onde estuda, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Mauro Braga, no bairro Santa Teresa, o espetáculo “A Ostra”, numa analogia à beleza que se encontra no interior do molusco quando ele se abre. Até ganhou elogio do jornalista e formador de opinião Heródoto Barbeiro, em nível nacional. A pérola que encantou todos na época agora influencia outros, como o garoto Felipe, de 9 anos, que tem Síndrome de Down.
Juntos, eles integram o espetáculo de dança contemporânea "A Caverna" e quebram preconceitos, surpreendem e encantam. A peça foi encenada nesta segunda-feira (1º), na Emef Mauro Braga.
O idealizador, Marcos Pitanga, que é professor e coreógrafo, cumpre bem o seu papel de educador. Assim, esse módulo do projeto "Cidadão Dançante" é a continuação da trilogia "A Ostra (2013), A Caverna (2014) e A Barca (2015)", que busca, por meio do emprego desse corpo aparentemente frágil, romper com a ideia de que a pessoa com deficiência é incapaz, prisioneira de uma sociedade que tem dificuldade de mudança.
"É preciso se afastar, olhar para dentro, encontrar a porta de saída e seguir o percurso com sabedoria e respeitando as diferenças. Esse estudo constitui-se de elementos para reavaliar nossos preconceitos e pensar na deficiência como uma potencialidade a ser desenvolvida, e não estigmatizada", avaliou Marcos Pitanga.

Incentivo

"É importante frisar que as artes têm a mesma importância na escola como a Matemática e o Português. Victor e Felipe hoje dão o melhor de si para os espectadores. A ideia é incentivar que os demais a saiam da zona de conforto e realizem algo diferente. Sair da caverna é preciso", recomendou.
"Foi muito diferente. Achei lindo. Eles nos ensinaram a sair da caverna, porque a gente não pode se isolar do mundo. Nós precisamos aprender coisas novas para podermos crescer sempre", disse a aluna Sara Marcos, de apenas 10 anos.
André Sobral
Apresentação de Dança
André Sobral
Apresentação de Dança

Famílias

A tia Samira Correa de Souza foi conferir a apresentação de João Victor. "Parar não é uma opção. João este ano estava um pouco indeciso, mas decidiu que o show deve continuar. Agora, ele também está engajado nas aulas de robótica e é uma felicidade vê-lo aproveitar os recursos que escolhe, por mais que sejam impensáveis por nós. Ele está se integrando cada vez mais na sociedade, se desenvolvendo e adquirindo cada vez mais autoconfiança. É só motivo de orgulho para nós", disse Samira.
Na plateia de Felipe, estavam o pai, Antônio Carlos Levoni de Aragão, a mãe, Gorete Levoni, e as duas avós, Alaíde e Odete. "Eu já sabia do que ele é capaz, mas confesso que fiquei surpreso com tamanho comprometimento do Felipe com o projeto e a desenvoltura dele na apresentação de hoje. Ele é uma criança tímida, mas hoje superou esse fator e realizou a coreografia na frente de uma plateia grande. Felizmente me enganei, a apresentação foi emocionante", relatou o pai do aluno Felipe, Antônio Carlos Levoni de Aragão
"Felipe é muito tímido. Cheguei a cogitar que na última hora ele fosse desistir de se apresentar. Fiquei surpresa! Ele dançou como se ninguém estivesse assistindo. Ele se soltou e estava muito feliz. Tem coisas que a ciência a medicina não fazem. Mas a arte transforma. Olha meu filho aí. E foi maravilhoso, Estou emocionada até agora”, contou a mãe Gorete.
André Sobral
Aluno e Família
Família do estudante Felipe, que tem Síndrome de Down, prestigiou a apresentação(Ampliar imagem)
André Sobral
João Victor com sua Irmã
Alegria tomou conta dos alunos e familiares após a encenação(Ampliar imagem)

Informações à imprensa:

Carmem Tristão (ctristao@vitoria.es.gov.br) | Tel(s).: 3135-1000 / 98889-6140 / 98139-7097
Com edição de Matheus Thebaldi
Com colaboração de Janaína Zambelli


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