09/05/2014 - 09h58min
Uma lavoura de café conilon não irrigada tem sido destaque de produtividade no município de Boa Esperança. Plantada há mais de 30 anos, por meio de sementes, a lavoura é bastante tolerante à seca, bem como a pragas e doenças. O proprietário da lavoura, Gilson Frederico de Almeida, recebe assistência do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag).
A propriedade de Gilson possui cinco hectares, sendo quatro de plantio de café conilon. Na localidade, não há acesso fácil a córregos e nascentes e, por isso, a lavoura não é irrigada. É importante ressaltar que, entre os meses de abril a outubro, o município de Boa Esperança é marcado pela estiagem. A chuva concentra-se entre os meses de novembro e janeiro.
Esse panorama climático, a princípio, apresenta dificuldades para as culturas agrícolas no município e em toda a região extremo norte capixaba. No entanto, apesar desse cenário adverso, a produção de café conilon na propriedade de Gilson, em 2012, foi de 220 sacas piladas; e a previsão para este ano é de 280 a 300 sacas piladas, mesmo sem irrigação. A média é de 75 sacas por hectare. Para explicar esse êxito, o Incaper apresenta alguns fatores que contribuíram para isso.
“A lavoura do senhor Gilson é antiga, a maioria das plantas possui 35 anos, e o plantio foi feito por sementes. Lavouras desse tipo possuem grande variabilidade genética, o que as tornam mais tolerantes a adversidades climáticas, pois estão mais adaptadas à região. Além disso, resistem mais a pragas e doenças”, explicou o chefe do escritório local de Boa Esperança, Lozenil Rodrigues.
Ele também explicou que a lavoura do senhor Gilson poderia ser ainda mais produtiva caso o espaçamento entre os pés de café fosse o recomendado pelo Incaper. “Como a lavoura é antiga, o espaço entre plantas é aleatório e muito variável. Se o espaçamento fosse de 3 m x 1 m, a produtividade seria maior do que a atual”, disse Lozenil.
Plantio de café por sementes: uma alternativa para regiões secas
De acordo com o pesquisador do Incaper, Aldo Luiz Mauri, as lavouras de café de propagação seminal, ou seja, por meio do plantio com sementes, dentre outros aspectos, são muito importantes para a manutenção da base genética da espécie. “Elas são uma fonte de variabilidade, muitíssimo utilizada no melhoramento genético para a obtenção de novos clones. Podem ainda ser uma alternativa para o plantio em regiões com maior déficit hídrico e com menor potencial de investimento. Variedades seminais, desde que bem conduzidas, produzem tranquilamente de 60 a 70 sacas por hectare, o que é muito bom”, explicou Aldo.
Na visão de Aldo, a conciliação do plantio clonal de café, ou seja, por estacas, e do plantio por sementes é interessante para o agricultor. “O produtor deve analisar e identificar qual a maneira de se fazer a melhor combinação entre as duas formas de propagação, de modo a aproveitar as vantagens de cada uma. Nesta análise, ele deverá levar em conta as condições de clima e solo onde está inserida sua lavoura, a disponibilidade hídrica e de investimento, dentre outros aspectos”, falou Aldo.
A análise para a escolha do plantio do café por sementes ou por clones é também feita pela equipe do Incaper em Boa Esperança, que atende produtores com lavouras plantadas por sementes, com e sem irrigação, e plantadas por estacas. “Em Boa Esperança, o Incaper incentiva lavouras clonais, pois são clones melhorados e bem mais produtivos, principalmente os pesquisados e recomendados pelo Incaper. Porém, existem propriedades que não possuem água ou possuem com limitação. Também há proprietários que trabalham com agroecologia e necessitam de plantas mais tolerantes a pragas e doenças, bem como aqueles que possuem tecnologia baixa ou moderada. Para esses produtores, recomendamos o café de sementes, por se tratar também de plantas mais tolerantes ao déficit hídrico”, explicou o técnico em desenvolvimento rural, Ivanildo Schimidt.
