Minha mãe não aceitou meu namoro com Gildo. Varias razões: muito mais velho do que eu, ela preferia que eu voltasse o namoro com o sobrinho dela e sobretudo por Gildo ser espírita, contrariando toda a sua compreensão religiosa. Eu não tinha permissão de encontrar-me com ele. Eu era professora (tia) no Jardim de Infância e nos víamos na saída, não mais que cinco minutos. Ela monitorava o relógio e era atenta aos nossos passos. Gildo procurou meu pai para pedir permissão para nosso namoro e ele disse que era com minha mãe. E era com ela mesmo. Minha mãe mantinha severa vigilância com as filhas. Ele, então, procurou minha mãe que manteve a proibição. E assim continuamos a nos falar através de bilhetinhos deixados em uma caixa postal dos Correios. Foi na caixa do Correio que eu encontrei uma pulseira de corrente de ouro pesada com seu nome na plaquinha e no verso gravado: "fica sempre perfume nas mãos que distribuem rosas".
No verão meu pai alugou casa em Marataízes. A dificuldade de nos vermos aumentou. Gildo, inesperadamente, chegou na nossa casa de praia, com um par de alianças grossas e falou com meu pai que veio pedir a minha mão em casamento. Meu pai estava trocando de roupas quando foi abordado pela janela mesmo. Ele acabou de se vestir e foi sentar-se do lado de fora da pequena casa. Os dois confabularam e meu pai o submeteu a uma sabatina. Chamou-me e perguntou se eu queria ficar noiva e eu respondi que sim. Ele então chamou minha mãe que se negou a aceitar. Ela nem foi participar do pedido. No mesmo dia Helena Paes Barreto e Jorge Marcondes ficaram noivos e nos chamaram para comemorarmos juntos. Pegamos carona na festa que os amigos deram na casa de praia. Cinco meses depois nos casamos, eu de véu e grinalda, como minha mãe sonhou. Gildo conseguiu conquistar minha mãe. Ela aprendeu a amar e admirar o genro. Foi lindo!
Abraços fraternos,
Helena
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