Na tarde ensolarada e fria de inverno, do sábado, dia 27 de julho, foi inaugurado o restauro e revitalização do centenário Casarão da Fazenda do Centro. A cerimônia aconteceu no gramado em frente à casa, construída com mão de obra escrava em 1845, e que foi um grande marco para o desenvolvimento econômico da região de Castelo e que agora abriga um centro cultural, com espaço para eventos, biblioteca e memoriais da etnia castelense.
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O evento contou com a presença do Governador Renato Casagrande, do Prefeito Jair Ferraço, do Vice, Eutemar Venturim, dos Secretários de Estado de Cultura, Maurício Silva, o de Turismo, Alexandre Passos e o de Agricultura, Enio Bergoli, o Deputado Federal Camilo Cola, o Deputado Estadual Glauber Coelho, além de autoridades de municípios vizinhos e vários Secretários Municipais e Vereadores de Castelo.
Um cortejo formado pelos dois grupos de dança da Società Italiana di Castello, grupo do Movimento Negro Castelense, de Folia de Reis e da Banda Lira Castelense recepcionou a todos. Frei Enéas Berili, que já morou no Casarão, foi o responsável pela bênção durante a cerimônia. O Presidente do Instituto Frei Manuel Simón, Genésio Francisqueto deu as boas vindas a todos e falou da alegria do momento, em seguida convidou a colega Maria José Vettorazzi para falar em nome do Instituto.
“Hoje é um dia de ação de graças para todos nós membros do Instituto. Uma ideia lançada há nove anos em audiência pública, que contou com apoio de muita gente, e que agora vira realidade. Obrigado Governador Renato Casagrande”, agradeceu Maria José referindo-se inclusive à parceria feita pelo Governo do Estado através do Instituto Sincades, que dará apoio financeiro para manutenção do Casarão.
O Prefeito Jair Ferraço também agradeceu o Governo do Estado: “Este é um importante atrativo turístico e cultural de Castelo e do Espírito Santo. Este restauro simboliza o compromisso do Governo com a preservação da nossa história. Obrigado Governador, mas aproveito o momento para pedir também que veja a possibilidade do asfaltamento do trecho da Rodovia Pedro Cola até aqui na Fazenda do Centro”, solicitou o Prefeito ao som de aplausos de todos os presentes.
O Governador Renato Casagrande disse que vai analisar a possibilidade da pavimentação e complementou: “O Instituto Frei Manuel Simón agora tem uma importante missão, porque não basta somente preservar o patrimônio físico, mas também resgatar a história para contá-la a todos. Neste primeiro momento o Instituto Sincades vai colaborar para a funcionalidade do Casarão, até que o Instituto possa desenvolver o trabalho independente”, falou Casagrande.
A cerimônia durou quase duas horas e contou com o descerramento de fita e da placa de inauguração, seguida da visita à parte interna do Casarão da Fazenda do Centro, que já abriga algumas exposições de fotos, objetos e mobiliários antigos que contam parte da história da fazenda que pertence à Ordem Agostiniana Recoleta e que por um período acolheu inclusive um seminário de padres.
O Casarão da Fazenda do Centro é um Patrimônio Estadual, gerenciado pelo Instituto Frei Manuel Simón em comodato com a Ordem dos Agostinianos Recoletos. A Câmara Municipal de Castelo e a Prefeitura de Castelo repassam mensalmente uma verba para manutenção do Patrimônio.
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Saiba Mais Sobre a História do Casarão:
Tombado pelo Conselho Estadual de Cultura em 1984, o Casarão da Fazenda do Centro recebeu um projeto de ocupação e de revitalização amplamente discutido com a sociedade observando as tradições e os valores culturais do município de Castelo e região. O funcionamento do Casarão vai priorizar a realização de atividades educativas, culturais, turísticas e religiosas e vai funcionar como centro de cultura, biblioteca, sala de exposições e da memória agostiniana. A fazenda fica a oito quilômetros do Centro de Castelo e a dois quilômetros da ES-166, que faz a interligação da BR-262, entre Cachoeiro de Itapemirim e Venda Nova do Imigrante.
A restauração foi feita em duas etapas. Na primeira, os trabalhos foram realizados na capela da fazenda, já entregue à população. Na segunda etapa foi realizada a restauração da sede. Seu conjunto arquitetônico engloba uma área de 1.800 m², com destaque para a construção de pedra, madeira e barro, que revela a arquitetura típica da época e da região.
O restauro da Fazenda do Centro é um compromisso do governo Renato Casagrande com a recuperação do patrimônio histórico e arquitetônico do Espírito Santo e com a criação de equipamentos culturais que sirvam como espaço para visitação, encontros acadêmicos ou científicos e abrigo e hospedagem para pequenos grupos que desenvolvem trabalhos na área.
A restauração garante a preservação do patrimônio e permite aos cidadãos ter acesso a um bem cultural e a um equipamento turístico, com ganhos simultâneos para a cultura, o patrimônio e o turismo, bem como a comunidade, ao preservar sua memória e sua história.
Marco histórico da colonização de Castelo pelos desbravadores portugueses, dos escravizados negros e dos imigrantes italianos, o grandioso casarão reflete a imponência dos áureos tempos do café. Fundada em 1845, teve como primeiro proprietário Antônio Vieira Machado da Cunha. O nome “Centro” foi por causa da posição geográfica, que fazia dela um ponto de encontro obrigatório dos demais fazendeiros da região para as festas religiosas e comemorações.
Com a extinção do trabalho escravo, no ano de 1888, a fazenda entrou em declínio e ficou praticamente abandonada, sendo pouco tempo depois adquirida pela Ordem Religiosa Agostiniana. Na história da Fazenda do Centro destaca-se a figura do frade agostiniano Manuel Simón. Em julho de 1909 ele, em companhia de um grupo de imigrantes italianos, visitou a propriedade e encantou-se pela beleza e fertilidade da região. O negócio foi no dia 24 de dezembro do mesmo ano.
No ano seguinte, 1910, a fazenda foi dividida em lotes de 10 alqueires e a ocupação pelos imigrantes italianos começou. Estima-se que mais de 300 famílias chegaram à região. Foi com o trabalho do imigrante que fazenda tornou-se o mais importante centro econômico e social da região, produzindo café, cana de açúcar e milho.
Com o passar dos anos ocorreram novos loteamentos e doações de terras, mas invasões também aconteceram, reduzindo consideravelmente a extensão da propriedade. No período de 1952 à 1989, exceto entre os anos de 1973 a 1983, o Casarão funcionou como Seminário para a formação de jovens religiosos.
O Casarão da Fazenda do Centro fica aberto à visitas monitoradas de Terça a Domingo, das dez da manhã ao meio-dia, e de 14 às 17 horas. Fora destes horários a visita pode ser agendada pelo telefone do Instituto Frei Manuel Símon: (28) 3542-0394.
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