Em resposta a morosidade do poder público estadual e federal, para resolver os problemas econômicos e sociais da agricultura camponesa familiar causados seca que atinge o estado a dois anos, camponeses que estavam desde terça-feira em Vitória, capital capixaba na “Jornada Unitária Campo e Cidade; Por nenhum direito a menos” ocupam os trilhos da ferrovia da Vale que liga Minas Gerais ao Espírito Santo na altura de Fundão, próximo a Grande Vitória.
Como resultado da segunda Jornada Unitária ontem (17), foi realizada uma reunião com uma comissão das organizações camponesas mais, Casa Civil, Direitos Humanos e Secretaria de Agricultura no Palácio Fonte Grande, que é sede do governo estadual e foi acertada uma reunião para hoje com um grupo de trabalho misto (camponeses e poder público) para tratar do Fundo Social Emergêncial para as famílias camponesas que estão vulnerabilidade, pelo período que durar os efeitos da seca no estado e também para acionar uma audiência com o governador Paulo Hartung, que não tem se esforçado para atender a demanda camponesa e se esquiva de suas responsabilidades enquanto governante e não tem garantido o funcionamento do programa estadual de recomposição ambiental.
Foi possível visualizar avanços na pauta em nível estadual com a construção de uma agenda para quarta-feira (24) em Vitória-ES, com a proposta de se avançar na elaboração do Fundo Social Emergêncial para as famílias camponesas, com auxilio de R$5.000,00 mais um salário mínimo enquanto não temos produção. Ressalta-se que a responsabilidade de à demanda se concretizar ainda depende do governador do estado.
A ocupação da ferrovia também objetiva pressionar o Conselho Monetário Nacional, para a inclusão da proposta camponesa na PL 733 que será votada em plenário do conselho na próxima quinta em Brasília-DF. A proposta das organizações que compõe a jornada é que haja o rebate de 90% do valor da dívida para agricultores camponeses familiares e assentados dos anos de 2015, 2016 e 2017 com financiamento contratado de até R$100.000,00 e carência até o ano de 2021 para o pagamento dos 10% restantes.
Para um camponês que participa da jornada a demanda é justa, pois fez o financiamento, plantou a lavoura e cuidou dela, mas não houve colheita “O ano passado foi muito ruim, já tive perda de 40% da produção e este ano eu nem colhi. Pelo tanto de café que tinha no pé não pagava a mão de obra” o camponês ainda comenta que “Do jeito que tá eu não sei o que fazer, não tenho dinheiro nem para as coisas básicas da casa. Como que eu vou formar minha lavoura de novo? Quando vai voltar a chover? O governo precisa agir pelo povo!” conclui o camponês contendo o choro.
Este é o segundo momento da Jornada Unitária, o primeiro aconteceu em Colatina há um mês atrás e de acordo com a coordenação, caso não haja retorno satisfatório, outras jornadas serão realizadas e além da pauta camponesa será mantido o caráter de denúncia dos problemas específicos ao território, por isso escolha da ferrovia da Vale, que cometeu o crime ambiental do Rio Doce e até hoje não foi punida pelas autoridades competentes, que demonstram conivência com o ocorrido ao não punir as empresas e não cobrar a implantação do programa de recuperação ambiental na bacia do rio e assistência as populações atingidas.
Outro ponto abordado pela jornada é a não perda de direitos da classe trabalhadora, que não aceita a precarização e privatização dos serviços públicos a exemplo do SUS, que passa por um período de grandes ataques pelo governo golpista de Michel Temer que atua diretamente no fortalecimento dos serviços de saúde pagos e que não são aceitos pela população trabalhadora.
O conjunto de pessoas que participam da jornada não aceitam o fechamento de escolas do campo e reforçam a importância da manutenção da pedagogia de alternância, que é importante fortalecer o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa Nacional de Aquisição de Alimentos (PAA) e são contra qualquer retrocesso a perda de direitos da classe trabalhadora do campo e da cidade.
Por Coletivo de Comunicação da Jornada
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