Por Thais Fernandes, com Mariana Proença
Há seis anos o primeiro Núcleo Feminino de uma cooperativa capixaba surgia para, mais do que trabalhar em conjunto, fazer com que as mulheres ligadas a Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel) se reconhecessem como parte da história cafeeira. “Temos depoimentos de mulheres que estavam entregues. Não se interessavam pelos processos e agora sabem de cada detalhe e dizem que acordaram para o agronegócio”, pontua a coordenadora do Núcleo, Nadya Bronelle.
“O principal ponto do Núcleo é nosso comprometimento com a Cooperativa”, relata Maria Tereza Menegatti de Bortoli, uma das produtoras que, envolvida desde o início dos projetos, também participa das atividades para manter a sustentabilidade em sua propriedade, o Sítio Bortoli.
E, agora, o Estado do Espírito Santo, que vem sofrendo com seca prolongada em 2015, tem nas mãos de muitas dessas mulheres parte decisiva na busca por um campo mais sustentável. Para promover a restauração do ciclo hidrológico por meio da conservação e recuperação florestal, a OCB/ES - Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras do Estado do Espírito Santo - e o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) firmaram parceria e iniciaram neste ano o trabalho em torno do projeto Cooperar para Reflorestar. O detalhe: o protagonismo neste trabalho é das mulheres.
Cooperar para Reflorestar
Como uma extensão do Programa Reflorestar e baseado nas experiências acumuladas nos últimos 10 anos, o Cooperar para Reflorestar trouxe as mãos femininas para o projeto. A iniciativa prioriza os núcleos femininos das cooperativas do Estado para levar adiante o plantio de árvores, ajudando na recuperação da Mata Atlântica, sistema Agroflorestais, sistemas Silvipastoris e floresta manejada.
Após um envolvimento que começou em abril, o Cooperar para Reflorestar foi colocado em prática em agosto de 2015. “Já temos 60 mulheres participando. Elas assinam contrato, recebem orientação de um profissional habilitado pelo Estado e o recurso (o PSA - Pagamento por Serviços Ambientais). Assim, depois de assinar o contrato, tomam a frente e gerenciam a compra dos materiais necessários (adubo, muda, cerca)”, explica o coordenador estadual do Projeto no Iema, Marcos Sossai.
O Núcleo Feminino da Cooabriel já conta com cerca de dez mulheres cadastradas e ativas na busca por bons resultados. “Desde abril de 2015, quando houve a primeira palestra para explicar o projeto, ele foi muito bem aceito”, conta Nadya, que ressalta que entre as produtoras da região de São Gabriel da Palha muitas já possuíam áreas já bem conservadas, então o trabalho se concentra em fazer a manutenção destas matas.
Um dos pontos de profunda relevância no projeto é a autonomia que ele dá para as mulheres em relação a sua propriedade. “É necessário que a mulher responda pelas ações. Por isso, aquelas que não têm as terras em seu nome, possuem, agora, uma procuração”, revela a coordenadora.
Essas áreas, que possuem nascentes, córregos, e rios, necessitam de planejamento e ação prática, e é o que as robustas mulheres do café – como diria outra entusiasta do Núcleo, gerente de Comunicação da Cooabriel, Ângela Pelissari, a Dandinha - fazem. Elas colocam a mão na massa em tudo. “Na safra do café elas se envolvem muito. No caso dos pequenos produtores, elas entram colhendo mesmo. E na hora de reflorestar não é diferente”, pontua Nadya.
“Com as mulheres a gente consegue alcançar alguns objetivos que é mais difícil com os homens. Geralmente eles tem um pouco de receio de aceitar algumas propostas que podem incrementar a renda, mas ele prefere não arriscar. Com as mulheres nós temos mais chances de conseguir quebrar estes paradigmas”, opina Marcos Sossai.
A meta do Cooperar para Reflorestar é ter 200 cooperadas atuando no projeto até o ano que vem. O número do Programa Reflorestar como um todo, porém, já contabiliza cerca de 400 mulheres atuantes. “O programa em seu atendimento normal não tem distinção pelo gênero. São cerca de 1.840 pessoas, das quais até 25% de proprietárias mulheres, que entraram naturalmente na ação”.
O poder delas
O envolvimento com a cafeicultura trouxe a elas – produtoras, esposas, filhas e netas de associados – cada vez mais integração, valorização e autoestima. Dentro dos pilares de atuação o Núcleo busca abranger a vida das mulheres como um todo e tem o poder de empoderar as produtoras em todos os âmbitos.
A participação é, por vezes, instigada pelos maridos. “Claro que existem casos de machismo, mas nós temos depoimentos de homens que viram mudanças muito positivas em suas esposas, que as incentivam porque veem o quanto a essa inclusão na cooperativa e nos trabalhos da propriedade é benéfica para a vida pessoal delas”, encanta-se Nadya.
A melhora na própria qualidade de vida, claro, reflete no jeito de produzir. “Principalmente no que diz respeito cafés melhores. As mulheres produzem e incentivam os maridos a inscrever seus lotes no concurso, por exemplo”, lembra Evani Maria Cassaro, uma das fundadoras do Núcleo Feminino da Cooabriel. “Quando me perguntam, faço questão de dizer: sou produtora rural”, orgulha-se.
