Nada de fogueira, nem de pés descalços, nem de repentes... Adolescentes comemoram
oito anos de jongo, arte brasileira de origem africana dançada ao som de tambores!
A realidade dos jongueirinhos de Itapemirim, ao representarem o município por aí, não
difere, em nada, das apresentações das equipes adultas: batuque dos tambores, fogueira,
tanto, dança circular e os mesmos ‘causos’ que vêm das antigas senzalas das fazendas
produtoras de cana-de-açúcar e posteriormente, de café do Sudeste brasileiro... Certo?
Exatamente, mas na noite do ultimo sábado (27) a criançada se esbaldou: balas, bolo
confeitado, pipoca, doces, cachorro-quente, refrigerantes, balões coloridos e muita,
mas muita animação e, ao som do DJ Tannury, os membros do Grupo de Jongo
Mirim “Chrispiniano Balbino Nazareth” comemoraram o oitavo aniversário da equipe
que, tradicionalmente, reúne atuais membros e ex-integrantes. O evento é realizado
anualmente no mês de setembro, no bairro Santo Antonio.
“Eles iniciaram-se na carreira artística, bem novinhos! Uns com apenas três anos,
outros, pouco maiores. Hoje, novos e ex-integrantes se reencontraram para comemorar
oito anos de existência do jongo mirim”, comenta a idealizadora do projeto, Cleuza Maria Gomes.
De acordo com Cleuza, Mestra Quequê, como é conhecida a responsável pelos
pequenos jongueiros, a celebração tem o objetivo de incentivar os atuais componentes
a permanecerem no grupo e não deixarem morrer a arte repassada por seus ancestrais,
além de promover um reencontro com ex-componentes: “Nossa intenção é despertar,
nos mais novos, o interesse em vir jongar conosco. O jongo é secular em Itapemirim e
se nada fizermos, essa cultura será dissipada de nossa comunidade”, lamenta!
O jongo mirim de Itapemirim, segundo a mestra, tem apoio cultural da Municipalidade,
mas, atualmente, único em atividade na região, sendo marca identitária do município e
a ultrapassar fronteiras para levar a cultura genuinamente local a outros estados, tende a
se extinguir, caso novos integrantes não procurem se inserir ao programa.
Objeto de pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e do Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o folclore é patrimônio imaterial
brasileiro e motivo de orgulho para todos os itapemirinenses, porém, corre o risco de
acabar porque os integrantes estão crescendo e buscam novos rumos, acentua a mestra:
“Convido aos pais a incentivarem seus filhos a conhecerem o jongo para que possamos
manter a tradição no nosso município! Infelizmente muitos integrantes do grupo de
jongo da equipe adulta já morreram. Os que ainda restam, são idosos. Se nossas crianças
não aderirem à tradição, essa cultura vai acabar”, ressalta.
A festa em comemoração aos oito anos de existência do jongo manteve o diferencial
praticado nas edições anteriores: a participação popular! O comércio local contribui
doando brindes e os familiares dos integrantes confeccionam os petiscos e guloseimas
que foram servidos aos convidados durante os festejos.
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