Incaper
Coleta de frutos de aroeira em aldeia indígena
07/07/2016 - 07h53min
Agricultores capixabas estão aprendendo a lucrar cada vez mais com a colheita da pimenta-rosa, fruto da Aroeira. A espécie é nativa do Brasil e pode ser encontrada ao longo do litoral Sul e Sudeste. O Espírito Santo é o estado brasileiro de onde mais se extrai aroeira para a indústria. Por ter se mostrado uma boa alternativa de renda, muitas famílias de comunidades rurais, incentivadas pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), estão passando do extrativismo para o cultivo de aroeira.
No Espírito Santo, existem comunidades extrativistas que coletam a pimenta-rosa em 14 municípios litorâneos: Conceição da Barra, São Mateus, Linhares, Aracruz, Fundão, Serra, Vitória, Vila Velha, Guarapari, Anchieta, Piúma, Itapemirim, Marataízes e Presidente Kenedy; e ainda nos municípios de Boa Esperança, Pedro Canário, Sooretama e Viana.
Cultivos no Sul do Estado
No município de Presidente Kennedy, somente na localidade de Marobá, existem aproximadamente 30 famílias que coletam a pimenta-rosa, sendo 15 na comunidade de Campo Novo e seis em uma comunidade quilombola. De acordo com o extensionista e chefe do escritório local do Incaper em Presidente Kennedy, Solimar Santana Machado Gonçalves, a aroeira é um das principais fontes de renda de comunidades ribeirinhas nesse município.
“Trata-se de uma atividade promissora, que envolve o trabalho de toda a família. A aroeira é nativa e no nosso município o clima e o solo são bons para isso. Também há demanda de mercado para essa atividade”, relatou Solimar. Ele disse que já existem agricultores que estão procurando o Incaper para fazer plantios de aroeira.
O pescador Mauri Machado Paes, da comunidade de Marobá, coleta aroeira há 12 anos. “Eu e meu pai catamos aroeira. Como a comunidade vive da pesca, quando dá menos peixe, complementamos a renda com a venda da pimenta-rosa”, relatou.
Em Itapemirim, o incentivo ao cultivo de aroeira foi bastante expressivo na década de 1990. “Naquele período, houve distribuição de mudas para incentivar a atividade. Havia famílias que faziam sabonetes e essências de aroeira e vendiam na feira. No entanto, predominou a atividade extrativista. Hoje, nossa ação tem sido no sentido de orientar as famílias a realizarem uma colheita extrativista sustentável, a fim de evitar a degradação da planta”, explicou o extensionista do escritório do Incaper de Itapemirim, Edson Lucas Hautequestt.
Nesse município, as comunidades que catam aroeira são Gomes, Itaipava, Itaoca, Joacima, Muritioca, Fazenda Velha, Santo Amaro, Retiro, Bom Será, Santa Helena, Beira Rio, Ilha do Leandro e Palmital, entre outras. Em Marataízes, há cerca de 44 famílias com essa atividade em Boa Vista, Canudo e Lagoa Dantas.
Cultivo de aroeira no Norte do ES
No Norte do Estado, o município de São Mateus é maior produtor de aroeira, com plantios em diversas comunidades de agricultores familiares, em especial, na comunidade de Nativo. Em Aracruz, 11 comunidades indígenas coletam aroeira, que já é uma atividade tradicional para essas famílias.
Para o coletor Alexandre Quiezza, da aldeia Tupiniquim de Caieras Velhas, a cata da aroeira representa uma importante fonte de renda para todas as famílias que vivem na aldeia. “Nós trabalhamos com a coleta da aroeira há bastante tempo, desde que o preço do quilo era vendido a R$ 3,00. Hoje chegamos a vender por R$ 9,00. Se considerarmos as duas coletas que fazemos por ano, com o preço do quilo sendo vendido a R$ 6,00, teremos o retorno de R$ 12 mil por ano”, explicou Alexandre.
Ele disse que o maior desafio é melhorar a qualidade do fruto. “Precisamos melhorar a forma de colheita, pois muitos frutos estragam. Temos que realizar o manejo correto para ter frutos de qualidade e vender a um preço melhor. Nesse sentido, o escritório local do Incaper tem nos auxiliado muito. Já participamos de palestras e oficinas que nos deram uma orientação de como podar, colher, entre outras técnicas”, disse Alexandre.
O trabalho de fortalecimento da cadeia da aroeira junto às comunidades indígenas de Aracruz é feito pelo Incaper em conjunto com a ONG Camboas, que trabalha em parceria com a Fibria. “Nossa ação tem sido no sentido de prestar assistência técnica direta às comunidades, demonstrando como pode ser o manejo da aroeira, que inclui a forma correta de poda, adubação e colheita. Além disso, contribuímos para incentivar a organização social das famílias por meio de associação, a fim de melhorar a forma de comercialização do produto. É fundamental que haja cooperação nesse processo a fim de qualificar a produção”, relatou a extensionista do escritório local do Incaper em Aracruz, Fernanda Secchin.
