23/06/2014 - 07h54min
A criação de tilápias está em crescimento na região de montanhas capixabas. Esse é o caso do município de Conceição do Castelo. Com altitudes que variam de 300 a 1.200 metros, diversos agricultores familiares têm apostado na piscicultura e contam com o incentivo do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag).
De acordo com o chefe do escritório local do Incaper, Adilar Viana, o município reúne boas condições para a criação de tilápias. “Conceição do Castelo é bastante rico em recursos hídricos e possui características geográficas propícias para essa atividade”, falou Adilar.
Uma das comunidades que cultivam tilápias em Conceição do Castelo é denominada Monforte Frio, a 800 metros de altitude. Na localidade, diversos agricultores possuem tanques escavados e, além da criação das tilápias, vislumbram a organização de agroindústria para o processamento do pescado.
Um dos agricultores que cultiva tilápia é o senhor Saulo Spadetto. Sua atividade principal é a silvicultura, por meio do plantio de eucaliptos, mas ele se interessou pelo cultivo da tilápia para aumentar a renda a fim de custear a mão de obra que trabalha no seu sítio.
“Possuo seis tanques escavados, com quatro peixes por metro quadrado. Iniciei a atividade há um ano e já fiz duas despescas. Cada tilápia tinha de 850 a 900 gramas. Tirei 14 mil kg de tilápia na primeira despesca e 22 mil kg na segunda”, falou Saulo. Esse produtor vende o filé de tilápia para a Associação Capixaba de Aquicultura (ACA), que possui sede em Muniz Freire.
Manejo da tilápia em regiões de altitude
Ao contrário do que muitos possam imaginar, a tilápia também se adapta em regiões de altitude. “A tilápia é uma espécie que se adapta em regiões altas. O que afeta o seu crescimento nem sempre está relacionado com a altitude e sim com a temperatura da água. Assim, as regiões altas geralmente apresentam clima mais frio e águas mais frias”, explicou a zootecnista e coordenadora do Programa de Aquicultura e Pesca do Incaper, Juliana de Barros Valle.
Ela disse que, nas condições de altitude, o manejo deve ser de forma a aproveitar as épocas quentes para fazer o ciclo de produção, ou seja, a estocagem, engorda e despesca. “Geralmente em climas frios consegue-se fazer até 1,5 ciclo de produção por ano, ao passo que em climas quentes, dependendo do manejo, é possível realizar até 3 ciclos de produção por ano”, explicou Juliana.
No caso do senhor Saulo Spadetto, ele tem realizado duas despescas por ano. No entanto, ele disse que esse bom resultado depende de uma série de cuidados com a criação das tilápias. “O manejo faz toda a diferença no caso da criação de tilápias em regiões altas. É preciso colocar a quantia de ração correta, conforme a temperatura da água, para evitar a mortalidade dos peixes”, explicou o senhor Spadetto.
De acordo com a coordenadora do Programa de Aquicultura e Pesca do Incaper, a quantidade de ração em conformidade com a temperatura da água é uma das práticas que precisam ser adotadas em regiões mais altas. “É preciso deixar um termômetro nos viveiros para poder monitorar a temperatura e fornecer a ração de acordo com o peso do peixe e a temperatura da água. Em determinadas situações, o peixe chega a reduzir em até 50% do consumo de ração quando comparado a épocas quentes”, falou Juliana.
Ela também disse que a quantidade de ração em excesso acarreta em perda de qualidade de água, pois há aumento de matéria orgânica, queda de oxigênio e desequilíbrio de pH, alcalinidade e dureza, o que, consequentemente, causa mortalidade nos peixes. Além disso, ocorre a perda econômica, já que a ração é o item mais custoso da criação.
Nas condições de clima frio, é aconselhável a estocagem de juvenis, ou seja, formas jovens mais crescidas, para favorecer a engorda em menos tempo e o uso de rações balanceadas e completas, de preferência formuladas para atender as demandas da espécie em época fria.
“Os cuidados que precisam ser tomados durante a produção de tilápias em regiões frias são o uso de alimentos completos e balanceados e fornecimento parcelado de ração em, no mínimo, duas vezes ao dia; uso de juvenis, pois são mais resistentes”, alertou Juliana. Ela também disse que deve-se evitar o manuseio dos peixes em momentos de muito frio, ou seja, evitar a realização de biometrias e despescas parciais quando a água estiver muito fria.
Processamento do pescado
Além da criação de tilápias, os agricultores de Conceição do Castelo buscam orientações para realizar o processamento do pescado, bem como sua agroindustrialização. Nesse sentido, o Incaper, em conjunto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), possui papel muito importante na realização de cursos e capacitações.
No dia 13 de junho, ocorreu um curso sobre processamento de pescado na comunidade de Monforte Frio, no qual os agricultores aprenderam técnicas de filetagem da tilápia e maneiras de realizar o aproveitamento total do pescado em receitas diversas.
