Yuri Barichivich
Prefeito Luciano Rezende destacou a importância do programa Vitória Alfabetizada durante o Gabinete Online
A emoção tomou conta da quarta edição do Gabinete Online, na noite desta terça-feira (24). Afinal, o tema foi o programa Vitória Alfabetizada, que, além de ensinar os munícipes a ler e escrever, cria novas perspectivas de vida para eles.
Durante uma hora, os participantes da conversa discutiram a importância do projeto, mostraram seus resultados e sugeriram novas contribuições.
Com a participação do prefeito de Vitória, Luciano Rezende, da secretária municipal de Educação, Adriana Sperandio, da coordenadora do programa, Marcia Machado, e das alunas do Vitória Alfabetizada Anelina Francisco e Glória Rodrigues, a webconferência, mediada pelo mestre em Políticas Públicas pela Ufes Jefferson Cabral, mostrou que o projeto está contribuindo para mudar a vida dessas pessoas, oferecendo oportunidades que vão além do aprendizado.
"Conquistei minha independência! Hoje, não dependo de mais ninguém para ir a algum lugar ou pegar um ônibus. Até para ir ao banco eu precisava de ajuda. Sempre foi muito constrangedor ir a uma loja e, na hora de assinar o carnê, precisar assinar com a impressão digital porque não sabia escrever nem o meu nome. Hoje, resolvo tudo sozinha. Agora nós somos gente. Agora eu posso andar na rua sozinha", afirmou Glória Rodrigues.
Quem também já consegue enxergar a vida de forma diferente é a feirante Anelina. "Foi o líder comunitário do meu bairro que me falou sobre o projeto. Sempre quis aprender, mas nunca tive tempo nem oportunidade. Foi muito bom participar do projeto. A vida agora está mais fácil", disse.
Após o debate, teve início o Fórum de Ideias, em que os participantes podem enviar sugestões e comentar propostas de outros membros. As três sugestões mais apoiadas serão comentadas em vídeo pela Prefeitura e as outras, respondidas por e-mail. O fórum vai até o dia 1º de julho.
Mapeamento
O prefeito Luciano Rezende destacou que foi realizado um mapeamento na capital antes de implantar o programa. "Segundo o mapeamento do IBGE, Vitória apresentava 15 mil pessoas com idades acima de 16 anos que não sabiam ler nem escrever. Nós abraçamos essa causa e, com o programa Vitória Alfabetizada, fizemos um mapeamento e descobrimos que não são 15 mil, mas cerca de 4 mil. É uma meta possível de enfrentar. Conseguindo zerar esse número em Vitória, seremos a primeira cidade da América Latina a erradicar o analfabetismo. Temos muitos projetos em Vitória, mas o Vitória Alfabetizada é um pelos quais tenho mais carinho", afirmou.
Parcerias
Yuri Barichivich
Nova perspectiva de vida para os participantes do programa foi destacada pela secretária municipal de Educação, Adriana Sperandio
A secretária municipal de Educação, Adriana Sperandio, destacou que o sucesso do programa também se deve à atuação dos líderes comunitários e dos agentes municipais de saúde, que ajudam a identificar as pessoas analfabetas na cidade.
"Estamos em contato permanente com as lideranças comunitárias para que possamos chegar até essas pessoas. Os profissionais do Programa Saúde da Família também têm esse papel importantíssimo na captação e motivação para convencer essas pessoas a ir para a sala de aula para aprender a ler e escrever", disse a secretária.
Ela completou: "E não para por aí, após a conclusão do projeto, oferecemos cursos de Associativismo e Empreendedorismo e, ainda, a possibilidade de acesso ao microcrédito por meio do Banestes e de instituições financeiras comunitárias. Ou seja, o programa Vitória Alfabetizada vai muito além de ensinar o participante a ler e escrever. Ele também tem como objetivo oferecer ferramentas para que ele possa conquistar sua independência e prover o sustento da família, oferecendo a possibilidade de melhorar a qualidade de vida".
Tecnologia
O PhD em Informática Social na Universidade de Indiana David Nemer, que é escritor do livro "Favela Digital – O outro lado da tecnologia", destacou a importância do programa. "Quero parabenizar esta gestão por ter essa sensibilidade de trabalhar junto dos atores que já existem nas comunidades e possibilitar que eles participem desse processo. Eles conhecem os moradores da região e são fundamentais para trazer essas pessoas para o projeto. É importante saber o que motiva essas pessoas a participar", disse.
Ele emendou: "Acredito que a tecnologia pode ser uma grande aliada e pode criar pontes para aproximar essas pessoas que estão tão distantes. Na minha pesquisa, encontrei jovens de 15 anos que desenvolveram a capacidade de ler e escrever para se comunicar nas mídias sociais. Elas tinham essa necessidade para poder fazer parte dessa comunidade, que até então estava excluída. Dessa maneira, os telecentros são ferramentas importantíssimas na garantia do acesso à tecnologia para essas pessoas que vivem nas comunidades mais carentes".
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