Em abril deste ano, foi feito um workshop nas aldeias indígenas que contou com a participação de cerca de 150 pessoas. O tema de debate foi justamente o fortalecimento da cadeia da aroeira. De acordo com a engenheira florestal da ONG Camboas, Ana Paula Carmo, após essa atividade foi criado um grupo de trabalho indígena, responsável por planejar a melhoria da qualidade da aroeira nas aldeias. “O grupo irá discutir o extrativismo, o plantio e comercialização da aroeira, bem como a adoção de tecnologias recomendadas pelo Incaper”, relatou Ana Paula.
A equipe do Incaper, composta pela bióloga Fabiana Gomes Ruas, pelo pesquisador José Aires Ventura e pelos extensionistas do escritório local de Aracruz, Luiz Carlos Sacramento e Fernanda Secchin, e a ONG Camboas fizeram visita técnica nas aldeias indígenas em maio deste ano. Na oportunidade, foram visitadas desde pequenas áreas de cultivo de plantios recentes de aroeira em quintais, as naturais de mata nativa, até grandes áreas de reflorestamentos realizados a partir de condicionantes ambientais impostas a empresas instaladas no município.
Somente nessas comunidades indígenas, estão cerca de 900 famílias que se dedicam à coleta de aroeira em época de safra. O objetivo da visita técnica, além de acompanhar e orientar o processo de colheita da aroeira, também foi participar de uma reunião na sede do Projeto Programa Sustentabilidade Tupiniquim Guarani, ligado à ONG Camboas e à Fibria.
Na ocasião, foram definidas ações, como a capacitação para coletores, e estratégias para organizar a cadeia produtiva da aroeira e das famílias envolvidas, prevendo o cadastramento de coletores de aroeira nas áreas comuns das aldeias. “Discutiram-se também as diretrizes para o Termo de Cooperação entre as partes atuantes e um Plano de trabalho para treinamentos, seleção de matrizes e produção de mudas em função de demanda a ser levantada, atividades que terão a efetiva participação das comunidades indígenas”, disse a bióloga.
Assessoria de Comunicação do Incaper
Juliana Esteves - juliana.esteves@incaper.es.gov.br
Tatiana Caus – tatiana.souza@incaper.es.gov.br
Vanessa Capucho - vanessa.covosque@incaper.es.gov.br
Texto: Luciana Silvestre Girelli
Tel.: (27) 3636-9865 / (27) 3636-9868
Twitter: @incaper Facebook: Incaper
No Espírito Santo, existem comunidades extrativistas que coletam a pimenta-rosa em 14 municípios litorâneos: Conceição da Barra, São Mateus, Linhares, Aracruz, Fundão, Serra, Vitória, Vila Velha, Guarapari, Anchieta, Piúma, Itapemirim, Marataízes e Presidente Kenedy; e ainda nos municípios de Boa Esperança, Pedro Canário, Sooretama e Viana.
Cultivos no Sul do Estado
No município de Presidente Kennedy, somente na localidade de Marobá, existem aproximadamente 30 famílias que coletam a pimenta-rosa, sendo 15 na comunidade de Campo Novo e seis em uma comunidade quilombola. De acordo com o extensionista e chefe do escritório local do Incaper em Presidente Kennedy, Solimar Santana Machado Gonçalves, a aroeira é um das principais fontes de renda de comunidades ribeirinhas nesse município.
“Trata-se de uma atividade promissora, que envolve o trabalho de toda a família. A aroeira é nativa e no nosso município o clima e o solo são bons para isso. Também há demanda de mercado para essa atividade”, relatou Solimar. Ele disse que já existem agricultores que estão procurando o Incaper para fazer plantios de aroeira.
O pescador Mauri Machado Paes, da comunidade de Marobá, coleta aroeira há 12 anos. “Eu e meu pai catamos aroeira. Como a comunidade vive da pesca, quando dá menos peixe, complementamos a renda com a venda da pimenta-rosa”, relatou.
Em Itapemirim, o incentivo ao cultivo de aroeira foi bastante expressivo na década de 1990. “Naquele período, houve distribuição de mudas para incentivar a atividade. Havia famílias que faziam sabonetes e essências de aroeira e vendiam na feira. No entanto, predominou a atividade extrativista. Hoje, nossa ação tem sido no sentido de orientar as famílias a realizarem uma colheita extrativista sustentável, a fim de evitar a degradação da planta”, explicou o extensionista do escritório do Incaper de Itapemirim, Edson Lucas Hautequestt.
