Fui uma menina que adorava brincar de bonecas. Quando eu tinha nove anos eu brincava atrás do balcão de uma papelaria próxima a minha casa. Cecília Cypriano, já mocinha, era filha do proprietário da papelaria e atendia o balcão da loja. Ela me deixava brincar com suas bonecas de papel e seus vestidinhos. No fim da brincadeira eu colocava tudo dentro de um baú e voltava no dia seguinte pra brincar novamente. Cecília gostava muito de mim e me presenteou com seu baú de bonecas de papel. Aos doze anos, um chinês, pai de dez filhas, que tinha uma lavanderia ao lado da minha casa, visitou seu país e na volta trouxe para mim um boneco grande de "galalite". Para aqueles que nunca ouviram essa palavra, fui buscar no Google - é uma espécie de plástico artificial, derivado do leite. Os botões de jogo de futebol são feitos de galalite. Posto isso, eu fiz o batizado do boneco e coloquei o nome de Waldirzinho em homenagem ao meu querido pai. Meu irmão Biel foi o padre. Meu pai estava internado numa clínica do Rio de Janeiro, para tratamento nervoso. Enquanto meu pai esteve fora, eu e meus irmãos escrevíamos, diariamente, para ele. Meu pai gostava de receber as cartinhas com nossas notícias, nossas notas e eu contava muitas estórias do meu boneco. Nunca faltou assunto. Assim fui crescendo. Aos quinze anos fui a Belo horizonte em excursão estudantil da turma do Liceu. Lá fui paparicada por dois primos que logo perceberam minha "tara" por bonecos. Um deles presenteou meu boneco com uma cama, semelhante a de adulto. No Rio de Janeiro, outro primo vendo que estava perdendo campo, presenteou-me com roupas, pimpão e um guarda roupas de brinquedo. Aos dezenove anos, fico noiva e continuava a brincar de bonecas. Meu noivo e eu falávamos sobre meus bonecos. Uma das minhas bonecas ele e eu escolhemos até o nome construidos com nossas sílabas. Assim surgiu o nome da minha boneca que foi dado também a nossa primeira filha - GINA.
Hoje, aos oitenta anos, curto minha coleção de bonecas. Tem bonecas de todas as raças e estilo. Adoro presentear bonecas. Netas, bisnetas, todas ganham bonecas. Netos e bisnetos, também, por que não? E eu curto até mais que eles. Abaixo, fotos de minhas bonecas e também dos presenteados. Tem fotos de netos e bisnetos que deixarão vocês em dúvida se são bonecas ou são bebês.
Abraços fraternos
Helena
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