“No curso, ensinamos a fazer o filé de tilápia. Além disso, apresentamos os subprodutos que podem ser feitos, como quibe, almôndega, salgados, moqueca de filé de tilápia, peixe assado e defumado. O custo de produção é baixo se comparado ao retorno proporcionado pela comercialização desses produtos”, falou o instrutor do Senar, Fabiano Giori.
Para o agricultor Gleidson Lozório Cardoso, que cria tilápias há quatro anos, a piscicultura tem sido uma ótima alternativa de renda devido ao fato de exigir pouca mão de obra. “Como trabalhamos apenas eu e minha esposa, a criação de tilápias é uma ótima opção. Já chegamos a tirar sete toneladas por despesca. Agora, temos interesse em realizar o processamento do pescado para agregar valor, por meio da formação de uma agroindústria”, falou Gleidson.
A esposa de Gleidson, Talita Zaque Cardoso, confirma a importância da atividade para a agricultura familiar. “A criação da tilápia não é difícil. Consigo conciliar minhas atividades em casa com a alimentação dos peixes. É preciso sempre observar como estão os animais no tanque para evitar problemas, como doenças. Queremos partir para a agroindustrialização para poder vender para supermercados e outros pontos comerciais”, falou Talita.
A senhora Rosilene Rocha também acredita que o processamento do pescado é uma alternativa para agregar valor. “Eu crio camarão e tilápia. Para agregar mais valor, é preciso industrializar. Só com o fato de colocar o filé em um pratinho já conseguimos mais renda”, falou Rosilene.
Ela disse que a venda do quilo da tilápia no prato, sem as vísceras, é R$ 12. O quilo do filé é vendido a R$ 20. Já o peixe in natura, sem nenhum processamento, é vendido a R$ 4 o quilo.
Incentivo do Incaper
No município de Conceição do Castelo, a atividade de criação da tilápia está apenas no início. No entanto, o Incaper pretende continuar incentivando o crescimento da atividade. “Por meio de cursos de capacitação e elaboração de projetos de crédito, o escritório local tem contribuído com as comunidades que querem iniciar a atividade. É uma ótima alternativa de renda para a agricultura familiar”, informou o chefe do escritório Local, Adilar Viana.
Informações à imprensa:
Assessoria de Comunicação – Incaper
Juliana Esteves - juliana.esteves@incaper.es.gov.br
Luciana Silvestre - luciana.silvestre@incaper.es.gov.br
Carla Einsfeld - assessoria.imprensa@incaper.es.gov.br
Texto: Luciana Silvestre
Tel.: (27) 3636-9868 e (27) 3636-9865
Twitter: @incaper
Facebook: Incaper
De acordo com o chefe do escritório local do Incaper, Adilar Viana, o município reúne boas condições para a criação de tilápias. “Conceição do Castelo é bastante rico em recursos hídricos e possui características geográficas propícias para essa atividade”, falou Adilar.
Uma das comunidades que cultivam tilápias em Conceição do Castelo é denominada Monforte Frio, a 800 metros de altitude. Na localidade, diversos agricultores possuem tanques escavados e, além da criação das tilápias, vislumbram a organização de agroindústria para o processamento do pescado.
Um dos agricultores que cultiva tilápia é o senhor Saulo Spadetto. Sua atividade principal é a silvicultura, por meio do plantio de eucaliptos, mas ele se interessou pelo cultivo da tilápia para aumentar a renda a fim de custear a mão de obra que trabalha no seu sítio.
“Possuo seis tanques escavados, com quatro peixes por metro quadrado. Iniciei a atividade há um ano e já fiz duas despescas. Cada tilápia tinha de 850 a 900 gramas. Tirei 14 mil kg de tilápia na primeira despesca e 22 mil kg na segunda”, falou Saulo. Esse produtor vende o filé de tilápia para a Associação Capixaba de Aquicultura (ACA), que possui sede em Muniz Freire.
Manejo da tilápia em regiões de altitude
Ao contrário do que muitos possam imaginar, a tilápia também se adapta em regiões de altitude. “A tilápia é uma espécie que se adapta em regiões altas. O que afeta o seu crescimento nem sempre está relacionado com a altitude e sim com a temperatura da água. Assim, as regiões altas geralmente apresentam clima mais frio e águas mais frias”, explicou a zootecnista e coordenadora do Programa de Aquicultura e Pesca do Incaper, Juliana de Barros Valle.
Ela disse que, nas condições de altitude, o manejo deve ser de forma a aproveitar as épocas quentes para fazer o ciclo de produção, ou seja, a estocagem, engorda e despesca. “Geralmente em climas frios consegue-se fazer até 1,5 ciclo de produção por ano, ao passo que em climas quentes, dependendo do manejo, é possível realizar até 3 ciclos de produção por ano”, explicou Juliana.