Para o produtor Gilson Frederico de Almeida, o fato de o acesso à água em sua propriedade ser praticamente inexistente, torna a lavoura de café conilon por sementes uma boa alternativa. “Não gasto com irrigação e o custo com energia é menor. Além disso, quase não uso agrotóxicos porque a lavoura é bem tolerante a pragas e doenças”, falou Gilson.
A boa produtividade da lavoura de Gilson, no entanto, não se deve apenas ao fato de a lavoura ser plantio de café por sementes. O manejo correto da lavoura é crucial para o êxito do produtor. “Utilizo muita matéria orgânica para adubar a lavoura, como raspas de mandioca; cascas de frutas, que obtenho de uma agroindústria de polpa de frutas da região; cinzas e carvão. Uso pouco adubo químico”, falou Gilson.
Novos estudos em busca de clones resistentes à seca
Na lavoura do senhor Gilson, o Incaper iniciou um estudo para identificação de plantas com potencial genético que poderá ser usado no melhoramento de plantas. “Foram selecionadas 25 plantas da lavoura e, durante quatro anos, vamos acompanhar sua produtividade. Depois desse período, esperamos que algumas plantas possam ser levadas para as fazendas do Incaper a fim de serem melhor pesquisadas. Selecionamos plantas produtivas, com grãos grandes, principalmente com entrenós curtos e ramos produtivos”, explicou o chefe do escritório local de Boa Esperança, Lozenil Rodrigues.
Você sabia?
No plantio clonal, por estacas, planta-se um número reduzido de genótipos (clone) por área. Uma variedade clonal é formada pelo agrupamento de um pequeno número de clones. Já no plantio de mudas seminais, por sementes, mantém-se um grande número de genótipos distintos, pois cada planta será um genótipo diferente.
Pelo primeiro, as vantagens são padronização do manejo das plantas no campo; precocidade de produção e maior produtividade. Pelo segundo, as vantagens são a redução nos custos de implantação da lavoura; rusticidade e tolerância à seca; variabilidade genética; estabilidade de produção de grãos; possibilidade do surgimento de novos clones; e facilidade de polinização e fertilização das flores.
Informações à imprensa:
Assessoria de Comunicação – Incaper
Juliana Esteves - juliana.esteves@incaper.es.gov.br
Luciana Silvestre -luciana.silvestre@incaper.es.gov.br
Carla Einsfeld – assessoria.imprensa@incaper.es.gov.br
Texto: Luciana Silvestre
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A propriedade de Gilson possui cinco hectares, sendo quatro de plantio de café conilon. Na localidade, não há acesso fácil a córregos e nascentes e, por isso, a lavoura não é irrigada. É importante ressaltar que, entre os meses de abril a outubro, o município de Boa Esperança é marcado pela estiagem. A chuva concentra-se entre os meses de novembro e janeiro.
Esse panorama climático, a princípio, apresenta dificuldades para as culturas agrícolas no município e em toda a região extremo norte capixaba. No entanto, apesar desse cenário adverso, a produção de café conilon na propriedade de Gilson, em 2012, foi de 220 sacas piladas; e a previsão para este ano é de 280 a 300 sacas piladas, mesmo sem irrigação. A média é de 75 sacas por hectare. Para explicar esse êxito, o Incaper apresenta alguns fatores que contribuíram para isso.
“A lavoura do senhor Gilson é antiga, a maioria das plantas possui 35 anos, e o plantio foi feito por sementes. Lavouras desse tipo possuem grande variabilidade genética, o que as tornam mais tolerantes a adversidades climáticas, pois estão mais adaptadas à região. Além disso, resistem mais a pragas e doenças”, explicou o chefe do escritório local de Boa Esperança, Lozenil Rodrigues.
Ele também explicou que a lavoura do senhor Gilson poderia ser ainda mais produtiva caso o espaçamento entre os pés de café fosse o recomendado pelo Incaper. “Como a lavoura é antiga, o espaço entre plantas é aleatório e muito variável. Se o espaçamento fosse de 3 m x 1 m, a produtividade seria maior do que a atual”, disse Lozenil.
