sexta-feira, 17 de março de 2017

O NOIVADO DA NOSSA FILHA. texto Helena Machado

                           Era um dia comum. Estávamos todos em família, assistindo TV no começo da noite, quando o jovem rapaz adentrou a sala e, subitamente, pediu ao pai da namorada a sua mão em casamento. Deve ter sido difícil para ele fazer o pedido e mais ainda quando o pai da moça nada respondeu. Como se nada tivesse escutado continuou assistindo a TV. Muito constrangido o candidato a noivo se retirou para um dos aposentos e eu o convenci a voltar para a sala. E repeti mais alto o seu pedido tentando "despertar" o pai da moça. Ele estava em estado de choque. Em seguida, procurei alegrar o momento que mais parecia um velório e sugeri comprarmos uma "ceia" no restaurante Belas Artes para comemorarmos o evento. Feito isso, todos em torno da mesa, levanta à cabeceira o pai da noiva proferindo um emocionado discurso. Abraços, palmas e um alegre jantar, após o que o pai da moça estende um enorme mapa do Bairro Gilberto Machado e junto com o noivo escolhe um terreno para que ele possa fazer sua casa. A noite termina em alegria.

                 Vem o casamento. A noiva, linda, foi vestida de noiva visitar a avó que estava muito enferma. Emoção pura. E a vida segue com as emoções de cada dia. O nascimento da primeira filha, do segundo filho, o terceiro príncipe que foi cedo pro céu e finalmente a rapa do tacho mais linda ainda que sua mãe.
               O sogro, aquele mesmo carrancudo, construiu um moderno Lava Jato no seu maior terreno da avenida e entrega as chaves para o jovem genro. Sem ônus. Pronto para trabalhar. Pouco tempo depois o jovem nos procurou para solicitar a doação de mais três terrenos a juntar com o primeiro doado, para comprar uma casa pronta no alto do bairro precisando apenas de acabamento. Atendido. E a casa foi tendo acabamento esmerado.
                   O tempo passa e novos rumos as vidas vão tomando. A casa foi vendida, o Lavauto voltou às nossas mãos. A filha fez curso de Esteticista e solicitou o uso da nossa casa para início de seu trabalho, até que ela construisse o seu ateliê. Chegou a colocar os maquinários em nossa sala. Nesse ínterim um de nossos inquilinos deixa uma de nossas lojas, embaixo de nossa casa e ela preferiu a sala que o inquilino deixava. Apenas por um tempo até que construisse. Isso já faz mais de trinta anos. Se foi bom pra ela, não o foi pra mim. Ela terceirizou e eu preciso tê-la de volta. Preciso falar com ela e não a encontro. Deixo recados e não me retorna. 
Abraços Fraternos,
Helena💕

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