*A equipe viajou a convite da Cooabriel
Há seis anos o primeiro Núcleo Feminino de uma cooperativa capixaba surgia para, mais do que trabalhar em conjunto, fazer com que as mulheres ligadas a Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel) se reconhecessem como parte da história cafeeira. “Temos depoimentos de mulheres que estavam entregues. Não se interessavam pelos processos e agora sabem de cada detalhe e dizem que acordaram para o agronegócio”, pontua a coordenadora do Núcleo, Nadya Bronelle.
“O principal ponto do Núcleo é nosso comprometimento com a Cooperativa”, relata Maria Tereza Menegatti de Bortoli, uma das produtoras que, envolvida desde o início dos projetos, também participa das atividades para manter a sustentabilidade em sua propriedade, o Sítio Bortoli.
A produtora Maria Tereza Menegatti, que participa do Núcleo Feminino desde sua fundação
E, agora, o Estado do Espírito Santo, que vem sofrendo com seca prolongada em 2015, tem nas mãos de muitas dessas mulheres parte decisiva na busca por um campo mais sustentável. Para promover a restauração do ciclo hidrológico por meio da conservação e recuperação florestal, a OCB/ES - Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras do Estado do Espírito Santo - e o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) firmaram parceria e iniciaram neste ano o trabalho em torno do projeto Cooperar para Reflorestar. O detalhe: o protagonismo neste trabalho é das mulheres.
Cooperar para Reflorestar
Como uma extensão do Programa Reflorestar e baseado nas experiências acumuladas nos últimos 10 anos, o Cooperar para Reflorestar trouxe as mãos femininas para o projeto. A iniciativa prioriza os núcleos femininos das cooperativas do Estado para levar adiante o plantio de árvores, ajudando na recuperação da Mata Atlântica, sistema Agroflorestais, sistemas Silvipastoris e floresta manejada.
Após um envolvimento que começou em abril, o Cooperar para Reflorestar foi colocado em prática em agosto de 2015. “Já temos 60 mulheres participando. Elas assinam contrato, recebem orientação de um profissional habilitado pelo Estado e o recurso (o PSA - Pagamento por Serviços Ambientais). Assim, depois de assinar o contrato, tomam a frente e gerenciam a compra dos materiais necessários (adubo, muda, cerca)”, explica o coordenador estadual do Projeto no Iema, Marcos Sossai.
O Núcleo Feminino da Cooabriel já conta com cerca de dez mulheres cadastradas e ativas na busca por bons resultados. “Desde abril de 2015, quando houve a primeira palestra para explicar o projeto, ele foi muito bem aceito”, conta Nadya, que ressalta que entre as produtoras da região de São Gabriel da Palha muitas já possuíam áreas já bem conservadas, então o trabalho se concentra em fazer a manutenção destas matas.
Outro trabalho efetuado pelas produtoras é o manejo das lavouras
Um dos pontos de profunda relevância no projeto é a autonomia que ele dá para as mulheres em relação a sua propriedade. “É necessário que a mulher responda pelas ações. Por isso, aquelas que não têm as terras em seu nome, possuem, agora, uma procuração”, revela a coordenadora.
Essas áreas, que possuem nascentes, córregos, e rios, necessitam de planejamento e ação prática, e é o que as robustas mulheres do café – como diria outra entusiasta do Núcleo, gerente de Comunicação da Cooabriel, Ângela Pelissari, a Dandinha - fazem. Elas colocam a mão na massa em tudo. “Na safra do café elas se envolvem muito. No caso dos pequenos produtores, elas entram colhendo mesmo. E na hora de reflorestar não é diferente”, pontua Nadya.
“Com as mulheres a gente consegue alcançar alguns objetivos que é mais difícil com os homens. Geralmente eles tem um pouco de receio de aceitar algumas propostas que podem incrementar a renda, mas ele prefere não arriscar. Com as mulheres nós temos mais chances de conseguir quebrar estes paradigmas”, opina Marcos Sossai.
A meta do Cooperar para Reflorestar é ter 200 cooperadas atuando no projeto até o ano que vem. O número do Programa Reflorestar como um todo, porém, já contabiliza cerca de 400 mulheres atuantes. “O programa em seu atendimento normal não tem distinção pelo gênero. São cerca de 1.840 pessoas, das quais até 25% de proprietárias mulheres, que entraram naturalmente na ação”.
O poder delas
O envolvimento com a cafeicultura trouxe a elas – produtoras, esposas, filhas e netas de associados – cada vez mais integração, valorização e autoestima. Dentro dos pilares de atuação o Núcleo busca abranger a vida das mulheres como um todo e tem o poder de empoderar as produtoras em todos os âmbitos.
A participação é, por vezes, instigada pelos maridos. “Claro que existem casos de machismo, mas nós temos depoimentos de homens que viram mudanças muito positivas em suas esposas, que as incentivam porque veem o quanto a essa inclusão na cooperativa e nos trabalhos da propriedade é benéfica para a vida pessoal delas”, encanta-se Nadya.
A melhora na própria qualidade de vida, claro, reflete no jeito de produzir. “Principalmente no que diz respeito cafés melhores. As mulheres produzem e incentivam os maridos a inscrever seus lotes no concurso, por exemplo”, lembra Evani Maria Cassaro, uma das fundadoras do Núcleo Feminino da Cooabriel. “Quando me perguntam, faço questão de dizer: sou produtora rural”, orgulha-se.
*A equipe viajou a convite da Cooabriel
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