04/03/2013 às 00h00
As recentes quedas dos preços do café arábica na bolsa de Nova York e a "firmeza" do robusta em Londres reduziu o diferencial entre as cotações dos dois produtos ao menor patamar em quase quatro anos, segundo a Organização Internacional do Café (OIC). O spread foi de US$ 0,5049 por libra-peso em fevereiro, queda de 22,8% em relação janeiro e o menor desde abril de 2009. Em fevereiro de 2012, o diferencial nas duas bolsas ficou em US$ 1,2339, de acordo com relatório mensal da entidade.
Carlos Costa, diretor da empresa de gestão de risco de commodities Pharos, lembra que a redução do diferencial entre o arábica (de melhor qualidade) e o robusta foi provocado pelas elevadas cotações do arábica em 2011. Naquele ano, uma saca da espécie chegou a ficar entre US$ 198 a US$ 200 mais cara que a de robusta, o que abriu espaço para o produto mais barato nos blends de café torrado e moído e alterou a matriz de consumo mundial.
Costa afirma que a demanda por robusta tende a continuar aquecida. Mesmo que o torrefador passe novamente a usar mais arábica com o recuo dos preços do produto, a mudança leva algum tempo para se consolidar. "Quanto mais estreito o diferencial, menor espaço para o arábica continuar caindo", observa ele.
O movimento de preços no mercado, segundo a OIC, é atualmente dominado pela performance do café robusta. Com os preços ainda em elevação, ainda que modesta, continua a haver um forte incentivo para seus produtores ampliarem as exportações, e o mercado parece capaz de absorver o volume extra.
A entidade também afirma que, no caso do arábica, a safra brasileira 2012/13, de 50,8 milhões de sacas, e a próxima (2013/14), que começa a ser colhida em maio, estão pesando sobre o mercado. Além disso, a menor exportação do país em 2012 sugere um acúmulo de estoques, embora alguns analistas e representantes do segmento enfatizem com frequência que não existe café sobrando no mercado.
O recuo dos três grupos de café arábica que compõem o índice composto de preços da OIC foi o grande responsável pela queda de 2,9% do indicador em fevereiro ante janeiro, para US$ 1,3151 por libra-peso. O grupo dos robustas alcançou US$ 1,0403 por libra-peso no mês passado, o maior patamar mensal desde outubro de 2012.
A boa demanda pelo robusta também se reflete no desempenho das exportações mundiais. Nos primeiros quatro meses do ano-safra internacional 2012/13, os embarques totais de café chegaram a 37,9 milhões de sacas, um aumento de 15,8% na comparação com o período anterior. O resultado foi creditado pela OIC ao avanço de 40,4% dos embarques de robusta no período.
Nos doze meses encerrados em janeiro deste ano, as exportações de café robusta aumentaram 27,3% em relação ao ano-móvel até janeiro de 2012, para cerca de 48 milhões de sacas.
O crescimento dos embarques e o maior preço do robusta também contribuíram para mudar a composição da receita exportada, com crescente participação da espécie. Em 2012, o valor dos embarques de robusta aumentou 19,9% ante 2011, para US$ 6,1 bilhões. Na comparação, a receita total das exportações mundiais caiu 9,6%, para US$ 22,5 bilhões, apesar do maior volume exportado.
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