segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Jongo mirim de Itapemirim celebra oito anos em grande estilo


Nada de fogueira, nem de pés descalços, nem de repentes... Adolescentes comemoram
oito anos de jongo, arte brasileira de origem africana dançada ao som de tambores!

A realidade dos jongueirinhos de Itapemirim, ao representarem o município por aí, não
difere, em nada, das apresentações das equipes adultas: batuque dos tambores, fogueira,
tanto, dança circular e os mesmos ‘causos’ que vêm das antigas senzalas das fazendas
produtoras de cana-de-açúcar e posteriormente, de café do Sudeste brasileiro... Certo?

Exatamente, mas na noite do ultimo sábado (27) a criançada se esbaldou: balas, bolo
confeitado, pipoca, doces, cachorro-quente, refrigerantes, balões coloridos e muita,
mas muita animação e, ao som do DJ Tannury, os membros do Grupo de Jongo
Mirim “Chrispiniano Balbino Nazareth” comemoraram o oitavo aniversário da equipe
que, tradicionalmente, reúne atuais membros e ex-integrantes. O evento é realizado
anualmente no mês de setembro, no bairro Santo Antonio.

“Eles iniciaram-se na carreira artística, bem novinhos! Uns com apenas três anos,
outros, pouco maiores. Hoje, novos e ex-integrantes se reencontraram para comemorar
oito anos de existência do jongo mirim”, comenta a idealizadora do projeto, Cleuza Maria Gomes.

De acordo com Cleuza, Mestra Quequê, como é conhecida a responsável pelos
pequenos jongueiros, a celebração tem o objetivo de incentivar os atuais componentes
a permanecerem no grupo e não deixarem morrer a arte repassada por seus ancestrais,
além de promover um reencontro com ex-componentes: “Nossa intenção é despertar,
nos mais novos, o interesse em vir jongar conosco. O jongo é secular em Itapemirim e
se nada fizermos, essa cultura será dissipada de nossa comunidade”, lamenta!

O jongo mirim de Itapemirim, segundo a mestra, tem apoio cultural da Municipalidade,
mas, atualmente, único em atividade na região, sendo marca identitária do município e
a ultrapassar fronteiras para levar a cultura genuinamente local a outros estados, tende a
se extinguir, caso novos integrantes não procurem se inserir ao programa.

Objeto de pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e do Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o folclore é patrimônio imaterial
brasileiro e motivo de orgulho para todos os itapemirinenses, porém, corre o risco de
acabar porque os integrantes estão crescendo e buscam novos rumos, acentua a mestra:
“Convido aos pais a incentivarem seus filhos a conhecerem o jongo para que possamos
manter a tradição no nosso município! Infelizmente muitos integrantes do grupo de
jongo da equipe adulta já morreram. Os que ainda restam, são idosos. Se nossas crianças
não aderirem à tradição, essa cultura vai acabar”, ressalta.

A festa em comemoração aos oito anos de existência do jongo manteve o diferencial
praticado nas edições anteriores: a participação popular! O comércio local contribui
doando brindes e os familiares dos integrantes confeccionam os petiscos e guloseimas
que foram servidos aos convidados durante os festejos.

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