30 de janeiro de 2015 às 22:00 por Josélia Pegorim
A falta de chuva gerada por um forte bloqueio atmosférico no verão 2013/2014 deixou o Brasil numa das mais graves crises hídricas já observadas no país. Os Estados da Região Sudeste estão entre os mais afetados pela falta de chuva que deixou rios e reservatórios para abastecimento de água e de energia com níveis baixíssimos ou até mesmo secos.
Uma das causas do bloqueio atmosférico é um posicionamento e intensidade anômalos do sistema de pressão conhecido como ASAS – Alta (pressão) Subtropical do Atlântico Sul. O ano de 2015 também começou com uma situação bloqueio atmosférico , menos intenso, mas que novamente afetou especialmente sobre a Região Sudeste e é o principal culpado pela gravíssima situação de seca na qual se encontra o Estado do Espírito Santo.
A crise hídrica é grave em todo o Sudeste, mas a pior situação é a do Espírito Santo. Muitas áreas do Estado estão há mais de 40 dias sem chuva. Na capital, Vitória, pelas medições do Instituto Nacional de Meteorologia não chove há 45 dias. Se não chover nada neste sábado, 31 de janeiro, o mês de janeiro de 2015 será o janeiro e o mês mais seco em Vitória desde 1961. Por enquanto, o título de mês mais seco desde 1961 é de fevereiro de 1966 quando choveu apenas 0,2 mm. O janeiro mais seco foi o de 1995 quando choveu 8,5 mm em 31 dias.
A ultima chuva em Vitória ocorreu entre os dias 14 e 16 de dezembro de 2014
Entenda porque o Espírito Santo está há mais de um mês sem chuva.
A O bloqueio atmosférico que predominou sobre o Brasil até o dia 20 de janeiro .
A ASAS – alta pressão subtropical do Atlântico Sul – ficou forte sobre a Região Sudeste até 20 de janeiro de 2015. O centro da ASAS ficou próximo do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Quanto mais próximos do centro do sistema de alta pressão, mais seco fica o ar, menor é a velocidade do vento e as nuvens não conseguem se formar. Sem a chuva e a nebulosidade, o sol fica forte por muitas horas e o calor é intenso.
A circulação dos ventos gerada pela ASAS em níveis médios/altos da atmosfera impede o deslocamento normal das frentes frias e afasta o ar polar. Até 20 de janeiro, as frentes frias eram desviadas para alto-mar na altura do litoral do Rio Grande do Sul ou de Santa Catarina e não conseguiam chegar ao Sudeste.
No dia 21 de janeiro de 2015 o bloqueio da ASAS foi bastante enfraquecido por uma frente fria que trouxe uma massa polar forte o suficiente para afastar a ASAS para alto-mar. A massa polar também um sistema de alta pressão, como a ASAS.
Mas esta massa polar teve força para chegar só até o centro-sul do Estado do Rio de Janeiro. Assim, o Espírito Santo, o norte do Rio de Janeiro e a região norte de Minas Gerais ainda continuaram sentindo o efeito da ASAS, embora com menor intensidade. Para voltar a chover, é preciso que outra massa polar chegue mais forte ao Sudeste para avançar sobre o Espírito Santo. Isto poderá acontecer ainda na primeira semana de fevereiro.
A nova frente fria que chegou ao Sudeste no dia 30 de janeiro teve força para formar nuvens carregadas até no sul do Espírito Santo. Mas a chance destas nuvens se espalharem por todo o estado é baixa.
A meteorologista Josélia Pegorim analisa como deverá ser a distribuição de chuva na Região Sudeste nos próximos 10 dias. Há esperança de chuva para o Espírito Santo, mas vai demorar mais alguns dias.
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