Nesse município, as comunidades que catam aroeira são Gomes, Itaipava, Itaoca, Joacima, Muritioca, Fazenda Velha, Santo Amaro, Retiro, Bom Será, Santa Helena, Beira Rio, Ilha do Leandro e Palmital, entre outras. Em Marataízes, há cerca de 44 famílias com essa atividade em Boa Vista, Canudo e Lagoa Dantas.
Cultivo de aroeira no Norte do ES
No Norte do Estado, o município de São Mateus é maior produtor de aroeira, com plantios em diversas comunidades de agricultores familiares, em especial, na comunidade de Nativo. Em Aracruz, 11 comunidades indígenas coletam aroeira, que já é uma atividade tradicional para essas famílias.
Para o coletor Alexandre Quiezza, da aldeia Tupiniquim de Caieras Velhas, a cata da aroeira representa uma importante fonte de renda para todas as famílias que vivem na aldeia. “Nós trabalhamos com a coleta da aroeira há bastante tempo, desde que o preço do quilo era vendido a R$ 3,00. Hoje chegamos a vender por R$ 9,00. Se considerarmos as duas coletas que fazemos por ano, com o preço do quilo sendo vendido a R$ 6,00, teremos o retorno de R$ 12 mil por ano”, explicou Alexandre.
Ele disse que o maior desafio é melhorar a qualidade do fruto. “Precisamos melhorar a forma de colheita, pois muitos frutos estragam. Temos que realizar o manejo correto para ter frutos de qualidade e vender a um preço melhor. Nesse sentido, o escritório local do Incaper tem nos auxiliado muito. Já participamos de palestras e oficinas que nos deram uma orientação de como podar, colher, entre outras técnicas”, disse Alexandre.
O trabalho de fortalecimento da cadeia da aroeira junto às comunidades indígenas de Aracruz é feito pelo Incaper em conjunto com a ONG Camboas, que trabalha em parceria com a Fibria. “Nossa ação tem sido no sentido de prestar assistência técnica direta às comunidades, demonstrando como pode ser o manejo da aroeira, que inclui a forma correta de poda, adubação e colheita. Além disso, contribuímos para incentivar a organização social das famílias por meio de associação, a fim de melhorar a forma de comercialização do produto. É fundamental que haja cooperação nesse processo a fim de qualificar a produção”, relatou a extensionista do escritório local do Incaper em Aracruz, Fernanda Secchin.
Em abril deste ano, foi feito um workshop nas aldeias indígenas que contou com a participação de cerca de 150 pessoas. O tema de debate foi justamente o fortalecimento da cadeia da aroeira. De acordo com a engenheira florestal da ONG Camboas, Ana Paula Carmo, após essa atividade foi criado um grupo de trabalho indígena, responsável por planejar a melhoria da qualidade da aroeira nas aldeias. “O grupo irá discutir o extrativismo, o plantio e comercialização da aroeira, bem como a adoção de tecnologias recomendadas pelo Incaper”, relatou Ana Paula.
A equipe do Incaper, composta pela bióloga Fabiana Gomes Ruas, pelo pesquisador José Aires Ventura e pelos extensionistas do escritório local de Aracruz, Luiz Carlos Sacramento e Fernanda Secchin, e a ONG Camboas fizeram visita técnica nas aldeias indígenas em maio deste ano. Na oportunidade, foram visitadas desde pequenas áreas de cultivo de plantios recentes de aroeira em quintais, as naturais de mata nativa, até grandes áreas de reflorestamentos realizados a partir de condicionantes ambientais impostas a empresas instaladas no município.
Somente nessas comunidades indígenas, estão cerca de 900 famílias que se dedicam à coleta de aroeira em época de safra. O objetivo da visita técnica, além de acompanhar e orientar o processo de colheita da aroeira, também foi participar de uma reunião na sede do Projeto Programa Sustentabilidade Tupiniquim Guarani, ligado à ONG Camboas e à Fibria.
Na ocasião, foram definidas ações, como a capacitação para coletores, e estratégias para organizar a cadeia produtiva da aroeira e das famílias envolvidas, prevendo o cadastramento de coletores de aroeira nas áreas comuns das aldeias. “Discutiram-se também as diretrizes para o Termo de Cooperação entre as partes atuantes e um Plano de trabalho para treinamentos, seleção de matrizes e produção de mudas em função de demanda a ser levantada, atividades que terão a efetiva participação das comunidades indígenas”, disse a bióloga.
Assessoria de Comunicação do Incaper
Juliana Esteves - juliana.esteves@incaper.es.gov.br
Tatiana Caus – tatiana.souza@incaper.es.gov.br
Vanessa Capucho - vanessa.covosque@incaper.es.gov.br
Texto: Luciana Silvestre Girelli
Tel.: (27) 3636-9865 / (27) 3636-9868
Twitter: @incaper Facebook: Incaper
Nenhum comentário:
Postar um comentário