Minha mãe tinha costume de fazer costelinha de porco conservada na banha. Acho que ela misturava óleo à banha, porque a costelinha ficava à vista e solta.
Certo dia, chegando da escola, puxei o vasilhame de ágata no armário da sala, segurei-o ao joelho e finquei o garfo em uma costelinha. Nesse instante vira o vasilhame derramando tudo ao chão. Tragédia! Faltavam poucos minutos para o almoço e a lambança era grande. Mãos a obra. Limpei o óleo, passei palha de aço no piso da sala toda, em seguida, cera e enceradeira. Minha mãe chega para o almoço e se surpreende com a minha disposição. E eu consegui esconder minha desastrada investida na costelinha e ainda passei por trabalhadeira.
Hoje meu filho chegou contando que comprou três quilos de costelinhas de porco e banha para conservá-la. Daí lembrei desse relato. Em nossa casa também tínhamos o costume de preservar carne de porco na banha que Gildo trazia da Fazenda em tambor de leite. Mas a banha coalhada e não líquida como fazia minha mãe. Então com a banha coalhada a gente não sabia o que estava "pescando". E ele trazia um porco em pedaços e não somente costelinhas. Tempo bom aquele! Não sei qual era melhor, se as costelinhas de porco ou se a família reunida disputando as costelinhas. Uma linda recordação!
Hoje nem sempre as famílias se reúnem. Todos já deixaram suas casas e foram constituir suas próprias famílias. Que possamos viver alguns momentos juntos, por telefone, pelas redes sociais e sempre que possível, visitarmos uns aos outros. As reuniões em família estão cada vez mais difíceis de acontecer. Estive internada , todos sabem. Quem estava fora, lamentava não poder me visitar e quem estava perto não foi me ver. Acontece, muitas vezes, as famílias só se reunirem em torno de um caixão ou se não, em torno de um inventário.
Abraços Fraternos,
Helena
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