terça-feira, 31 de janeiro de 2017

BAR VITORIA. texto de Helena Machado


                          O Bar Vitória, que só os antigos conheceram, marcou época. Ali se reunia a classe masculina para tratar de negócios, política, contar vantagens e mentiras. Mulher não entrava, com exceção da Izéia, que vinha à cavalo de um sítio próximo para estudar. Ela era acima do tempo. Reduto eleitoral dos candidatos, política era assunto de muita discussão e desavenças. Destaco alguns nomes entre os frequentadores do Bar Vitória: os irmãos Machado, entre eles Ilton, Arismeu, Gildo e Hyercem. Iltinho, João Gilberto, Hércules Penna, Gerson Moura, Mario e Paulo Casoti, Targino e Carlos Atayde e tantos outros. Dizia-se que os fazendeiros davam dinheiro ao proprietário para sustentar o negócio. Isso porque em torno de cada mesa, haviam de seis a oito cadeiras disputadas pelos homens. Sobre a mesa, somente uma garrafa de agua. Ninguém consumia. As vezes nem a conta pagavam. O cafezinho, se quisessem, era no balcão. Um dia fecharam o Bar Vitoria. Os homens espalhados, sem rumo, aguentaram pouco tempo e logo trataram de comprar o Bar e reabri-lo. Carnaval no Bar Vitoria era muito animado. Nesse dia até nós, mulheres, entrávamos, sob proteção de Ilton Machado. Ilton adorava carnaval. Brincava sobre a cadeira e chamavam todos para entrar no Bar. Dali ele saia com a companheirada e ia percorrer os clubes da cidade. O Bar Vitória foi palco de muitas estórias. Certa feita, dois amigos conversavam. Um contava vantagem sobre um imóvel que estava a venda. "Negocio da China" dizia o primeiro. O outro, inadvertidamente, indagou: Qual é o imóvel? O amigo não deixou por menos e zombou o quanto pode dizendo - Você acha que eu vou contar? Acha que eu vou entregar o ouro? Que inocência sua!!! , dizia ele. Homem correto, o amigo não gostou da gozação e naquele momento os dois tornaram-se desafetos para todo o sempre. (fato verídico).
Abraços fraternos
Helena💕

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