Plantio de café por sementes: uma alternativa para regiões secas
De acordo com o pesquisador do Incaper, Aldo Luiz Mauri, as lavouras de café de propagação seminal, ou seja, por meio do plantio com sementes, dentre outros aspectos, são muito importantes para a manutenção da base genética da espécie. “Elas são uma fonte de variabilidade, muitíssimo utilizada no melhoramento genético para a obtenção de novos clones. Podem ainda ser uma alternativa para o plantio em regiões com maior déficit hídrico e com menor potencial de investimento. Variedades seminais, desde que bem conduzidas, produzem tranquilamente de 60 a 70 sacas por hectare, o que é muito bom”, explicou Aldo.
Na visão de Aldo, a conciliação do plantio clonal de café, ou seja, por estacas, e do plantio por sementes é interessante para o agricultor. “O produtor deve analisar e identificar qual a maneira de se fazer a melhor combinação entre as duas formas de propagação, de modo a aproveitar as vantagens de cada uma. Nesta análise, ele deverá levar em conta as condições de clima e solo onde está inserida sua lavoura, a disponibilidade hídrica e de investimento, dentre outros aspectos”, falou Aldo.
A análise para a escolha do plantio do café por sementes ou por clones é também feita pela equipe do Incaper em Boa Esperança, que atende produtores com lavouras plantadas por sementes, com e sem irrigação, e plantadas por estacas. “Em Boa Esperança, o Incaper incentiva lavouras clonais, pois são clones melhorados e bem mais produtivos, principalmente os pesquisados e recomendados pelo Incaper. Porém, existem propriedades que não possuem água ou possuem com limitação. Também há proprietários que trabalham com agroecologia e necessitam de plantas mais tolerantes a pragas e doenças, bem como aqueles que possuem tecnologia baixa ou moderada. Para esses produtores, recomendamos o café de sementes, por se tratar também de plantas mais tolerantes ao déficit hídrico”, explicou o técnico em desenvolvimento rural, Ivanildo Schimidt.
Para o produtor Gilson Frederico de Almeida, o fato de o acesso à água em sua propriedade ser praticamente inexistente, torna a lavoura de café conilon por sementes uma boa alternativa. “Não gasto com irrigação e o custo com energia é menor. Além disso, quase não uso agrotóxicos porque a lavoura é bem tolerante a pragas e doenças”, falou Gilson.
A boa produtividade da lavoura de Gilson, no entanto, não se deve apenas ao fato de a lavoura ser plantio de café por sementes. O manejo correto da lavoura é crucial para o êxito do produtor. “Utilizo muita matéria orgânica para adubar a lavoura, como raspas de mandioca; cascas de frutas, que obtenho de uma agroindústria de polpa de frutas da região; cinzas e carvão. Uso pouco adubo químico”, falou Gilson.
Novos estudos em busca de clones resistentes à seca
Na lavoura do senhor Gilson, o Incaper iniciou um estudo para identificação de plantas com potencial genético que poderá ser usado no melhoramento de plantas. “Foram selecionadas 25 plantas da lavoura e, durante quatro anos, vamos acompanhar sua produtividade. Depois desse período, esperamos que algumas plantas possam ser levadas para as fazendas do Incaper a fim de serem melhor pesquisadas. Selecionamos plantas produtivas, com grãos grandes, principalmente com entrenós curtos e ramos produtivos”, explicou o chefe do escritório local de Boa Esperança, Lozenil Rodrigues.
Você sabia?
No plantio clonal, por estacas, planta-se um número reduzido de genótipos (clone) por área. Uma variedade clonal é formada pelo agrupamento de um pequeno número de clones. Já no plantio de mudas seminais, por sementes, mantém-se um grande número de genótipos distintos, pois cada planta será um genótipo diferente.
Pelo primeiro, as vantagens são padronização do manejo das plantas no campo; precocidade de produção e maior produtividade. Pelo segundo, as vantagens são a redução nos custos de implantação da lavoura; rusticidade e tolerância à seca; variabilidade genética; estabilidade de produção de grãos; possibilidade do surgimento de novos clones; e facilidade de polinização e fertilização das flores.
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Texto: Luciana Silvestre
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