Diego Alves
"Eu era cega ao andar na rua, não enxergava placas e, muito menos, o nome dos lugares. Agora, nós somos gente. Agora, eu posso andar na rua sozinha". Esse é o depoimento de Maria da Glória Rodrigues, 60 anos, que é mais uma das alunas que frequentam as aulas do Vitória Alfabetizada e tiveram sua vida transformada.
A dona de casa ingressou no programa por indicação de seu genro e, a partir daí, nunca mais parou de estudar. Caçula de sete irmãos, Maria da Glória passou sua infância na roça trabalhando com sua família. Após o falecimento do pai, ela auxiliava a mãe na entrega de marmitas e utilizava o dinheiro que conseguia para comprar suas roupas.
Ela chegou a frequentar a escola por alguns meses, mas desistiu por brincadeiras ofensivas de colegas e a dificuldade de conciliar o trabalho com os estudos. Depois, ela se mudou para Vitória para trabalhar como cozinheira e, em seguida, casou.
"Fiquei muito feliz por estar participando do projeto. São horas que ficaria em frente à TV ou realizando alguma outra atividade que não teria tanta utilidade quanto voltar a estudar. Agora, posso ir às ruas, ao banco e pegar um ônibus sem me perder durante o caminho. Não preciso decorar cores ou números ou pedir informações na rua. Várias vezes me perdi porque poucas pessoas informavam o caminho de forma correta", relatou Maria da Glória.
Doença
Apesar de precisar ficar afastada das aulas por motivo de doença, ela já voltou aos estudos no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Santo André e não pretende parar. O objetivo é concluir essa etapa e participar do Educação de Jovens e Adultos (EJA).
"Sempre que posso, falo sobre o projeto com conhecidos. Acho que todos merecem uma segunda chance e, ainda, ter a oportunidade de se sentir independente. Não preciso ligar para meus filhos sempre que tenho que realizar alguma tarefa fora de casa, como pagar contas no banco ou comprar alguma coisa no supermercado. Fico feliz de ter agarrado essa oportunidade".
Ajuda
Se você quiser indicar alguém para participar do Vitória Alfabetizada, basta clicar aqui. Moradores de Vitória que têm entre 15 e 59 anos e não sabem ler e escrever são o alvo do programa, iniciado pela Prefeitura de Vitória com a meta de reduzir o analfabetismo na cidade até 2016.
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