quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Tradição de Santa Luzia é mantida por famílias em Anchieta

                                 O costume veio com os italianos no século XIX e ainda é mantido por muitas famílias do município.
                          Por ser um município com diversas famílias descendentes de italianos, é comum observar em Anchieta, principalmente no interior, costumes e tradições herdadas de seus ancestrais. E um desses, ainda presente em muitas casas, é comemorar o dia de Santa Luzia com doces para as crianças.
                         Na véspera do dia da Santa (13/12), os pequenos costumam colocar pratinhos enfeitados com capim, milho e flores, próximo à árvore de Natal ou na mesa principal da casa, para o ‘cavalinho’ da Santa, segundo a tradição. Em troca, as crianças ganham doces.
                       Há uma crença que a Santa percorre a cavalo todas as residências onde existem crianças e distribui doces para elas, principalmente as que tiveram bom comportamento durante o ano e acreditarem na lenda. O capim, segundo a tradição, é alimento para o cavalo, que merece um ‘lanchinho’ devido ao cansaço em percorrer as residências do mundo inteiro. 

                 Tradição mantida por gerações
              Na família da produtora rural Josana Dona, que mora em Subaia, no interior de Anchieta, a tradição é mantida por cinco gerações. Ela conta que aprendeu o costume com sua bisavó. “Eu adorava o dia de Santa Luzia e a expectativa era grande para ganhar doces e ouvir as histórias que meus avós contavam sobre a santa”, lembra.
               E ela fez questão de passar a tradição para o filho. “Ficava muito feliz pela manhã quando via o prato com docinhos e quis passar essa cultura para meu filho, Gabriel”, disse. E o Gabriel, de sete anos, segundo Dona, fica ansioso com a proximidade da data. “Ele fica todos os dias, antes de chegar a data, com o calendário na mão para saber qual o dia certo para colocar o pratinho com capim”.
               Assim também, há quatro gerações, é na família da advogada Jakeline Petri Salarini, que mora na sede de Anchieta. Ela, que aprendeu com os pais quando era criança,  costumava colocar pratinhos enfeitados com capim e flores. “Aprendemos com minha mãe e ela com meus avós. A alegria era muito quando acordávamos e os pratos estavam cheios de doce. Íamos dormir com ansiedade para ver o que ganharíamos no outro dia”, conta.
              E o costume passou para sua filha, Antônia, de três anos. “Mantive o costume para milha filha e espero que essa cultura não morra. Na casa da minha mãe, ela coloca até hoje doce para mim e para meu irmão”, entrega. E a mãe da advogada, a aposentada Bernadete Petri Salarini, relembra quando seus filhos eram crianças. “Os meus filhos iam dormir cedo ansiosos para chegar o dia tão esperado”, lembra.
                De acordo com o escritor e jornalista Hésio Pessali, o costume integra um cenário maior da tradição italiana, em que as celebrações, chamadas de festas do calendário católico, têm uma presença significativa. “As celebrações, como a de Santa Luzia, tinham um aspecto não só religioso, mas também festivo, social e afetivo, de encontro de pessoas e famílias. Na manhã em que ganhavam os doces, as crianças se visitavam, ficavam mostrando o que haviam ganho e, conforme as preferências, trocavam doces umas com as outras”, relata. 

              Fé na santa dos olhos
                       Além de trazer doces para as crianças, a santa tem fama de ser protetora dos olhos. É costume, quando alguém está com problemas de visão, fazer pedido de melhoras a ela.

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