No caso do senhor Saulo Spadetto, ele tem realizado duas despescas por ano. No entanto, ele disse que esse bom resultado depende de uma série de cuidados com a criação das tilápias. “O manejo faz toda a diferença no caso da criação de tilápias em regiões altas. É preciso colocar a quantia de ração correta, conforme a temperatura da água, para evitar a mortalidade dos peixes”, explicou o senhor Spadetto.
De acordo com a coordenadora do Programa de Aquicultura e Pesca do Incaper, a quantidade de ração em conformidade com a temperatura da água é uma das práticas que precisam ser adotadas em regiões mais altas. “É preciso deixar um termômetro nos viveiros para poder monitorar a temperatura e fornecer a ração de acordo com o peso do peixe e a temperatura da água. Em determinadas situações, o peixe chega a reduzir em até 50% do consumo de ração quando comparado a épocas quentes”, falou Juliana.
Ela também disse que a quantidade de ração em excesso acarreta em perda de qualidade de água, pois há aumento de matéria orgânica, queda de oxigênio e desequilíbrio de pH, alcalinidade e dureza, o que, consequentemente, causa mortalidade nos peixes. Além disso, ocorre a perda econômica, já que a ração é o item mais custoso da criação.
Nas condições de clima frio, é aconselhável a estocagem de juvenis, ou seja, formas jovens mais crescidas, para favorecer a engorda em menos tempo e o uso de rações balanceadas e completas, de preferência formuladas para atender as demandas da espécie em época fria.
“Os cuidados que precisam ser tomados durante a produção de tilápias em regiões frias são o uso de alimentos completos e balanceados e fornecimento parcelado de ração em, no mínimo, duas vezes ao dia; uso de juvenis, pois são mais resistentes”, alertou Juliana. Ela também disse que deve-se evitar o manuseio dos peixes em momentos de muito frio, ou seja, evitar a realização de biometrias e despescas parciais quando a água estiver muito fria.
Processamento do pescado
Além da criação de tilápias, os agricultores de Conceição do Castelo buscam orientações para realizar o processamento do pescado, bem como sua agroindustrialização. Nesse sentido, o Incaper, em conjunto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), possui papel muito importante na realização de cursos e capacitações.
No dia 13 de junho, ocorreu um curso sobre processamento de pescado na comunidade de Monforte Frio, no qual os agricultores aprenderam técnicas de filetagem da tilápia e maneiras de realizar o aproveitamento total do pescado em receitas diversas.
“No curso, ensinamos a fazer o filé de tilápia. Além disso, apresentamos os subprodutos que podem ser feitos, como quibe, almôndega, salgados, moqueca de filé de tilápia, peixe assado e defumado. O custo de produção é baixo se comparado ao retorno proporcionado pela comercialização desses produtos”, falou o instrutor do Senar, Fabiano Giori.
Para o agricultor Gleidson Lozório Cardoso, que cria tilápias há quatro anos, a piscicultura tem sido uma ótima alternativa de renda devido ao fato de exigir pouca mão de obra. “Como trabalhamos apenas eu e minha esposa, a criação de tilápias é uma ótima opção. Já chegamos a tirar sete toneladas por despesca. Agora, temos interesse em realizar o processamento do pescado para agregar valor, por meio da formação de uma agroindústria”, falou Gleidson.
A esposa de Gleidson, Talita Zaque Cardoso, confirma a importância da atividade para a agricultura familiar. “A criação da tilápia não é difícil. Consigo conciliar minhas atividades em casa com a alimentação dos peixes. É preciso sempre observar como estão os animais no tanque para evitar problemas, como doenças. Queremos partir para a agroindustrialização para poder vender para supermercados e outros pontos comerciais”, falou Talita.
A senhora Rosilene Rocha também acredita que o processamento do pescado é uma alternativa para agregar valor. “Eu crio camarão e tilápia. Para agregar mais valor, é preciso industrializar. Só com o fato de colocar o filé em um pratinho já conseguimos mais renda”, falou Rosilene.
Ela disse que a venda do quilo da tilápia no prato, sem as vísceras, é R$ 12. O quilo do filé é vendido a R$ 20. Já o peixe in natura, sem nenhum processamento, é vendido a R$ 4 o quilo.
Incentivo do Incaper
No município de Conceição do Castelo, a atividade de criação da tilápia está apenas no início. No entanto, o Incaper pretende continuar incentivando o crescimento da atividade. “Por meio de cursos de capacitação e elaboração de projetos de crédito, o escritório local tem contribuído com as comunidades que querem iniciar a atividade. É uma ótima alternativa de renda para a agricultura familiar”, informou o chefe do escritório Local, Adilar Viana.
Informações à imprensa:
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Juliana Esteves - juliana.esteves@incaper.es.gov.br
Luciana Silvestre - luciana.silvestre@incaper.es.gov.br
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