segunda-feira, 25 de julho de 2016

“Mulheres do Batatal” se destacam em Alfredo Chaves

Ana Penteado/Incaper
Mulheres responsáveis pelos "Produtos Vale do Batatal". 

“Mulheres do Batatal” se destacam em Alfredo Chaves

25/07/2016 - 09h23min

Há mais de um ano, um grupo formado por quatro mulheres, tem se destacado na produção de biscoitos, conservas e massas no município de Alfredo Chaves. Com o incentivo do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), os alimentos ganharam a marca “Produtos Vale do Batatal”. 

Cláudia Tonini Lorenzon, Ana Maria Bertoli Fregonaci, Sônia Maria Bassetto Breda e Rita de Cássia da Silva, das comunidades de São Bento e São Francisco, trabalham juntas em um espaço que foi adequado sanitariamente sob as orientações do Incaper junto à vigilância sanitária do município.

Com o apoio do escritório local do Incaper de Alfredo Chaves, os rótulos dos produtos são adequados tecnicamente e as informações nutricionais específicas para cada produto são selecionadas.

Cláudia contou que os biscoitos de polvilho são o “carro-chefe” da produção, mas que os pedidos variam. Dentre as massas produzidas estão capeletes, ravióli, canelone, rondele, lasanha, que levam recheios variados. Todos os produtos são vendidos a preços acessíveis e são resultados de um trabalho 95% manual.

As atividades vão das segundas as quintas-feiras e todas as sextas-feiras elas se dividem na distribuição e na comercialização dos produtos, com a ajuda de alguns familiares. As mercadorias são vendidas nas lojinhas e nos supermercados de Alfredo Chaves, na Estação de Matilde e, em Vitória, nas repartições públicas e em algumas empresas.

Os resultados das atividades já começaram a aparecer. Até maio deste ano o lucro era destinado à reposição dos investimentos feitos. Agora, as empreendedoras já contabilizam um aumento de 10% na renda mensal. “Agora o valor que recebemos no final do mês é dividido irmãmente, mas sempre priorizando as necessidades do nosso espaço’’, contou Cláudia.

A economista doméstica do Incaper, Ana Penteado, contou que o grupo das “mulheres do Batatal” tem crescido cada vez mais na região, tanto pela qualidade dos produtos quanto pela atuação das mulheres. “É um trabalho que além de aumentar a renda familiar, melhora a autoestima das mulheres rurais, por meio da produção e da comercialização de produtos da agroindústria visando contribuir no orçamento familiar e promover a melhoria da qualidade de vida no campo”. 

Ana Penteado ainda reforçou o novo olhar da família para estas mulheres que produzem para além da atividade agrícola, dando visibilidade ao trabalho feminino, além do resgate do saber da cultura alimentar local, ao utilizar receitas de seus antepassados, reforçando uma atividade que tem uma identidade feminina. 

O início

Tudo começou há aproximadamente dois anos. As quatro mulheres já participavam da Associação Verdes Altos de Alfredo Chaves, formada por homens e mulheres que trabalham principalmente com a comercialização de banana e café na região.

Cláudia Tonini contou que sentiu a necessidade de unir um grupo só de mulheres, com aptidões em comum. “Inicialmente o grupo era formado por 15 mulheres, mas aos poucos nós quatro nos entrosamos e começamos a planejar com mais intensidade as atividades”, explicou.

As “mulheres do batatal” já haviam passado por três cursos: de massas, biscoitos e bolos; conserva de vegetais; e um curso sobre gestão de negócios rurais só para mulheres. Todos foram ministrados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o que as motivou a continuar com o sonho de ingressar no comércio. 

A economista Ana Penteado reforçou que o trabalho das mulheres transcende a questão meramente da produção. “É um trabalho que também abre portas para que elas se apoiem mutuamente, troquem opiniões, experiências pessoais e inclusive discutam as ações comunitárias”. 

Agroindústrias no Espírito Santo

Segundo dados levantados em pesquisa realizada (2013/2014) por agentes de extensão em desenvolvimento rural dos escritórios locais do Incaper e por técnicos vinculados às secretarias municipais de agricultura, aproximadamente 92% das agroindústrias localizam-se em propriedades rurais ou na zona rural dos municípios do Estado, contra apenas 8,2% que são instaladas na zona urbana. Estima-se que são 1274 empreendimentos envolvidos com a agroindustrialização dos produtos da agricultura familiar em todo Estado. 

Embora 34% das agroindústrias estejam localizadas na Região Sul Caparaó, o maior número médio de agroindústrias por município encontra-se na Região Centro Serrana, na qual desenvolveu-se fortemente o Agroturismo a partir da década de 1990. Nesta região estão localizados 33% dos empreendimentos envolvidos com a atividade, mesmo percentual que apresentam, juntas, as regiões Centro Norte e Extremo Norte, com 18 e 15% das agroindústrias do Estado, respectivamente.

Quantitativamente, os doze principais municípios nos quais a atividade é desenvolvida, estão igualmente distribuídos nas quatro regiões (três em cada região). Juntos, estes municípios totalizam 646 empreendimentos, equivalendo a mais da metade (50,7%) do número total estimado de agroindústrias no Estado.

Os levantamentos foram feitos junto a agricultores familiares, produtores e empreendedores rurais do Estado. No mesmo relatório, ao avaliar a informação por categorias de produto – origem vegetal, animal e bebidas -, observa-se que as mulheres são as principais responsáveis por agroindústrias, onde predomina a produção de alimentos de origem vegetal, e os homens onde predomina a produção de bebidas e produtos de origem animal. 


Contatos para encomendas: (27) 99997-7234 – Cláudia/ (27) 99688-3248 – fábrica. 


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Texto: Tatiana Caus 
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